Pedro Zamith constrói universos aparentemente irreais, universos oníricos, universos que habitam as nossas mentes, afinal. Olhar para uma tela sua pode fazer-nos rir à gargalhada, franzir o sobrolho ou simplesmente sorrir. O artista move-se na cidade, inspira-se na cidade e é muito desse mundo urbano e caótico que passa para o seu trabalho, materializando-o em muita cor garrida, critica social, humor – muito humor, exagero também. Pedro Zamith tem este dom: Pega em situações comuns, como uma ida ao dentista ou uma sesta no sofá, e oferece-nos um cenário hilariante, grotesco, colorido e disforme, como muitas desejamos que seja o nosso dia-a-dia cinzentão e monótono. Permite-nos não filtrar o pensamento, como se viesse tudo em estado bruto e puro. No Appleton Square habitam doze novos trabalhos do artista à espera de te contagiar de muita criatividade e acima de tudo de muita energia surreal. Daniela Catulo
Ninguém me convence que a Carpe Diem não se chama, mas é, “O Velho Casarão” e que foi o cenário de mil livros de aventuras. Aquelas escadarias, o chão a ranger, os frescos, os tectos pintados, os quartos escondidos, as tábuas à mostra, o jardim abandonado, a fonte sem água, e a arte contemporânea lá pelo meio a fazer contraste. Hoje os aventureiros são Fernando Sánchez Castillo, José Spaniol, Mariana Viegas, Rui Horta Pereira, Joana da Conceição, João Serra, Liene Bosquê e Miguel Pacheco. Vão fazer uma sessão artística e invocar os espíritos criativos e nós estamos convidados a presenciar o fenómeno. Levem saco de cama e lanternas, nunca se sabe se não ficamos lá fechados e temos que passar uma noite inesquecível.Mami
Muito gosta o português de acumular a tralha, o bibelot e o bric-a-brac. Começa logo no berço, quando a madrinhazinha decide presentear o petiz com o primeiro dos 300 cãezinhos de loiça a colocar numa vitrine que só será oferecida na idade maior. E continua com o enxoval que a avó tão amorosamente enche de rendas, a colecção de cachimbos do avó, os calendários porno do tio estroina, os naperons-agasalha-televisões, as próprias televisões que ainda se lembram de só ver a preto e branco, e os vasos, as roupas, os sapatos, os óculos…. Aí, se ao menos as coisas desaparecessem sempre que desaparecem as pessoas (como os faraós que levavam a tralha toda com eles para o além) mas não, por isso há que fazer a tralha circular, à la Lavoisier. Traz a tua e troca por outra, porque afinal, só a tralha fica connosco até ao fim!Mami