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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

BoCA Bienal com estreias de Alice Ripoll, Pan Daijing, Carlos Azeredo Mesquita

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BoCA 2021- Prove You Are Human

3 de setembro a 17 de outubro

Lisboa, Almada e Faro


Criticar e questionar a história para projectar um futuro bem mais justo é o mote para as arrebatadoras criações da coreógrafa brasileira Alice Ripoll e do artista visual e performer português Carlos Azeredo Mesquita, os grandes destaques na penúltima semana da programação artística da BoCA.

Estreia em Portugal da artista sonora Pan Daijing com performance imperdível no Panteão.


A BoCA Bienal continua a apresentar o seu extenso e desafiante corpo de programação desta 3.ª edição.

Em Almada, nos próximos sábado e domingo (9 e 10 de outubro), nos imponentes antigos estaleiros da Lisnave, a aclamada coreógrafa brasileira Alice Ripoll, juntamente com a Cia. REC, revela em Portugal a sua mais recente obra, "Lavagem". Neste espectáculo, pela primeira vez em Portugal, a realidade e a fantasia misturam-se em delírio, como num sonho apocalíptico. Com a ajuda de baldes, água e sabão, a performance investiga imagens ambivalentes a partir do acto de lavar, com desdobramentos cénicos e históricos observados criticamente. Os objectos utilizados desenvolvem-se em múltiplas imagens poéticas de êxodos, travessias, rituais, renascimento e resistência. Através dos vários significados que a palavra “lavagem” sugere no português do Brasil, como a “sujidade” nas expressões “lavagem de dinheiro” e “lavagem cerebral”, o espectáculo é um banho de espuma que nos abre o olhos para a dureza do mundo real.

Nos mesmos dias, também em Almada, mas na Casa da Dança/Ponto de Encontro, Alice Ripoll e os bailarinos, intérpretes e criadores da Cia. REC conduzem o workshop teórico-prático de dança “Experiências de Criação”, destinado a estudantes e profissionais de dança, teatro, performance, e curiosos em práticas do movimento. A coreógrafa propõe uma parte teórica onde revela o seu modo de dirigir e coreografar, com a partilha de experiências e de metodologias. Já os intérpretes da companhia de dança, apresentam exercícios práticos de criação e improvisação utilizadas pelo grupo, e falam sobre as suas experiências enquanto bailarinos e criadores.
Os interessados podem fazer a sua inscrição através do preenchimento deste formulário.

Na outra margem do Tejo, em Lisboa, esta sexta e sábado (8 e 9 de outubro), Carlos Azeredo Mesquita apresenta no maat - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia a sua nova criação - a performance duracional “Über Alles”. O artista visual e performer português questiona a identidade nacional a partir dos símbolos, palavras e mitologias que participam na sua construção. Quais desses atributos e discursos devem continuar a dar significado à nossa nacionalidade? Durante três horas, os performers exploram um conjunto de pequenos hábitos e gestos infiltrados no quotidiano que desvendam a natureza banal e universal do nacionalismo moderno. Azeredo Mesquita coloca assim em causa os elementos associados ao hino nacional, na busca por uma reavaliação das dinâmicas de submissão, inclusão e exclusão que trazem consigo.

Sábado, dia 9 de outubro, em estreia absoluta em Portugal, a artista chinesa Pan Daijing toma de assalto o Panteão Nacional com a performance musical site-specific "Half a Name". As suas performances de grande escala desenvolvidas nos últimos anos, e que já tiveram honras nos mais consagrados museus da Europa, são envolventes experiências sensoriais que redefinem a noção de som, levando-o para lá de uma categoria puramente sonora.

Na capital continuam a performance duracional “Water in a Heatwave”, do artista canadiano Miles Greenberg, nas Carpintarias de São Lázaro, e a instalação de som e luz “Atavic Machine/Máquina Atávica”, do músico e artista visual, construtor sonoro e cénico Jonathan Uliel Saldanha, na Estufa Fria. Ambas mantêm-se até 10 de outubro.

Já em Faro, a programação artística da BoCA em Faro revela, esta semana, propostas exclusivas no feminino, entre a música, a performance e o teatro:

Os luso-franceses Papillons d’Éternité, que juntam a artista multidisciplinar Tânia Carvalho ao performer e músico Matthieu Ehrlacher, transportam os espectadores numa viagem sonora, com a colaboração do Grupo Folclórico de Faro (Teatro Lethes, dia 7). As coreógrafas e intérpretes Joana Castro e Maurícia | Neves apresentam “and STILL we MOVE”, uma peça autobiográfica e política que dialoga entre o concerto, a dança e a performance, e cujo ponto de partida é a fragilidade, enquanto potência e lugar poético (Teatro das Figuras, dia 8). “A Tralha” é o primeiro texto para teatro da rapper e escritora Capicua, na companhia de Tiago Barbosa, que dá voz e corpo a este monólogo sobre acumulação (anfiteatro do Parque Ribeirinho, dia 9). Dayana Lucas mostra a penúltima criação do projecto “Quero ver as minhas montanhas”: a performance “Cair Para o Alto”, onde desenvolve uma pesquisa prática na área do desenho, como algo vivido com o corpo (Fábrica da Cerveja, dia 10).


Os bilhetes estão à venda na Ticketline.


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OPEN CALL

A BoCA chama à atenção para o workshop com o colectivo activista e feminista chileno LASTESIS, para mulheres e dissidentes de género, de 10 a 13 de outubro, no Museu da Cidade e na Praça da Liberdade, em Almada. Na convergência entre performance, design, moda, história, música e, claro, activismo político e social, as LASTESIS, pela primeira vez em solo nacional, vão coordenar um laboratório criativo gratuito, com a participação de cerca de 80 mulheres e dissidências, de idades e formações diversas. A ocasião culminará na estreia em Portugal da performance “Resistencia o la Reivindicación de un Derecho Colectivo”, no dia 13, na Praça da Liberdade. As inscrições estão abertas aqui.


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PROGRAMAÇÃO BoCA BIENAL - 04.10 a 10.10

04 a 10.10 - Jonathan Uliel Saldanha "Atavic Machine/Máquina Atávica" - Estufa Fria (Lisboa) - 20h - 22h
07 a 10.10 - Miles Greenberg "Water in a Heatwave" - Carpintarias de São Lázaro (Lisboa) - 19h - 23h
07.10 - Papillons d’Éternité (Matthieu Ehrlacher e Tânia Carvalho) “ANAIVODOLETSAC” - Teatro Lethes (Faro) - 21h
08.10 - Joana Castro e Maurícia | Neves “and STILL we MOVE” - Teatro das Figuras (Faro) - 21h30
08 e 09.10 - Carlos Azeredo Mesquita “Über Alles” - maat - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Lisboa) - 18h - 21h
09.10 - Capicua “A Tralha” - Anfiteatro do Parque Ribeirinho (Faro) - 17h
09.10 - Terceira sessão Plantação de 7.000 Árvores - Alto de Monsanto (Lisboa) - 10h - 12h
09.10 - Pan Daijing “Half a Name” - Panteão Nacional (Lisboa) - 22h
09 e 10.10 - Workshop de dança Alice Ripoll e Cia. REC - Casa da Dança/Ponto de Encontro (Almada) - 10h - 13h
09 e 10.10 - Alice Ripoll “Lavagem” - Lisnave (Almada) - 20h
10.10 - Dayana Lucas “Cair para o Alto” - Fábrica da Cerveja (Faro) - 17h
10 a 13.10 - Workshop LASTESIS - Museu da Cidade e Praça da Liberdade (Almada)


De 3 de setembro a 17 de outubroProve You Are Human é o desafio da 3ª BoCA - Bienal de Artes Contemporâneas.


Programação completa em www.bocabienal.org



SOBRE A BoCA 2021

Começou no passado dia 3 de setembro, e prolonga-se até 17 de outubro, a 3.ª edição da BoCA Bienal de Artes Contemporâneas, em Lisboa, Almada e Faro. Sob o desafio Prove You Are Human, o arranque deu-se com a performance que integra a primeira instalação de grande escola de Grada Kilomba, “O Barco/The Boat”, no maat - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Praça do Carvão). Até agora, já houve oportunidade de se assistir à estreia da rapper Capicua na escrita para teatro, às vídeo instalações das artistas visuais Anne Imhof, Agnieszka Polska e Anastasia Sosunova e à instalação de Luís Lázaro Matos, “Une vague joyeuse/Uma onda feliz”. A actriz e encenadora Mónica Calle conduziu os espectadores por percursos intimistas, no espaço natural, entre a praia e as dunas da Costa da Caparica, Andreia Santana revelou um conjunto vivo de esculturas, vozes, corpos e músicas, no CCB, e Odete apresentou a performance “On Revelations and Muddy Becomings”, em Almada. Romeo Castellucci, um dos maiores nomes do teatro europeu, não deixou ninguém indiferente com a sua vídeo-instalação performativa “O Terceiro Reich”. Seguiram-se os concertos de António Poppe e La Família Gitana, entre a poesia e a música cigana, o orgão do Santuário do Cristo Rei tocado por Sarah Davachi, os espectáculos do coreógrafo, bailarino e filósofo Noé Soulier, a partilha do palco entre os Papillons d’Éternité (Matthieu Ehrlacher e Tânia Carvalho) e o Rancho Folclórico da Casa do Minho em Lisboa, e a primeira experiência de Gabriel Ferrandini com o Coro Gulbenkian. Os espectadores renderam-se ainda a “Trouble”, o musical que é também a estreia do realizador norte-americano Gus Van Sant no teatro. Também nas artes de palco, assistiram-se às peças do criador Tiago Cadete e do realizador Felipe Bragança em colaboração com a companhia Teatro GRIOT e a actriz Catarina Wallenstein. Na performance, a nova criação de André Uerba. E, nas telas do Cinema São Jorge, o encenador Rodrigo García e o realizador e fotógrafo Khalik Allah exibiram as suas últimas criações audiovisuais.
“Denominação de Origem Controlada”, de Gustavo Sumpta, “Carrossel”, de Gustavo Ciríaco, “Monumento para Amadores - Solar Boat”, dos Musa paradisiaca, “Passeios Verdes”, de Diana Policarpo, e “Sobre um futuro de coexistência”, do colectivo Berru, são os trabalhos do projecto “Quero ver as minhas montanhas”, com a curadoria de Delfim Sardo e Sílvia Gomes, já conhecidos pelo público.