Yosenabe é o nome (gastronomicamente inspirado) de um grupo de Japoneses que propõe uma celebração da cultura tradicional e contemporânea nipónica. Um mestre de sushi, um pintor, uma artista performática, um artesão do vidro e uma intérprete/tradutora convidam-nos a entrar no Ateneu para o Ennichi, um dia em que se celebra uma relação especial (geralmente uma divindade) caracterizado pela visita a um templo. É costume haver diversos balcões de comida, de jogos e variadíssimas artes, música e outras artes cénicas (danças, teatros de sombras, etc.) neste dia. Os visitantes podem vir de quimono (ou qualquer ‘cosplay’) caso queiram trazer mais animação à festa. Desta forma convidam-nos a celebrar as relações luso-nipónicas no palco de Lisboa. Uma vénia? Mochiron! / Pedro Rodrigues
Um Carnaval diferente: entrudo familiar e popular à moda dos anos 50. Finjam que estão no Rio de Janeiro (o sol ajudará, espera-se), corram atrás do “bonde 28” e subam p’ra Sé de Lisboa. Alegres foliões, de preferência mascarados e/ou vestidos a rigor, haverão de dançar, cantar e rir no festival sabático na “maloca” improvisada do 17 das Pedras Negras. Esperam-se desde cedo os Arlequins, Pierrots e Colombinas, Zorros, índios e cowboys, ou simplesmente aquele vestidinho bonito que a avó usava! A música está a cargo do Coletivo 57 e staff da Velha Gaiteira com marchinhas, sambinhas, frevos e afins da época. Acrescem os comes e bebes para garantir a festarola dedicada a todos os malandros e donzelas que aparecerem para sambalançar com as suas máscaras e serpentinas... e cuidado com o lança-perfume! / Manuel Ribeiro
Aquelas ancas com gente dentro, rabos que contrariam as leis da física, um África-minha em acordes quentes. Coladeiras, kizombas, funanás. E aquele eu-sei-lá-quê que mistura terra, sensualidade e ritmo e que atrai até a bifa-mirone mais empedernida. O B.Leza, que nos tinha orfãos, voltou. Deixou em tempos o lar, é certo, mas foi só comprar tabaco. E nós – que não confessamos mas sabemos que nisto de amores mais vale um bom recibo verde que um mau contrato – esperamo-lo de volta, sabe-se lá por quanto tempo, em que regime ou condição. Hoje recebemos o B.leza – itinerante e escorregadio, o safado – e todo ele é ritmo e amor, por uma noite que seja. Aquelas ancas com gente dentro, rabos que contrariam as leis da física, um África-minha em acordes quentes. Não é poligamia, é amor múltiplo e itinerante. / Inês Alvim
Não sei quando é que percebi que aquilo não ia a lado nenhum. Provavelmente nunca. Que é como quem diz, sempre o soube, nunca tive que percebê-lo. E daí não sei, que ‘sempre’ e ‘nunca’ é muito tempo. Bom, não sei quando é que percebi que aquilo não ia a lado nenhum. Mas distingo perfeitamente o momento em que chamou ‘fábrica de despojos’ ao Braço de Prata. Foi o meu ponto de não retorno. Ouvi sinos – coisa que resulta muito melhor em inglês ainda que o som seja o mesmo – fiz um trocadilho infantilóide com as palavras ‘despojo’ e ‘braço’ referindo-me a realidades bem mais escatológicas e fui à minha vidinha. Nessa noite, que era de Verão mas à distância me parece Novembro, a minha vidinha passou outra vez pelo Braço de Prata. Dá-se-lhes um dedo e – já se sabe – querem logo o Braço todo. / Inês Alvim
O “Panteras negras” foi um movimento, que se transformou em partido político, no segregado EUA, da década de 1960. Desde então muitas transformações ocorreram: os EUA elegeram o presidente “Yes, we can” e, também, transformaram os materiais dos Panteras em arte revolucionária. A Galeria ZDB com Serralves e o Espaço Nimas, armou a exposição “All Power to the People”, e para além disso, junta-lhe o ciclo de cinema que pretende abordar e discutir a importância dos Panteras Negras para as sociedades pós 60. Os principais nomes do partido estarão em Lisboa a discutir e a apresentar o filme que abre esta mostra. Uma sessão bastante especial, que entrará para a história da Galeria e quem sabe pode gerar um espírito revolucionário no seu público. A ver. / Marcelo Valadares