CCB Destemporada | Teatro em Agosto > Artistas Unidos + Cláudia Gaiolas + David Pereira Bastos + Nuno Cardoso
TEATRO, EM AGOSTO, NA DESTEMPORADA DO CCB
6 a 15 de agosto no Pequeno Auditório
dias 6, 7, 11, 12, 13, 14 às 19h00 / dias 8 e 15 às 16h00
Morte de um caixeiro viajante, de Arthur Miller
Encenação de Jorge Silva Melo
Coprodução Artistas Unidos, Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Nacional São João Coapresentação Centro Cultural de Belém, Teatro Nacional D. Maria II
Com Américo Silva, Joana Bárcia, André Loubet, Pedro Caeiro, Pedro Baptista,
José Neves, Paula Mora, Tiago Matias, Sara Inês Gigante / Rita Rocha Silva,
Ana Amaral, António Simão, Hélder Braz e Joana Resende
Estados Unidos, anos 1940. Willy Loman quer dar o mundo aos seus filhos, quer que o conquistem. Depois de 34 anos a trabalhar como caixeiro viajante, vê os seus sonhos desvanecerem-se, perdendo o chão e, consequentemente, a noção de realidade. Em Morte de um caixeiro viajante, assiste-se a uma tragédia moderna do cidadão comum, que encontra na impotência do fracasso a derradeira violência. Escrita por Arthur Miller no imediato pós-guerra, chega ao Centro Cultural de Belém (em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II) como um sentido Requiem por uma sociedade que se baseia no triunfo individual. Um dos retratos mais magoados do Sonho Americano, numa encenação de Jorge Silva Melo, que conta com Rita Lopes Alves (cenografia e figurinos), André Pires (som) e Pedro Domingos (luz).
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8, 15 22 e 29 de agosto, às 18h00, no Jardim das Oliveiras
Anti-Princesas, de Cláudia Gaiolas
8 agosto: Anti-Princesas – Clarice Lispector
15 agosto: Anti-Princesas – Carolina Beatriz Ângelo
22 agosto: Anti-Princesas – Juana Azurduy
29 agosto: Anti-Princesas – Frida Kahlo
Criado por Cláudia Gaiolas a partir da coleção de livros Antiprincesas, editada pela Tinta da China e pela EGEAC, Anti-Princesas é um ciclo de espetáculos sobre mulheres que marcaram a história. A pintora mexicana Frida Kahlo, a militar boliviana de origem indígena Juana Azurduy, a escritora brasileira Clarice Lispector e a médica feminista Carolina Beatriz Ângelo, são mulheres sem coroas, que não viveram em castelos e não tinham superpoderes, mulheres comuns, heroínas na vida real que desafiaram os cânones e revolucionaram o mundo através da arte, literatura ou política.
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20, 21 e 22 de agosto no Pequeno Auditório
dias 20 e 21 às 19h00 / dia 22 às 16h00
Praça dos Heróis, de Thomas Bernhard
Direção artística de David Pereira Bastos
Coprodução Teatro Nacional D. Maria II
Coapresentação CCB/Teatro Nacional D. Maria II
Com Ana Sampaio e Maia, Bruno Simão, Flávia Gusmão, Manuel Coelho,
Miguel Sopas, Paulo Pinto, Mónica Garnel em Sílvia Figueiredo
A 15 de março de 1938, milhares de austríacos aclamavam Adolf Hitler na Heldenplatz, em Viena, celebrando a anexação da Áustria pela Alemanha nazi. Cinquenta anos depois, estreava no Burgtheater a peça de Thomas Bernhard com o mesmo nome, Heldenplatz (Praça dos Heróis), para assinalar o centenário do histórico teatro vienense, bem como os cinquenta anos da anexação. Praça dos Heróis vem assim trazer a descoberto o branqueamento histórico que permitiu que a Áustria se assumisse como a primeira vítima do III Reich, ao invés de um primeiro aliado. Hoje, numa altura em que o conservadorismo retrógrado parece confirmar um retrocesso civilizacional, político e social, David Pereira Bastos regressa com um redobrado sentido de urgência a esta Praça dos Heróis.
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27 e 28 de agosto, às 19h00, no Grande Auditório
Castro, de António Fereira
Encenação de Nuno Cardoso
Coapresentação CCB/Teatro Nacional São João
Com Afonso Santos, Joana Carvalho, João Melo, Margarida Carvalho, Maria Leite,
Mário Santos, Pedro Frias, Rodrigo Santos
A etimologia do apelido Castro remete para castelo, construção fortificada. É precisamente um território confinado e claustrofóbico, o de uma casa-país, o que Nuno Cardoso nos convida a habitar em Castro (1598), do poeta António Ferreira. Encenação estreada em março de 2020 no Teatro Aveirense, a sua digressão pelo país foi interrompida devido ao confinamento que nos remeteu, curiosamente, a casa. Na sua leitura do drama histórico/lenda/mito dos amores de Pedro e Inês, Nuno Cardoso desvenda-lhe a modernidade e densidade intrínsecas, veladas pela poesia da linguagem e pela elocução. Castro coloca-nos face à intimidade concreta de personagens que se revelam cativas de si próprias. Como em A Morte de Danton, a questão da utopia (do amor, como da revolução) e do seu negro avesso são cruciais: o amor/desejo e o poder como vício e caos, como cegueira que «escurece daquela luz antiga o claro raio». E como esse escurecimento se replica, tingindo de sangue e vingança o tecido familiar, num deslocamento do centro de Castro de Inês, e da razão de Estado como ficção e moral, para Pedro, na sua relação especular com o pai, Afonso IV. «Que estrela foi aquela tão escura?»