A trupe da Yellow Pants debulha exposições em catadupa: agora chega com SickBoy em Burning Desire. E tão destinados estão os artistas deste colectivo a produzir obra como também se esmeram a mostrar-te a de outros que vão seleccionando cautelosamente qual melómano entre milhentas caixa de vinyl. A dedo. Com calma e cuidado. Criteriosamente. E bem. SickBoy vem da escola da Street Art de Bristol (quem não conhece que se encaminhe e aproveite para dar salto até Stonehenge - Bristol junta da mais irreverente Street Art do momento com uma das cenas mais interessantes de música actual. E nem paro para comentar sobre o colosso que vem desta cidade, que começa em B e termina em Y.) Adiante - pois SickBoy merece, já que vem propositadamente de Londres para se espraiar por Lx. Pede-se a tua visita e o teu interesse, já! / Rafik
A Corte do Norte: designação fantasiosa para um aglomerado de casas de veraneio do século XIX na costa norte da Ilha da Madeira. Designação snob, que nunca foi consagrada pela toponímia oficial mas que mereceu a imortalidade que só a arte confere a determinados locais – reais ou imaginários. Primeiro, no romance de Agustina, depois, no filme de João Botelho e, agora, na exposição da Plataforma Revólver. No centro da intriga, uma mulher (fatal, claro!). Como pano de fundo, a paisagem insular, tão calorosa quanto opressiva, limitada e sufocante, um cenário ideal para o drama, para a arte. Sobre este fundo de recorte clássico, doze artistas visuais apresentam obras que não se querem presas ao conceito ou limitadas pelo programa que o título sugere. Uma corte heterogénea numa mostra que pretende, como a boa literatura ou o bom cinema, inquietar, surpreender ou tão-só fazer sonhar. / Lino Palmeiro
Doislisboetasquejánavegaramvários mares (parceria de unsdezanos) revelam um misteriosoHorácio com rabo-de-peixeencolhidoperante a ondagigante. Écomoquemdiz: a duplaJoão Maria Gusmão e Pedro Paivaapresentaumabelapartedaobraatéà data: fotografias, filmes, slides, esculturas e outrasconstruções. Ondedesaguava a criatividaderecuam agora as águas, revela-se o misteriosofundooceânico... eis a vertigem. Copo de vinhosuspenso, paramos um pouco. Ordenha-se o cérebro e enchem-seprofundezas. Ali nada um Santo Anselmo em perseguição de umacalabaçaqueflutuanalentidão do sonhocósmico. E a sereianascidadestaparcerianacional de talentochamapornós e cantafilosofia, religião, metafísica, existencialismo, entreoutrasinstalações. Para tudoterminar em rabo de peixe, a visitaéimperdível. / Pedro Rodrigues
A tarefa é a de recordar Sophia - o que me parece uma tarefa por demais saborosa tendo em conta que ela é das nossas mais interessantes e poderosas poetisas. Perdão - Poeta! A sua palavra inaugurou uma obra que é hoje nada mais do que um monumento. Enquanto que o outro salvou das águas o tesouro Luso e a seu lado Dinamene golfava água - é Sophia (dito mesmo assim, que basta, tal como a todos os grandes) que se entrega o título de tesouro Lusa. Para mais uma tertúlia Ler no Chiado recordamos Sophia pela mão e pela oração de Carlos Mendes de Sousa e Nuno Júdice, com moderação de Anabela Mota Ribeiro. Falar de livros no meio de livros, falar da Poeta no meio das suas frases? É ascender a um éden e ficar dependurado em magnífico deleite de palavras e de lírica: é como quando somos crianças e a hora do conto nos embala. / Rafa