Lisboa é feita de símbolos, e da ignorância de me perguntar o porquê dos corvos como representação da capital, só me chega a ideia de os substituir por pombas, bastante mais abundantes nas praças, pelourinhos e rossios da cidade. A bandeira que na infância era desenhada como um catavento branco e negro perde o estatuto, ainda mais agora que, ao invés de corvos ou pombas (da minha proposta), se vê quase que esquecida e substituída por esse grande peixe, e base da minha alimentação de verão: a sardinha! Elas andam por aí, e em tom de política nacional, celebram a cidade das sete colinas, desenhadas pelo povo, criação deste berço nacional, em apoteose gritando à laia de quem sabe o que gosta: 'a sardinha é minha' que a da vizinha veio o gato e comeu! / Von Rau Pipiska
A palavra é na rua também / pontapeando calçadas e o ar também / só porque sim, só porque posso / declamo-me, poeta parco possuído da palavra / figura de estilo de carne e então / respiro. Possuo a língua mais afiada e comprida que debita a frase que mais longíqua chega em tempo de crise. Sou a tempos prolixo e, de contraste, consigo ser sintético. E analítico q.b. na cozinha e na poesia. Pitada de sal na fervura, ou salta-me a tampa toda em ponto de rebuçado, em ponto de bala palavra. A pena é trocada pelos lábios, a foice pelo cérebro, a arma pela rima (ou que não rime, então), o querer pelo fazer, o slam pelo televisionar. Volta o Poetry Slam Lisboa, aleluia que se agiganta. Ainda antes da palavra tomar o palco entre o verde, Jari Marjamaki sonoriza a noite (e aventura-se no slam também) e depois do Slam o habitual open-mic pede-te a palavra. Inscreve-te por aqui. Espreita por aqui. E vem por aqui. / Rafa