Hoje tomo um copo com Alberto Caeiro. Em tempos saí com Pessoa, mas a coisa não resultou. Homem de humores lunares, a arriscar a multipolaridade, nunca sabia o que queria, como, quando ou com que voz. Intrigava-me a facilidade com que se reinventava, da noite para o dia mudava de carácter, mas tanta adrenalina não me fazia bem. Gostava do chapéu, do bigode, da pinta aérea e anacrónica. Mas era disperso demais para meu gosto. Foi o próprio que me disse que devia dar uma hipótese ao Alberto. Descreveu-mo, com suspeito orgulho, como ‘um poeta da natureza’. Eu temi o pior mas alinhei. Hoje tomo um copo com Alberto Caeiro no Frágil. Levo a voz de Rui Morrison e a música de Rodrigo Leão como paus-de-cabeleira. Lembra-te, Inês, de ligar ao Fernando no fim da noite a saber que obsessão é aquela com ovelhas. / Inês Alvim
Federico Fellini, no filme 8 ½ , colou uma nota para si mesmo na câmara de filmar, que dizia “Lembra-te, isto é uma comédia!”. A Festa do Cinema Italiano começa hoje, com a Festa de Abertura do Festival (no café Portas do Sol, a partir das 21h). E prolonga-se até 21 de Abril, em Lisboa. Este ano temos: 25 filmes, que incluem “tanto as últimas obras dos mais consagrados realizadores, como as mais interessantes descobertas entre os autores da nova geração” (destaque para o filme “Passione”); espaço para “vários formatos como o documentário, a curta-metragem e o videoclip”; música, literatura e convívio; e Comédia! Nesta edição, dedica-se uma retrospectiva à comédia à italiana, aquele género deliciosamente satírico, vagabundo e ambulante, que faz parte elementar do ser italiano. E quem não desejou já viver nesse espírito pela eternidade adentro?! / Zara Soares
No Aljube, os presos eram lançados "numa enxovia estreitíssima, de um metro de largura por dois de comprimento, onde a luz e o ar entravam por um postigo de 15 x 20 cm., filtrados através de duas férreas portas, postigo, aliás permanentemente fechado". Um país num curro. Uma exposição/projecto de museu que pretende constituir uma afirmação de cidadania na preservação da nossa memória histórica. O Aljube, onde foram encontrados vestígios que remontam à ocupação romana, terá sido prisão desde a época islâmica e, ao longo dos tempos, prisão eclesiástica, palácio de arcebispos, prisão de mulheres e prisão política da ditadura. Mas são as celas do isolamento salazarista que marcam. No tempo dos nosso avós?! Dos nossos pais?! Na nossa contemporaneidade... Uma pergunta suspensiva: que país é este? / Pedro Ventura
Palmela acolhe mais uma edição da tradicional “Queima do Judas” no dia 23 de Abril, sábado de Aleluia. O desfile das associações locais, acompanhadas pela população, tem início às 21h30, no Largo dos Loureiros e percorrerá o Centro Histórico da Vila, até ao Largo de S. João.
À luz dos archotes, com o rufar dos tambores a marcar o ritmo, o movimento associativo do concelho irá ditar o destino dos Judas - bonecos de palha com recheio pirotécnico - em cada uma das onze estações. Cada Judas ouve a leitura do seu testamento, texto teatral que dá voz à crítica e à sátira social, culminando na Queima, gesto simbólico da expiação de pecados e início de uma nova etapa. No final do percurso, será a vez da Câmara Municipal apresentar o seu testamento.
Recuperado em 1995 pela autarquia, este ritual de origens pagãs, ligado à celebração do equinócio da Primavera, proporciona momentos de convívio e animação no núcleo mais antigo da vila.
Percurso
Largo dos Loureiros
Praça Duque de Palmela
Largo D. Afonso Henriques
Largo D. João
Rua Heliodoro Salgado (junto à Esplanada do Castelo)
Cruzamento da Rua 31 de Janeiro com a Rua Hermenegildo Capelo
Cruzamento da Rua do Passadiço com a Rua Hermenegildo Capelo
Concerto Aberto Antena 2. Obras de Ginastera, Britten e Rozsa.
O jovem guitarrista croata Dejan Ivanovich é considerado um dos melhores da sua geração, como provam os vários e reputados prémios que tem conquistado.