Neste espetáculo estamos sempre a percorrer caminhos. Entre a aldeia e a cidade, a montanha e a planície, a memória da infância e o desejo de futuro traçamos os lugares que permitem encontrar a Maria Ana e a D. Emília, as vizinhas de Flor Azul, que vivem numa rua estreitinha. Também encontramos Um Artista chamado Duque, o cavalo vindo de Shetland, que trabalha com uma troupe de saltimbancos ou O Bonifácio, o papagaio -cantor do taxista Sr. Vicente. Cruzamo-nos com Dandy, o cão que roía toda a casa e se torna num estudioso do Império Romano. Caminhamos entre carvalhos, plátanos ou tílias, respirando os tempos da terra. São caminhos de memória, que ajudam a nunca esquecer como voltar a casa e a fazer nascer a vontade de continuar a andar.
Classificação Etária |M/6
Duração |50 min
Preço dos Bilhetes |7 € (preço normal); 5€ ( < 25 anos; pack familiar; profissional do espetáculo; + 65 anos; pessoas com deficiência). Aderentes Cartão CAES - dois bilhetes pelo preço de um normal.
É JÁ NESTE DOMINGO QUE O URSO MAIS FAMOSO E DIVERTIDO REGRESSA AO CARTOON NETWORK!
Não percas o Especial Zé Colmeia, no dia 6 de Fevereiro!
Não te esqueças, o Especial Zé Colmeia, o dia que vai ser inteiramente dedicado ao urso mais famoso de Jellystone e aos seus companheiros de aventuras, é já este domingo, dia 6 de fevereiro! Garantimos que não vai faltar diversão e muitas gargalhadas, com os episódios mais divertidos de Jellystone e o filme de animação Zé Colmeia (2010), no Cartoon Network!
Jellystone e Zé Colmeia: O Filme, acompanham as aventuras de Zé Colmeia, o urso mais esperto, divertido e carismático, sempre de chapéu e gravata verdes e dos restantes residentes de Jellystone, que nunca perdem uma oportunidade de se meter em aventuras e nos problemas mais loucos!
Esperamos por ti neste domingo, para o Especial Zé Colmeia, no Cartoon Network!
Ø “Humor”, deTerry Eagleton(Edições 70):Do autor de Porque é que Marx Tinha Razão e Como Ler Literatura.
A resposta inteligente, fundamentada e bem-humorada às perguntas mais comuns sobre o humor. Quais são afinal os seus limites?
Ø “Economia e Sociedade”, deMax Weber(Edições 70): O livro mais importante da história da sociologia.
Inédito em Portugal, com prefácio de Boaventura de Sousa Santos.
Amanhã, dia 03 de fevereiro, também chegarão às lojas livros esperados com expetativa. São eles:
- “As Fundações do Pensamento Político Moderno (Vol. 1) – O Renascimento” de Quentin Skinner (Edições 70): Um dos 100 livros mais influentes dos últimos 50 anos para o The Times.
Skinner demonstra, com rigor e clareza como se formou e evoluiu o conceito de Estado.
- “E se o Tempo Não Existisse?” de Carlo Rovelli (Edições 70): Eleito em 2019 como um dos 100 pensadores mais influentes do mundo pela revista Foreign Policy.
Será possível que o tempo não exista mesmo? Carlo Rovelli apresenta a sua defesa.
O Casino Lisboa acolhe, até ao próximo dia 28 de Fevereiro, uma original instalação comemorativa do Ano Novo Chinês, regido pelo Tigre. Trata-se de uma instalação inédita que evoca, assim, o “Ano do Tigre” na Galeria de Arte, localizada na área circundante ao Arena Lounge. A entrada é gratuita.
Os visitantes do Casino Lisboa podem observar uma instalação com 80 lanternas iluminadas e numerosos adornos chineses na Galeria de Arte. A celebração desta data tão especial está logo em evidência com vários apontamentos desta instalação na porta rotativa da entrada principal do Casino Lisboa.
Recorde-se que, o Ano Novo Lunar começou, na passada terça-feira, dia 1 de Fevereiro, sendo uma data celebrada na China, na Ásia Oriental e por diversas comunidades da região espalhadas pelo mundo.
A Galeria de Arte do Casino Lisboa acolhe, até 28 de Fevereiro, uma original instalação comemorativa do Ano Novo Chinês, regido pelo Tigre. A entrada é gratuita.
O Casino Lisboa foi distinguido com o certificado “Clean & Safe” do Turismo de Portugal e aderiu ao serviço COVID OUT, Selo de Confiança, Clean Surfaces Safe Places, emitido pelo ISQ.
O Casino Lisboa abre, de Domingo a Quinta-Feira, das 15h00 às 03h00; e às Sextas-Feiras, Sábados e vésperas de Feriados, das 16h00 às 04h00. O acesso é livre, sendo que a partir das 22 horas, é para maiores de 14 anos, e maiores de 10 anos acompanhados pelos pais. Nas áreas de Jogo é para maiores de 18 anos.
EM MENOS DE UMA SEMANA, DESCOBRE AS NOVAS AVENTURAS DO GATO E DO RATO MAIS DIVERTIDOS DA TELEVISÃO, EM NOVA IORQUE!
Dia 7 de Fevereiro, não percas os novos episódios de Tom e Jerry em Nova Iorque, no BOOMERANG!
Na próxima segunda-feira, dia 7 de fevereiro, não percas os novos episódios de Tom e Jerry em Nova Iorque! Prometemos que vai ser um dia cheio de gargalhadas e sarilhos, a cidade nunca mais será a mesma!
Junta-te às mais divertidas aventuras de Tom e a Jerry, baseadas na sua rivalidade clássica e aos seus companheiros já bem conhecidos, como o Spike, o buldogue inglês e o gato Butch e ainda a muitas outras caras novas, que vais querer conhecer!
Contamos contigo no dia 7 de fevereiro, para muita diversão, sarilhos e gargalhadas, com os novos episódios de Tom e Jerry em Nova Iorque, no Boomerang! Estás preparado?
A Galeria de Arte do Convento Espírito Santo, em Loulé, acolhe a partir de amanhã a exposição itinerante “Sustentar”, produzida e organizada pela plataforma Ci.CLO. Até dia 3 de março, pode visitar-se a exposição que apresenta a visão de seis artistas sobre seis iniciativas ligadas à sustentabilidade em diferentes territórios nacionais.
Depois de alguns meses no Alentejo, a Sustentar desce ao Algarve para apresentar a exposição num outro concelho participante no projeto, Loulé. De dia 4 de fevereiro a 3 de março, naGaleria de Arte do Convento Espírito Santo, em Loulé, será possível conhecer os projetos artísticos resultado de meses de trabalho focados em iniciativas experimentais na área da sustentabilidade.A entrada na exposição é gratuita, de terça a sexta-feira das 09h30 às 17h30 e ao sábado das 09h30 às 16h00.
Através do “Sustentar”, a Ci.CLO pretende criar uma plataforma de projetos artísticos com apoio curatorial tendo como eixo temático a sustentabilidade, contribuindo para uma maior consciencialização crítica sobre as vulnerabilidades ecológicas e sociais que enfrentamos.
No município de Loulé, Nuno Barroso teve oportunidade de conhecer o Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira e suas pessoas, iniciando a obra“Geoparque”.Nesta série de fotografias, está contida a história da Terra e de um território singular que é o Algarve, onde a beira mar, o barrocal e a serra estão interligados horizontalmente numa série de camadas sobrepostas. Um trabalho que especula sobre os paradigmas deste território através da exploração da multirrealidade em torno da agricultura, energia e atividade turística e que pode ser conhecido na sua cidade natal.
A exposição integra também os trabalhos de outros cinco artistas e territórios. Sobre as alterações climáticas em Mértola, veja-se o projeto deEvgenia Emets, a “Arte de Sombrear o Sol”. Também sobre a resiliênciadeum território face aos desafios climáticos,apresenta-se“O Leito do Rio”, de Samuel Mountford, desenvolvido no Parque de Noudar, emMourão. Maria Oliveira, em “De Vagar o Mar”, cria um cenário metafórico nas salinas da Figueira da Foz. O projeto “Em Plena Luz” da Elisa Azevedo reflete a inovação da captação de luz solar em Évora. Setúbal está representado por “Hoje, Translúcido” de Margarida Reis Pereira, que aborda as memórias e identidade dos bairros do Grito do Povo e dos Pescadores.
A exposição “Sustentar” está até ao dia 3 de março em Loulé. No itinerário do projeto estão ainda Setúbal, 27 de maio a 19 de junho,e termina a viagem emÉvora, de30 de junho a 31 de julho. Para acompanhar o percurso da Sustentar pode consultar o programa emhttps://ciclo.art/sustentar/sustentar-2020-21/.
Público pode acompanhar o processo de restauro da instalação Torre de Cochim–Uma Armada de Ecos
Uma das obras, Talappana, antes do atual processo de restauro
Equipa durante o restauro
Quem passa pela margem do Rio Tejo, ao lado do Padrão dos Descobrimentos, já deve ter percebido as esculturas nolago em frente aoEspaço EspelhoD’Agua. Mas nem todos conhecem a história por trás daquele túnel com anéis de bambu, arame e corda ou do tuk-tuk estilizado que ali estão. A instalação Torre de Cochim– Uma Armada de Ecos, do artista madeirense Rigo 23, está a ser restaurada e o grande destaque desta iniciativa é a possibilidade do público acompanhar os bastidores do restauro, uma experiência viva e singular, que restabelece o contato das pessoas com a arte.
Presente desde a inauguração do Espelho D’Agua, em 2014, a instalação é composta por três esculturas: Kappiri, Talappana e Miri. Desenvolvida como uma Armada de Ecos, que dá corpo a histórias e episódios que foram transmitidos oralmente, de geração em geração em Cochim (Índia), a peça abraça a memória popular e cria novos veículos para a celebração da história oral. São ecos da chegada de Vasco da Gama à Índia, capturados in loco 500 anos depois. Uma forma de manifestação da memória, a trazer indagações sobre o passado e perspectivas para o futuro.
Kappiri, feita de tronco de madeira reciclados, é o escravo mártir; Miri, feita com anéis de bambu e arame, é o barco vítima de pilhagem; e Talappana, o tuk tuk, é o anfitrião tradutor. A Armada dos Ecos é uma armada estática. Ela permite ao visitante embarcar em viagens de longo alcance, munido da sua imaginação.
São obras que tiveram necessidades distintas de restauro, Kappiri e Miri foram reparadas em um mês. Talappana é a que mais trabalho e tempo tem exigido – um período detrês meses, desde novembro passado, com previsão de finalização ameados de fevereiro.A restauração, a ser conduzida no próprio local desde sempre, tem envolvido dezenas de pessoas, na sua maioria alunos da Escola Superior de Belas Artes e recém-graduados da mesma escola.
“O trabalho está a ser liderado pelo Francisco Côrte, um jovem artista madeirense recém-graduado pela FBAUL (Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa) e que colaborou comigo também no projecto Coroa do Ilhéu em Câmara de Lobos, na Ilha da Madeira”, explica Rigo 23. Além de Francisco, o projecto também contou com o apoio de Christian Haas, um artista e DJ radicado na Califórnia, que foi aluno de Rigo 23 no início dos anos 00, no San Francisco Art Institute. “O Christian deslocou-se a Portugal para dar o seu apoio na fase final da Coroa do Ilhéu e terminou ficando umas semanas a mais em Lisboa para dar apoio a esta obra de restauro. Este aspecto de transmissão de conhecimentos/estágio profissionalé intrínsecoà própria obra, uma vez que o mesmo aconteceu em Cochim, na Índia, onde a peça foi originalmente produzida”, revela Rigo 23, que junto com a equipe, utilizou os materiais originais ou o mais aproximados, tais como bambú, madeiras, tecidos, metal, napa, tintas, óleos e lixas.
Torre de Cochim - Uma Armada de Ecos não está exposta em Belém, à beira do Rio Tejo, de onde saíram os conquistadores portugueses, por uma mera casualidade. Segundo o artista, as obras têm o poder de agir como objectos interculturais de resistência a narrativas que considera fantasiosas e imperiais. “Ao lado de uma história oficial esculpida em brilhante e opressiva pedra branca, ao serviço de uma ideologia violenta de domínio e apagamento histórico da cultura de outros povos, estas obras são feitas de materiais frágeis e necessitam de cuidados regularespara perdurarem”, enfatiza.
Mário de Almeida, dono do Espaço Espelho D’Agua, revela que expor obras de Rigo 23 era um desejo antigo. “O projeto Espaço Espelho D’Agua, desde o seu início, teve histórias e coincidências muito interessantes. Uma dessas coincidências foi o Rigo 23 ter solicitado àCML para expor esta instalação no lago em frente ao Espaço, pouco tempo depois de termos ganho o concurso público da concessão. É um artista que queria conhecer desde 2009 – épocaem queabri uma galeria de arte contemporânea em São Paulo/Brasil (SOSO Arte contemporânea africana) – , o que só veio acontecer aqui em Lisboa, e acabamos por inaugurar o Espaço com a exposição da instalação Torre de Cochim - Uma Armada de Ecos, de obras no exterior, e com obras do artista no interior”, conta Mário.
História da obra
A peça foi produzida a convite daedição inaugural daBienal de Kochi-Muziris 2012— a primeira bienal de arte contemporânea organizada na Índia. Membros da comunidade local, em colaboração com jovens universitários a trabalhar na Bienal, formaram a equipe de Rigo 23 à época.
Torre de Cochimé uma referênciaàTorre de Belém, construídanoinício do século XVI, que celebra o período das Descobertas Portuguesas e a abertura da primeira rota marítima entre a Europa e a Índia.
Kaappiri, feita com troncos de madeira reciclados de Chinese Fishing Nets e elementos esculpidos de madeira local, é uma alusão aos africanos levados como escravos, pelos portugueses, para Cochim.
Miri, feita de bambu, arame, corda de fibra de coco e 270 lamparinas de kerosene, faz referência ao barco de peregrinos que se destinava a Mecca, mas foi interceptado, pilhado e incendiado pela armada de Vasco da Gama, rumo a Cochim, em 1502. 400 pessoas a bordo, nenhum sobrevivente.
Talappana é o primeiro nome do sumo sacerdote querecebeuVasco da Gama e foi seu tradutor à sua primeira chegada à Índia, em 1498. Ele foi torturado, mutilado e enviado para morrer pelos homens de Vasco da Gama, na sua segunda viagem em 1502. A obra Talappana é construída a partir de um tuk-tuk. Com lona e chapa metálica, foram incorporadas asas e bico de corvo; orelhas de cão e ainda um par de pés humanos em madeira.
SOBRE RIGO 23
Rigo 23 colabora frequentemente com indivíduos e colectivos na implementação de operações de arte concebidas para contextos específicos, privilegiando o diálogo solidário intercultural e intercomunitário.
Natural da Madeira – ilha vulcânica produtora de emigração e receptora de turismo – a sua poética tem origem aí: nas experiências abismais de deslocação, desencontro e saudade; na claustrofobia das relações assimétricas de poder e na imensidão propiciada pela libertação das mesmas.
Participa da primeira colectiva aos 18 anos – Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa (1984). Pouco depois, parte para a California – BFA-San Francisco Art Institute (1991); MFA-Stanford University (1995).
A sua obra toma formas distintas de acordo com o projecto, mas a paixão pelo desenho, trabalho manual e experimentação são constantes na sua obra.
Tem sido convidado a participar em várias bienais e trienais de arte contemporânea e continua a produzir obras de arte pública internacionalmente. No momento prepara trabalho para a estação do Metro de Beverly Hills, na Califórnia, que será inaugurada em 2025.
SOBRE O ESPAÇO ESPELHO D’AGUA
O Espaço Espelho D’Agua resulta de um concurso público organizado em 2012 pela Associação de Turismo de Lisboa – ATL para a exploração de parte de um edifício localizado na emblemática zona de Belém, em frente ao rio Tejo. O espaço compõe uma área de 1.200 m2 e foi inicialmente construído em 1940 durante a Exposição do Mundo Português.
O mote do projeto é o de que neste local, onde há cinco séculos os portugueses partiram para o mundo, seja agora uma plataforma de conexões culturais aonde se traga as culturas contemporâneas das diferentes regiões por onde os portugueses andaram nessa aventura durante as grandes navegações.
Desta forma criou-se um espaço onde se desenvolve atividades de gastronomia, exposição de arte e design, música, cinema e vídeo, entre outras formas de divulgação cultural. Tendo presente todo enquadramento histórico do local, e o que ele representa na atual conjuntura mundial, visa criar um ambiente artístico e cultural que reflita sobre a relação dos portugueses com o mundo e do mundo com os portugueses.
Apresentar neste local as mais variadas formas de expressão cultural contemporânea dos países que se relacionam historicamente com Portugal é a principal premissa do projeto que esteve na base da criação do Espaço Espelho D’Agua.
SERVIÇO
TORRE DE COCHIM – UMA ARMADA DE ECOS
Local: Espaço Espelho D’Agua
Endereço: Av Brasília, Edifício Espelho D’Agua (ao lado do Padrão dos Descobrimentos) Horário de visitação: diariamente
org. João Pedro Cachopo / CESEM-MUSEU NACIONAL DA MÚSICA
O bilhete do museu dá acesso ao evento
III Encontro Musas - A Música das Artes
PROGRAMA 14h00 - Abertura por João Pedro Cachopo 14h10 - Daniel Moreira “Films are like music”: David Lynch e os paradoxos do inefável 15h10 - Filipa Cruz Músicas imaginárias como experiência do humano em A Metamorfose e Nunca me Deixes 16h10 - Pausa 16h30 - Manuela Toscano Da música na pintura: o Prelúdio e Fuga (1908) de M. K. Čiurlionis 17h30 - Ana Paixão “A música é só música, eu sei”: quando a literatura portuguesa contemporânea escuta a música
O mote dos Encontros MUSAS – A Música das Artes decorre de um desvio e de uma dobra: partindo de um descentramento em relação às práticas e aos saberes da música, elege-se o propósito de meditar sobre a perspectiva de outras artes, e dos saberes que as tomam por objecto, sobre o acontecimento e a experiência sonoros. Falamos de musas – de como a música inspira – mas que não haja equívoco: falamos igualmente de sereias. Há fascínio e há desconfiança, tal como há perplexidade, nestas escutas. Daí as seguintes questões. O que sugere, ou que perguntas nos incita a fazer, o facto de a influência, o modelo ou a esquivez da música serem ora esconjuradas ora convocadas por outras artes? O que motiva tais apreciações? Como se reflectem na prática? De que modo reforçam ou dissolvem os binómios entre espaço e tempo, interior e exterior, sujeito e objecto, material e espiritual, aspereza e suavidade que tantas vezes se associam à reflexão meta-musical? O que nos diz tudo isto, não só sobre o que seja a música, mas também sobre as obsessões e as aspirações dessas outras artes? A música das artes: quer dizer, a música tal como a escutam, mas também tal como a imaginam, transfiguram ou alucinam outras artes – eis o que nos interessa discutir.
Daniel Moreira - “Films are like music”: David Lynch e os paradoxos do inefável Música e cinema partilham três categorias fundamentais – movimento, ritmo e temporalidade –, possibilitando influências, apropriações e contaminações recíprocas. Não surpreende, pois, que sejam múltiplos os exemplos de apropriação cinematográfica de uma certa noção de musicalidade (Kulezic-Wilson, 2015). Basta lembrar a ideia do filme como “sinfonia de luzes” no cinema impressionista francês ou a influência dos videoclipes da MTV no cinema dos anos 80 e 90. Nesta comunicação, discuto de que modo os filmes e séries recentes de David Lynch evocam uma noção de musicalidade (reconhecida pelo próprio realizador). Essa noção vai muito para além da utilização de música, alastrando-se não só aos outros sons (efeitos e diálogos), mas também, de algum modo, à imagem e narrativa. No centro do meu argumento está a ideia que a obra de Lynch evoca um entendimento específico da música como arte do inefável, relacionando-se, em particular, com os “paradoxos do inefável” propostos por Gallope (2017) na sua recente reconfiguração deste conceito.
Daniel Moreira é compositor e investigador em música, sendo Doutorado (PhD) em Composição pelo King’s College (University of London, 2017) e Mestre em Composição e Teoria Musical pela ESMAE (Politécnico do Porto, 2010). Tanto a sua música como a sua produção teórica se têm frequentemente debruçado sobre a relação entre música e cinema, como se pode ouvir em Isto não é um filme (2020), uma composição para orquestra e electrónica, e ler em dois artigos recentes sobre a música de Bernard Herrmann para os filmes de Hitchcock, publicados na Music Analysis (2021) e no Journal of Film Music (no prelo). É professor de Análise, Composição e Estética Musical na ESMAE e investigador integrado no CEIS-20 (Universidade de Coimbra).
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Filipa Cruz - Músicas imaginárias como experiência do humano em A Metamorfose e Nunca me Deixes A experiência musical é sempre e necessariamente uma experiência humana, dependente de interpretações, reacções emotivas e corporais: o elo que liga o sujeito ao som. Situadas em realidades históricas diferentes, Die Verwandlung de Franz Kafka (1915) e Never Let Me Go de Kazuo Ishiguro (2005) são duas obras literárias que, em pólos opostos do mesmo espectro, nos forçam a reflectir sobre a audição musical como experiência de humanização. Esta apresentação terá como propósitos analisar os modos como a música presente nestes textos, e materializada nas suas adaptações cinematográficas, estabelece uma relação com o absurdo; e pensar o conceito de auditory gaze, proposto por Lawrence Kramer, como refutação do animalesco e do artificial. Filipa Cruz é membro do CESEM e doutoranda em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. A sua investigação debruça-se sobre a relação entre os meios literário e musical e tem procurado compreender e analisar, sob uma lente interdisciplinar, o papel da música na poesia de Fernando Pessoa, as canções de Fernando Lopes-Graça sobre poemas pessoanos e, mais recentemente, o conceito de música imaginária e os processos mediante os quais esta se materializa no meio cinematográfico.
* Manuela Toscano - Da música na pintura: o Prelúdio e Fuga (1908) de M.K. Čiurlionis Este díptico de Čiurlions (1875-1911)apresenta sinais de um íntimo apelo cosmogónico e místico, sugerindo uma viagem interior em direcção à música do universo e à sua causa insondável. No plano formal pictórico, aquele apelo manifesta-se na concretização harmoniosamente unificadora de uma simultaneidade “polifónica” de planos espaciais (Fuga). O próprio título, alusivo à música instrumental, acentua a inscrição da ideia de música nesta pintura, ao actualizar um campo memorial filosófico, teórico e de recepção musical, a interpretar. Mostrarei de que modo a representação da música no Romantismo germânico e no Simbolismo constitui o elo comum das escolhas formais e simbólicas desta obra, para além da sua modalidade própria. Analisarei e problematizarei instâncias de relação interartística que aqui se instauram, na teoria e na prática. Manuela Toscano foi professora auxiliar no Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa. Licenciou-se em Ciências Musicais (1987) e doutorou-se em Ciências Musicais (2002) naquela Universidade. Enquanto docente naquele Departamento (1990-2021) ensinou Filosofia da Música, Música e Literatura, História da Música do Séc.XX, entre outras disciplinas. É autora de Maneirismo inquieto. Os Responsórios de Semana Santa de Carlo Gesualdo, 3 vols. (2007) e de publicações nacionais e internacionais. É investigadora do CESEM. Em 1981 obteve o Diploma Degré Supérieur de Piano do Conservatoire Européen de Paris, depois de trabalhar com Yvonne Léfébure como bolseira do Governo Francês. Paralelamente às suas funções académicas realizou, como pianista, recitais de Lied e mélodie (1992-2002).Cantou no Coro Gulbenkian (1975- 2017).
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Ana Paixão - “A música é só música, eu sei”: quando a literatura portuguesa contemporânea escuta a música Jorge de Sena publicou Arte de Música em 1968, obra de síntese e de impulso criativo que deu a ouvir e a ler modos diversos de ligação entre literatura e música. A relação entre as duas artes pode partir da simples referência até à fusão e apropriação, através de procedimentos de escrita muito explorados na literatura portuguesa contemporânea. Esta análise procurará indicar algumas das vias intersemióticas como a citação e o paralelismo utilizados por Eugénio de Andrade ou Vasco Graça Moura, ou a integração musical das construções polifónicas de António Lobo Antunes. Veremos como a escrita de Maria Gabriela Llansol se apropria do discurso musical assimilando-o ao literário e de que modo Ana Hatherly compõe através de palavras, ou de formas de escrita visual ou cinematográfica. A ligação intersemiótica presente na literatura portuguesa contemporânea mostra a que ponto as duas artes se escutam e se fundem, recriando-se em objetos artísticos híbridos e em novas sonoridades. Ana Paixão é doutorada em Literatura comparada com uma tese sobre «Retórica e técnicas de escrita literárias e musicais em Portugal, entre os séculos XVII-XIX», pelas Universidades de Lisboa e de Nice-Sofia Antipolis, publicada pelas edições L’Harmattan. É membro do Conselho científico do CESEM da Univ. Nova de Lisboa, membro do CREPAL (Centre de Recherche sur les Pays Lusophones, Univ. Paris III, EA 3421), e do Conselho científico da Cátedra Poesia e transcendência – Sophia de Mello Breyner da Univ. Católica do Porto. Foi Leitora na Univ. de Paris III e docente na Escola de Música do Conservatório Nacional em Lisboa. Desde 2010, ensina na Univ. de Paris 8, dirige a Casa de Portugal – André de Gouveia, e é vice-presidente da conferência de diretores da Cidade internacional universitária de Paris. O seu trabalho de investigação foi premiado, em 2019, com uma Palma Académica no grau de Chevalier.