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Manu Chao, num concerto acústico, Eskorzo, Marcelo D2 e Eu.Clides compõem o programa da 5.ª edição do Festival do Maio que decorre de 19 a 20 de julho, no Parque Urbano do Seixal. Como no Seixal se defende que a cultura deve ser acessível a todos, a entrada é livre, sujeita à lotação do recinto.

 

Numa altura em que se assiste ao avanço dos populismos e das derivas autoritárias um pouco por todo o mundo, e em que a ordem do dia é desinformar – sobretudo através da disseminação de notícias falsas – torna-se urgente intervir, informar e acordar consciências; como dizia José Afonso: «o que faz falta é avisar a malta».

 

«Através da arte e, em particular, da música podemos alertar e ativar as consciências e o sentido crítico dos cidadãos, mobilizando para uma cidadania interventiva e para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária. É este o objetivo do Festival do Maio que este ano recebe, novamente, grandes nomes da música nacional e internacional», refere o presidente da Câmara Municipal do Seixal.

 

Neste sentido, a Câmara Municipal do Seixal, dando continuidade a um legado de resistência e luta que é marca identitária das gentes e da história do concelho, apresenta, nos dias 19 e 20 de julho de 2024, no Parque Urbano do Seixal, a 5.ª edição do Festival do Maio, com a seguinte programação:

 

 

Dia 19
Abertura de portas: 19 horas
Início dos espectáculos: 21 horas

MANU CHAO – acústico (FR)

ESKORZO (ES)

 

Dia 20

Abertura de portas: 19 horas
Início dos espectáculos: 21 horas

MARCELO D2 (BR)

EU.CLIDES (PT)

 

 

MANU CHAO – acústico

Se existe um músico que podemos considerar um artista do mundo, ele é Manu Chao. Não só pela aclamação que a sua música conquistou a nível global, mas também pelo facto de escrever canções, e cantá-las, em diversas línguas – francês, inglês, castelhano, catalão, português, grego e outras. A sua música não tem fronteiras. Assim como o seu ativismo, refletido nas suas letras e na ação junto das comunidades indígenas, dos imigrantes e dos refugiados. Manu Chao é a voz de todos os que não têm voz. O seu primeiro, e bem sucedido, álbum a solo, «Clandestino» (1998), derrubou fronteiras e projetou-o como uma estrela global. Nos anos seguintes, fez longas digressões, gravou mais cinco discos e recebeu vários prémios, entre os quais um Goya e três Grammys. De regresso a Portugal, após passagens apoteóticas pelas Festas de Lisboa (2001), Festival Vilar de Mouros (2002), Festival Sudoeste (2007) e Festival Marés Vivas (2011), Manu Chao apresenta um concerto integralmente acústico, onde promete revisitar todos os grandes êxitos da sua longa carreira e apresentar novas canções. Um concerto intimista e celebrativo que não desiludirá a grande legião de admiradores que o artista tem em Portugal.

 

ESKORZO

A lendária banda de Granada, que criou uma sonoridade única baseada em estilos tão diversos como o rock, o ska, o reggae, o funk e os ritmos africanos e latinos – que vão do afrobeat à cúmbia, por exemplo – está prestes a cumprir trinta anos de carreira. Em 2023 editaram o seu oitavo álbum, «Historias de amor y otras mierdas», em que continuam a experimentar e a refrescar a sua sonoridade e a escrever abertamente sobre questões sociais e políticas. Desta vez o foco incide, sobretudo, no machismo e na misoginia patentes em muita da música atual, mas também nas questões climáticas e na decadência do capitalismo. Com oito álbuns gravados e muitas centenas de espetáculos um pouco por todo o mundo, os Eskorzo são conhecidos pelas suas atuações enérgicas que não deixam ninguém indiferente. Numa entrevista recente afirmam: «Nuestra música está concebida para el directo, nos gusta sudar la camiseta y, mientras el cuerpo aguante, ahí seguiremos dale que te pego». Não é a primeira vez que os Eskorzo vêm a Portugal, aliás, as suas passagens pelo nosso país deixaram marcas no Festival MED (Loulé), Festival Maré d’Agosto (Açores), Artes à Rua (Évora) e na Festa do Avante!, entre outros.

 

MARCELO D2

Marcelo D2 é o rapper percursor do hip-hop made in Brasil, do som pesado contaminado de brasilidade e com letras interventivas que abordam assuntos como a discriminação social, a liberdade de expressão ou a repressão policial. Desde que iniciou a carreira a solo há 26 anos, com o álbum «Eu tiro é onda», que Marcelo D2 trabalha as batidas do rap com incursões no samba. Ao nono álbum a solo, «Iboru», editado em 2023, Marcelo troca as coordenadas e, em vez de rap com um toque de samba, formato a que habituou o seu público em álbuns como «A batida perfeita», de 2003, apresenta desta feita um disco essencialmente de samba. Sem abandonar as batidas do rap, onde tambores, cavaquinhos e pandeiros convivem harmoniosamente com as programações eletrónicas, Marcelo revela-se um compositor de samba que até aqui desconhecíamos, assinando 12 das 16 músicas do disco. Acompanhado por uma galeria de ilustres como Alcione, B Negão, Mateus Aleluia, Metá Metá, Xande de Pilares e Zeca Pagodinho, Marcelo mantém a roda animada do princípio ao fim, «soando como espécie de festa de arromba do pagode», segundo o jornalista Mauro Ferreira do G1 (Globo). E é esta festa que Marcelo traz ao Festival do Maio, uma festa em que também cabem os grandes êxitos da sua carreira como «Desabafo», «Eu já sabia» ou «Pode acreditar», entre outros.

 

EU.CLIDES

Eu.Clides é uma das maiores revelações da música portuguesa atual. Nascido em Cabo Verde e a viver atualmente em Paris, cedo se interessou pela música, iniciando aos oito anos os estudos de guitarra clássica no Conservatório de Aveiro. Antes de iniciar a carreira em nome próprio, acompanhou o grupo senegalês Daara J Family em digressão e mais tarde fez parte do grupo da cantora cabo-verdiana Mayra Andrade, artista que ouvia desde miúdo, e cujo concerto foi o primeiro na vida para o qual comprou bilhete. Diz que a sua música é difícil de definir porque é uma mistura de muitas coisas, daquilo que foi ouvindo ao longo da vida, dos lugares por onde passou – música clássica, portuguesa, gospel, cabo-verdiana, eletrónica são géneros que assume como influência. Considera também extremamente importante a qualidade lírica e as mensagens das letras que canta. Em 2020, divulgou o primeiro tema, «Terra-Mãe», uma homenagem à liberdade e ao 25 de Abril de 1974. O EP «Reservado» editado em 2022 venceu o prémio José Afonso. Em 2023 editou o seu primeiro álbum, «Declive», que recebeu os maiores elogios da crítica e o levou em digressão por todo o país, culminando com as primeiras partes dos concertos de Slow J na Altice Arena e um espetáculo em nome próprio no Teatro Tivoli, em Lisboa.

 

O poema é uma arma

À semelhança das edições anteriores, os videopoemas, gravados por artistas de diferentes áreas – cantores, atores, escritores – pontuarão os espaços entre as atuações.