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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

Dezembro 2016 Ballet Contemporâneo do Norte

 

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IN A MANNER OF SPEAKING, DINIS MACHADO para o Ballet Contemporâneo do Norte
[ZDB / TEMPS D'IMAGES LISBOA] 

 

PRÓXIMA SEMANA!
1, 2 e 3 Dezembro | 21h30
ZDB TEMPS D'IMAGES, LISBOA

14º artes em movimento

Uma peça do Ballet Contemporâneo do Norte

Coreografia por Dinis Machado
Dançada por Mariana Tengner Barros, Filipe Pereira, Jorge Gonçalves e Susana Otero
Desenho de figurinos, iluminação e som: Dinis Machado 
Fotografia de Cena: Miguel Refresco
Vídeo: Sofia Arriscado
Design Gráfico: Eduardo Ferreira
Produção Executiva: Inês Nogueira
Co-produção: Temps d'Images Lisboa
Agradecimentos: A22, Camara Municipal de Santa Maria da Feira
Agradecimento Especial: Sr. Eugénio Campos
Residência: Armazém22 Vila Nova de Gaia e Pavilhão da Lavandeira, Santa Maria da Feira

I melted my gender into a skin of stone
A bone
A physical
rhyme
A tender mime of a desire of mine
 
In a Manner of Speaking é um poema, não como devaneio lírico, mas como lugar onde a escrita coreográfica se sedimenta na sua própria dimensão lúdica. Começou com um convite do Ballet Contemporâneo do Norte para re­visitar a minha primeira peça de grupo Parole, Parole, Parole... (2010).
 
Sem qualquer nostalgia formal, sobraram desta re­ponderação um micro-universo em contínua reformulação e o investimento na função fática de uma linguagem coreográfica que abandona a sua dependência de qualquer ideia de conteúdo, desenvolvendo-se como exercício proto-político de presença (colectiva), não minimal ou essencialista, mas hiperficcional.
In a Manner of Speaking é assim uma auto­ficção estrutural sobre uma companhia de dança. Um exercício hiper­formal de um virtuosismo inventado a partir de fragmentos e técnicas de uma história da dança propositadamente lacónica, apropriada e inventada. Uma especulação subjectiva, um olhar deformado e calcificado por uma prática convicta. Um manifesto anti-essencialista onde ficções e factos se misturam, sem qualquer hierarquia, para a criação de um habitat proto-futurista. Uma emancipação da verdade e uma celebração da ficção. Um exercício para reclamar o direito de reinventar a história do seu próprio corpo e cidadania. Uma coreografia mirabolante onde os corpos dos performers são postos às avessas, não através de qualquer ilustração de exercício libertário, mas através de uma aceleração hiperformal.
Será talvez evidente o acento de uma reflexão e reescrita de género neste exercício ficcional:
Corpos remontados pelo paradoxo entre a evidência e a impossibilidade da definição do feminino.
Corpos proto-futuristas que se experimentam no jogo lúdico de propor uma ideia de dança que os reestrutura.
Corpos que se propõem a uma prática de género pós-binário e pós-panfletário.
Uma metamorfose intima de um queer silencioso que acontece na quase invisibilidade dos ossos, da carne e da pele.