Os últimos meses do ano 2020 prometem ser culturalmente intensos na cidade de Guimarães. Intensamente diversos, intensamente dedicados, inspirados, estimulantes e acessíveis a todos os que os queiram viver e participar, em segurança. Bate-nos assim à porta uma nova e desafiante jornada, com A Oficina preparada para apresentar, entre setembro e dezembro, uma programação incontornavelmente diversa e inclusiva, onde cabem harmoniosamente teatro, dança, música, formação, exposições, conferências, instalações artísticas, bem como os festivais Westway LAB e Guimarães Jazz. Tudo, a partir deste mês que assinala os 15 anos do Centro Cultural Vila Flor, espaço cultural inaugurado a 17 de setembro de 2005, numa programação que estabelece um roteiro por vários outros espaços vimaranenses dedicados às artes e à cultura, como o Centro Internacional das Artes José de Guimarães e a Casa da Memória de Guimarães. E assim se vai sentir o desassossego e a vibração por força das artes, com um regresso aos auditórios, com a segurança e proteção de todos os envolvidos como prioridade.
O mês de setembro assinala, desde há 15 anos, o aniversário de um dos pontos centrais da cultura em Guimarães e da atividade d’A Oficina em particular, que aqui promove a generalidade dos festivais – como GUIdance, Westway LAB, Festivais Gil Vicente, Manta, Guimarães Jazz – e a programação regular ao longo do ano – contemporânea, internacional e com um foco na nova criação. Com um caminho de 15 anos percorrido (e tendo já sido epicentro da Capital Europeia da Cultura, em 2012), muito há para construir no Centro Cultural Vila Flor, neste equipamento cultural vivo, de âmbito geográfico regional, nacional e internacional, que assume a missão de cocriar, programar e produzir atividades culturais diversas no domínio das artes do espetáculo, com ampla abertura a linhas estéticas muito plurais, numa natureza de ação designada de serviço público.
O dia 12 de setembro assinala especialmente o aniversário do Centro Cultural Vila Flor com a exposição Observatório Natural a inaugurar às 18h00 nos seus jardins que se transformam num observatório da biodiversidade urbana de Guimarães, nesta que é uma parceria que junta Câmara Municipal de Guimarães, Fundação de Serralves, A Oficina e Laboratório da Paisagem. As imagens em exposição, captadas pelo fotógrafo Jorge Sarmento, foram realizadas em diferentes locais da cidade, como a Penha, o Parque da Cidade e a Veiga de Creixomil, entre outros, mostrando diferentes espécies da fauna e da flora da região. No mesmo dia, a partir das 21h30, o palco do Grande Auditório testemunha um reencontro – 15 anos e centenas de espetáculos depois – com a voz que o inaugurou, a de Teresa Salgueiro (na altura voz dos Madredeus), que agora se apresenta num concerto especial acompanhada pela Orquestra de Guimarães. Esta coprodução d’A Oficina e da Câmara Municipal de Guimarães tem entrada gratuita, com a particularidade dos bilhetes poderem ser levantados (limite de dois bilhetes por pessoa) no dia do espetáculo, durante o horário de funcionamento da bilheteira do Palácio Vila Flor. Este mês de aniversário do CCVF é também marcado por instalações artísticas no exterior, concretamente na fachada em vidro do Pequeno Auditório e na praça coberta, intervencionadas pelo artista Nelson Duarte e pelo coletivo Berru.
No fim de semana seguinte, a 19 de setembro, as honras de destaque vão para Tiago Rodrigues – recentemente distinguido com o Prémio Pessoa 2019 – que traz ao CCVF a estreia absoluta da sua mais recente encenação, Catarina e a beleza de matar fascistas, marcando-se assim o regresso do teatro a este equipamento cultural com esta que é uma ampla coprodução em que A Oficina é cúmplice.
Outubro, mês invulgar para este acontecimento, confronta-nos com a 7ª edição do Westway LAB, a ter lugar nos dias 14, 15, 16 e 17, tendo sido transposta da primavera para o outono por força do contexto de saúde pública. O Westway LAB 2020, situado excecionalmente em outubro, apresenta assim uma nova configuração híbrida que conjuga a experiência presencial com acesso digital a importantes conteúdos. Assim, na impossibilidade de voltar a juntar, em Guimarães, artistas nacionais e estrangeiros para processos de criação sem barreiras, na abertura do festival será celebrado o legado das últimas 6 edições das residências artísticas com alguns dos seus intervenientes e colaboradores, que neste momento se juntarão no jardim do CCVF. Terá de seguida lugar um programa de concertos, adaptado às condições de segurança vigentes, a decorrer no Grande Auditório do CCVF com lugares marcados, que reunirá em Guimarães nomes e projetos artísticos como The Legendary Tigerman, Valter Lobo, Mão Morta Redux, Tó Trips, The Lemon Lovers, Miramar, Evols, Seiva e IAN, estes dois últimos em estreita colaboração com a plataforma Why Portugal.
As conferências PRO – que contarão com a participação de nomes como Roberta Medina e Rob Challice – acontecem nos dias 15, 16 e 17 e serão difundidas através de uma plataforma digital criada para o efeito pela AMAEI, Associação de Músicos Artistas e Editoras Independentes, de forma a mostrar mais uma vez Guimarães ao mundo. A demonstração do talento e a partilha do conhecimento seguem pois inevitavelmente neste novo contexto, onde o encontro se fará no espaço territorial e virtual, uma combinação de formas que veio para ficar. O Westway LAB terá bilhetes diários a 16 e 17 de outubro com um custo de 12,5 eur, estando também disponível um passe para os 2 dias com o valor de 20 eur. Os concertos do dia 15 serão de entrada gratuita.
O dia 24 de outubro (21h30) traz-nos Camané & Mário Laginha com o seu novo projeto Aqui Está-se Sossegado, sendo este um espetáculo que também viu transposta a sua apresentação, inicialmente prevista para o mês de março numa noite com uma plateia plena no Grande Auditório do CCVF. O mesmo espaço junta agora em palco estes dois pesos pesados do universo musical português para aí apresentarem o seu novo trabalho conjunto, pensado para dar mais brilho a uma voz e a um piano que se descobriram cúmplices desde a primeira vez que encheram um palco.
O sábado seguinte, 31 de outubro, à mesma hora, coloca de novo a dança em cima deste mesmo palco que lhe é tão familiar, com a peça Romeu e Julieta, a partir de Prokofiev – Romeo and Juliet – The Three Suites, que aqui será apresentada pela Útero. Não se tratando da primeira vez que Miguel Moreira se confronta com os universos de Prokofiev e Shakespeare, Romeu e Julieta impele-nos a entrar em contextos recorrentemente distantes, perspetivando a história da dança em confronto com o mundo contemporâneo, a sociedade, e todos os seus ícones e valores.
Percorrendo o tempo até novembro, o dia 7 assinala a vez de Afonso Cabral visitar o CCVF para pisar o palco do seu Café Concerto às 23h00. Mais conhecido pelo seu trabalho enquanto vocalista dos You Can’t Win, Charlie Brown, Afonso Cabral revelou, em 2019, o seu primeiro álbum em nome próprio, Morada, já elogiado pela crítica especializada e que agora se poderá fazer ouvir em Guimarães, depois de também sofrer um adiamento forçado pela pandemia.
As semanas seguintes, apresentam-se vigorosas à boleia daquele que é um dos mais reconhecidos acontecimentos musicais de Portugal. Trata-se do incontornável Guimarães Jazz, que se apronta para consumar a sua 29ª edição de 12 a 21 novembro, vivendo ao longo destes dias no CCVF, onde se apresenta com mais de 100 músicos portugueses em nove concertos, decorrendo um deles no CIAJG. Este é “um festival para tempos incertos”, nas palavras do seu programador, Ivo Martins. E as circunstâncias em que se realizará a 29ª edição do Guimarães Jazz serão especialmente exigentes tendo em conta o estado excecional de emergência determinado pela pandemia que atingiu o mundo no início de 2020 e que, desde então, tem provocado alterações radicais no modo de organização da sociedade. Perante um cenário de grande incerteza, o Guimarães Jazz encara o presente contexto como uma oportunidade para o festival descobrir novos pontos de vista sobre o jazz que possam ir de encontro às expetativas e desejos dos artistas e do público. Assim sendo, o programa é centrado sobretudo em projetos que envolvem músicos portugueses e alguns músicos estrangeiros a residir em Portugal (a única exceção será a Radiohead Jazz Symphony, um conjunto de seis músicos holandeses dirigidos por Reinout Douma e que atuará em conjunto com a Orquestra de Guimarães), um formato que permite um olhar mais alargado do que o habitual sobre o panorama musical nacional e que é, ao mesmo tempo, uma forma de catalisar novas colaborações e suscitar diferentes aproximações artísticas.
A impossibilidade de realizar os workshops e as jam sessions em condições que permitam cumprir as suas funções pedagógicas e conviviais (importantíssimas em eventos com esta natureza), obrigou a uma adaptação do festival mas, na ponderação do balanço entre as vantagens e as desvantagens deste formato temporário, prevaleceu a ideia de que a linha de força mais importante do Guimarães Jazz é a aceitação dos desafios do tempo, inventando soluções que lhe permitam alargar horizontes, e que essa será, no contexto altamente insólito em que atualmente vivemos, a melhor forma de honrar o património de resistência e de luta pela liberdade inscrito na memória genética do jazz. A edição que se avizinha reúne em Guimarães, como habitualmente, diferentes abordagens jazzísticas, apresentando atuações de nomes como Andy Sheppard Costa Oeste, Duo Set e The Book of Void (duas formações que apresentam pela primeira vez no festival o mediático Peter Evans), César Cardoso Ensemble, o Projeto Big Band ESMAE / Guimarães Jazz, o Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz (aqui interpretado por Hugo Raro, Miguel Amaral, Rui Teixeira, Alex Lázaro) e o Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz (por Miguel Carvalhais, Pedro Tudela, Gustavo Costa e Rodrigo Carvalho), juntando-se a este elenco os concertos Radiohead Jazz Symphony & Orquestra de Guimarães, Julian Arguëlles “Aqui e Agora” e Pedro Melo Alves' Omniae Large Ensemble.
Navegando até ao último mês do ano, o primeiro sábado de dezembro dá-nos a conhecer a exposição O Palácio, mostra dedicada aos 15 anos de Arte Contemporânea apresentados no Palácio Vila Flor entre os anos de 2006 e 2020, e que se estenderá neste espaço até 6 de março de 2021. Transitando para o CIAJG, no mesmo dia teremos a oportunidade de assistir ao concerto dos Bing & Ruth, projeto do compositor e pianista americano David Moore. Os Bing & Ruth visitam pela primeira vez Guimarães para apresentar os temas que fazem parte do seu novo álbum. Dezembro reserva ainda outros destaques como a apresentação de Aurora Negra no CCVF. Este espetáculo criado por Cleo Tavares, Isabél Zuaa e Nádia Yracema foi o vencedor da 2ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, uma iniciativa promovida pelo Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo), o Teatro Viriato (Viseu) e o Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), onde se estreou muito recentemente.
Na apresentação realizada hoje em Guimarães para dar a conhecer a programação d’A Oficina para os próximos meses e as suas linhas orientadoras na voz de Fátima Alçada (Direção Artística) acompanhada por elementos da equipa de programação e direção, houve também lugar para a apresentação de Marta Mestre como o novo elemento a integrar esta estrutura, chegando para desenvolver um importante papel na área das artes visuais e ocupar o cargo de curadora geral do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, juntando-se assim à equipa responsável pela programação cultural d’A Oficina. Marta Mestre é curadora, pesquisadora e editora, e ao longo da sua carreira desenvolveu a sua atividade em Portugal e no Brasil. Com formação em História da Arte, Cultura e Comunicação / Mediação Cultural, iniciou ainda estudos em Ciências da Comunicação sobre arte informal e primitivismos em Portugal, tendo já exercido funções no âmbito pedagógico. Para além da atividade de curadora independente, trabalhou como curadora em diversas instituições culturais públicas e privadas, a maioria com acervos nacionais e internacionais de arte moderna e contemporânea. Em 2018, foi uma das indicadas a apresentar candidatura para a representação portuguesa na 58.ª Bienal de Veneza e, mais recentemente, preparou a exposição coletiva Farsa, no SESC-Pompéia (São Paulo, 2020) sobre estratégias de desconstrução da unidade linguística e do inconsciente luso-tropical, a partir do trabalho de mais de 40 artistas de Portugal e do Brasil.
A todas estas novidades, irão juntar-se em breve várias outras no âmbito da programação de Educação e Mediação Cultural (EMC) d’A Oficina, vertente que manteve vários projetos a decorrer nos meses mais recentes com uma grande dinâmica de oficinas e outras ações. Sempre com a maior segurança.
Ficam assim registados alguns dos destaques da programação que se avizinha e as suas linhas orientadoras, sendo o quadro geral bem mais amplo. A informação referente à programação deste último quadrimestre de 2020 d’A Oficina – cooperativa vimaranense dedicada às artes e à cultura com a responsabilidade de gestão e programação de vários equipamentos culturais na cidade berço – encontra-se a partir de hoje disponível em www.aoficina.pt e pode igualmente ser acompanhada nas redes sociais da cooperativa cultural vimaranense. A nova edição da revista A Oficina agora lançada, a agenda cultural referente aos meses de setembro e outubro e o caderno com o programa do Westway LAB 2020 já se se encontram disponíveis para consulta e descarga no mesmo sítio da internet.
Os ingressos para a programação d’A Oficina podem ser adquiridos nas bilheteiras dos equipamentos geridos pela estrutura como o Centro Cultural Vila Flor, a Casa da Memória de Guimarães, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães ou a Loja Oficina, bem como nas lojas Fnac, Worten e El Corte Inglés ou online em www.aoficina.pt. |