Fado
8 de Maio de 2011
18h30
Velha Gaiteira
Rua da Pedras Negras 17
Lisboa
Saiu apressada de casa, canasta na cabeça, calcorreando as ruas da cidade, apregoando bordões inesquecíveis. Os anos por ela passaram num ápice, e de nova, amadureceu e depressa se fez velha. Como nunca tinha sido a menina bonita dos olhos de alguém, não soube com a velhice trazer o estado cúmplice da idade e o seu saber estar. Virou retro, cantava o fado e trazia consigo as lantejoulas de uma vida feita a só. Pailletés multicoloridos e meias de renda abaixo do joelho, enroladas para não cortar a circulação. Chapéu coquete à la mode garçonier. Movia-se apressada, nisso seguiu, canastra na cabeça e rima fácil da canção saudosa dos fados de outro tempo. Já não era jovem, era velha, a velha gaiteira. / Von Rau Pipiska