O ciclo “Um Músico, Um Mecenas” está de regresso com um recital de Tiago Matias na tiorba de Matheus Buchenberg (1608) pertencente à colecção do Museu Nacional da Música. A entrada é livre, mediante reserva prévia.
MÚSICA PARA TIORBA E VIOLA De 5 ORDENS NO SÉCULO XVII
Notas ao programa:
A música do século XVII teve na tiorba e viola de 5 ordens (guitarra barroca) uma expressão singular. Estes dois instrumentos, dos mais comuns no período barroco - na música a solo e na música de conjunto – estavam presentes em toda a Europa e também nas “américas”. Com particular destaque em Itália, França, Espanha e Portugal, foram vários os grandes compositores destes países que compuseram música a solo para estes instrumentos.
O repertório deste recital é uma pequena amostra da muita e boa música existia no século XVII para tiorba e viola de 5 ordens (guitarra barroca). Destacam-se no programa a Capona e Sarambeque, presentes no Cifras de Viola por Joseph Carneyro Tavares Lamecense (MM97, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra), que terão aqui a sua primeira audição moderna. Salienta-se ainda, naturalmente, o facto de se poderem ouvir as obras para tiorba num instrumento original, a famosa tiorba Buchenberg, do início do século XVII, pertencente ao Museu Nacional da Música. Muito provavelmente, esta será a segunda tiorba mais antiga conhecida nos nossos dias.
Programa:
• Tarantella
tradicional italiana, arr. Tiago Matias (1978-)
• Clarines y Trompetas, Folias e Canarios
Gaspar Sanz (1640-1710)
• Toccata Arpeggiata e Canario
Giovanni Girolamo Kapsberger (1580-1651)
• Capona no 5º Tom de Sylva e Sarambeque no 4º Tom de Abreu
(MM97, Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra)
• Toccata IV, Corrente 3 e Toccata XIII
Alessandro Piccinini (1566-1638)
• Suite em Ré menor (Prelude, Allemande, Courante, Sarabande e Gigue)
Robert de Visée (1655-1733)
• Prelúdio em Sol Maior e Muzette en Rondeau
Robert de Visée (1655-1733)
• Ciaccona in partite variate
Alessandro Piccinini (1566-1638)
SOBRE A TIORBA BUCHENBERG DO MUSEU NACIONAL DA MÚSICA (MNM 0252)
A tiorba foi construída em Roma, em 1608, pelo alemão Matheus Buchenberg, famoso construtor de alaúdes e tiorbas (ou chitarrones, como também eram conhecidos naquela região). Trezentos anos depois, em 1903, Alfredo Keil adquiriu este e outros instrumentos musicais (que atualmente também fazem parte do acervo deste museu) a Louis Pierrard, construtor e restaurador belga. Fê-lo através do seu filho, Luís Keil, que visitava os instrumentos, os descrevia ao pai através de cartas e fotografias, e tratava de agilizar a sua expedição para Lisboa.
Esta tiorba sofreu várias intervenções ao longo dos tempos. Há um restauro de 1810, a que se seguiram outros dois, já no século XX: um em 1903, e o de Gilberto Grácio, em 1978. Neste último, o instrumento não ficou tocável, mas o braço, que se encontrava descaracterizado, foi modificado segundo o plano de um instrumento de Buchenberg pertencente à coleção do Victoria & Albert Museum. Em 2014, no âmbito do ciclo “Um Músico, Um Mecenas”, e através do patrocínio de um particular (Agostinho da Silva, administrador do Grupo CEI-Zipor), foi finalmente possível recuperar-se o som desta tiorba. O restauro esteve a cargo do construtor e restaurador de cordofones Orlando Trindade. Foram corrigidas, com êxito, as deficiências que o instrumento apresentava ao nível da caixa e do braço.
Além da tiorba exposta no Museu Nacional da Música, existem alguns exemplares semelhantes de Matheus Buchenberg em museus europeus, nomeadamente no MIM (Museu Instrumental de Bruxelas), no Musée de la Musique em Paris, em Itália (Florença) no Museu Bardini e, em Londres, no Victoria and Albert Museum.
SOBRE O CICLO “UM MÚSICO, UM MECENAS”
“Um Músico, Um Mecenas” é um ciclo de concertos com instrumentos históricos organizado pelo Museu Nacional da Música.
Este ciclo procura divulgar um dos mais importantes acervos instrumentais da Europa, com a ajuda de músicos de exceção que atuam pro bono e dão voz a tesouros nacionais e peças de valor histórico único.
Os concertos, de entrada livre, são autênticas viagens à coleção do Museu Nacional da Música, conduzidas por grandes intérpretes nacionais e internacionais, dando a conhecer os instrumentos através de concertos comentados e de uma contextualização histórica estendida, muitas vezes, ao repertório escolhido.
A interpretação, a necessária manutenção dos instrumentos musicais e a comunicação da história de cada um deles são fatores intimamente ligados e que resultam numa ação concertada entre o Museu e os mecenas do ciclo (músicos, construtores/restauradores e outros parceiros).
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Bilhete: 5 ♪ | Sócios: 3 ♪ |
Programa
Luis Milan (1500 - 1561): 2 Fantasias e 6 Pavanas
Manuel Ponce (1882 - 1948): Sonata Clássica
Bela Bartok (1881 - 1945): 18 Movimentos de "Crianças" /orig. para piano/
Francisco Tárrega (1852 - 1909): Adelita, Pavana, Maria, Marietta, Gran
Vals, Rosita e Capriccio Arabé
BIOGRAFIA
Além de guitarrista clássico, Sándor Mester é compositor e produtor húngaro tem tocado nos mais diversos locais, desde grandes salas a pequenos auditórios. Sándor Mester já realizou mais de 900 concertos em 25 países: Brasil, Estados Unidos, Marrocos, Israel, Itália, Portugal, Sérvia, Ucrânia, Polónia, Holanda, Bélgica, Finlândia, República Checa, Áustria, França, Noruega, Hungria, Roménia, Bulgária, Eslováquia, República do Kosovo, Croácia, Eslovénia, Albânia e Macedónia. Realizou inúmeras digressões mundiais como solista e músico de música de câmara e também workshops, masterclasses ensinando crianças e jovens músicos profissionais.
Sandor Mester é um guitarrista muito dinâmico. Decidiu muito cedo que teria uma missão cultural: a de levar a música clássica aos lugares mais improváveis e a sítios onde a cultura e música raramente chegam. Por isso, tem tocado nos mais diversos espaços (desde grandes salas a pequenas igrejas de aldeia, escolas e centros culturais) promovendo o conceito de que a música clássica é e deve ser para todos.