Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente |Museu do Oriente

 

Casa%20Museu%20Anastácio%20Gonçalves2_CMAG%20496

 

 

Numa iniciativa rara na Europa, pela profundidade e amplitude da abordagem, a exposição “A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente”, que o Museu do Oriente inaugura a 19 de Novembro, traça o percurso histórico desta prática desde as suas origens no continente asiático, há 2.000 anos, acompanhando a sua expansão por toda a Europa, até à actualidade.

 

Elevada a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2010, a arte do treino e caça com falcões é apresentada em seis núcleos, integrando 180 objectos e obras de arte, alguns dos quais nunca antes expostos ao público. Tratam-se de pinturas, gravuras, esculturas, têxteis, azulejos e equipamentos, bem como fotografias e vídeos, provenientes de museus, fundações e coleccionadores privados, nacionais e estrangeiros.

 

O primeiro núcleo – Ornitologia e Falcoaria – é uma introdução às espécies, suas características e estratégia de caça, com destaque para aves autóctones, como o Falcão Tagarote ou a quase extinta Águia Imperial, aqui num raríssimo exemplar naturalizado, do século XIX. Para ver também - e pela primeira vez - desenhos de várias espécies, da autoria dos príncipes D. Pedro e D. Luís.

 

Falcoaria no Oriente – Prática Histórica apresenta as origens do adestramento de falcões para a caça, uma tradição entre os beduínos nómadas do Norte de África como recurso alimentar, mas também, pelas cortes da Pérsia, Japão e China, como marca de distinção social. Símbolo de beleza e altivez, o falcão surge representado nas artes decorativas e plásticas, como na Antologia de Iskandar, (Pérsia, 1410-1411) ou nas gravuras japonesas de Ando Hiroshige (Japão, séc. XIX).

 

O núcleo Falcoaria na Europa – Prática Histórica acompanha a disseminação pelo continente a partir do século IV, onde esta arte cinegética conheceu o apogeu na Idade Média, estabelecendo-se como passatempo da nobreza. Muito apreciadas e tão valiosas quanto cavalos puro-sangue, as melhores aves eram oferecidas de presente a reis e príncipes, viajando entre cortes com um pequeno séquito, como autênticos embaixadores.

 

A prática histórica da falcoaria em Portugal e a actividade da Falcoaria de Salvaterra de Magos, desde meados do século XVI até à sua extinção em 1821, são exploradas nos núcleos seguintes. Aqui se encontram os vários equipamentos usados no treino do falcão, bem como na caça, a par de documentação histórica.

 

Sem esquecer que se trata de uma prática viva em mais de 60 países, que se traduz em saberes, objectos e vivências culturais, bem como um forte cariz ecológico, a exposição retrata a Prática Actual, na Ásia, do Turquemenistão a Marrocos, e Portugal, incluindo a aprendizagem entre as novas gerações e a actividade dos falcões no controlo aéreo.

 

Até 6 de Março de 2016, o Museu do Oriente dá a conhecer esta tradição que perdura há milénios, unindo o Oriente ao Ocidente. A exposição é comissariada pela historiadora Natália Correia Guedes.

 

Sabia que…?

  • A prática moderna da falcoaria tem em vista, não só, a salvaguarda dos falcões mas, igualmente, os seus habitats e a preservação cultural da modalidade cinegética.
  • A falcoaria actual respeita a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES) e a Convenção da Diversidade Biológica (CBD).
  • A falcoaria é muito praticada nos Emirados Árabes Unidos (na Península Arábica e no Golfo Pérsico), por príncipes e emires que se deslocam, habitualmente durante um mês por ano, com comitivas de centenas de pessoas, para zonas desérticas munidas de equipamentos modernos, transportes, caravanas e tendas climatizadas. Fazer parte destas comitivas é uma honra ou prova de amizade únicas.
  • Em 2011 foi inaugurado, em Abu Dhabi, o único hospital para aves de rapina existente no mundo: o Abu Dhabi Falcon Hospital, com especialistas em patologia clínica, microbiologia, biologia molecular, cromatografia, espectrometria, radiografia digital e endoscopia. Recebe, anualmente, cerca de cinco mil aves para tratamento, dando assistência às aves que tenham sido vítimas de caçadores furtivos ou de doença e que, posteriormente, são devolvidas à natureza através do Sheikh Zayed Falcon Release Programme.

 

Legenda da imagem:

Placa

Falcoeiro a cavalo

Irão, Qajar, séc. XIX

Cerâmica com decoração policroma sob vidrado transparente

22x14,4cm

Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Inv.º CMAG 496

© DGPC/ADF – José Paulo Ruas

 

 

A Arte da Falcoaria de Oriente a Ocidente

Inauguração | 19 de Novembro | 18.30 | Museu do Oriente

20 de Novembro de 2015 a 6 de Março de 2016

Terça-feira a domingo: 10.00-18.00

(à sexta-feira o horário prolonga-se até às 22.00, com entrada gratuita a partir das 18.00)

Encerra à segunda-feira

Preço: € 6,00

 

Comentar:

Mais

Comentar via SAPO Blogs

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.