No Teatro da Politécnica de 30 de Novembro de 2011 a 14 de Janeiro 2012 4ª às 19h00 | 5ª e 6ª às 21h00 | sáb às 16h00 e às 21h00 Dinny A Irlanda é um buraco terrível e não vou ser eu a discutir isso… mas digo-te uma coisa… dá aos tontos a hipótese de mostrarem o que valem. Enda Walsh, A Farsa da Rua W São onze da manhã num bairro social no sul de Londres. Dentro de duas horas, três irlandeses terão consumido seis latas de Harp, quinze biscoitos com queijo, dez folhados cor-de-rosa e um frango no forno. Dentro de duas horas, cinco pessoas serão mortas. Não conheço outro autor como Enda Walsh que, sendo bem mais novo do que eu, tenha saudades dos mesmos Três Estarolas, da mesma Londres de imigrantes pobres, aquele sul de Londres desolado cheirando a cerveja e peixe frito, tenha saudades de um mundo devastado e pobre, goste daquela gente que será esquecida e sobrevive embriagando-se, gente. E eu, encantado sempre com este irlandês desesperado e arrogantemente cómico, com esta hipótese de teatro grotesco e fraterno, popular e tão, tão, tão subtil. Tenho esta certeza: vem da Irlanda, mais uma vez, uma voz única que, porque acredita na paródia, vai derrotar as pedantices de tanto teatro chapa 5 (pós-dramático?) que finge ser de agora. Precipito-me sempre para Enda Walsh, gosto dele e do seu teatro. E gosto daquilo que ele gosta, do trabalho e da invenção. Jorge Silva Melo Todas as minhas peças tendem a ser sobre personagens que estão presas em padrões de comportamento, ou de linguagem, e chega a um momento em que dizem: “Pronto. Não posso continuar a viver assim, preciso de viver de outra maneira.” Enda Walsh, Eu sou esta história, mais esta, mais esta, Conversa com Enda Walsh in Revista Artistas Unidos nº20 |