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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

"É" - Um espectáculo comunitário de integração pela arte

É! Um espectáculo comunitário que dá voz
às pessoas em situação de vulnerabilidade social


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Cerca de um ano depois, projeto SOmOS, de integração pela arte, termina com espetáculo para a cidade
 
É!ste espectáculo de teatro é o culminar de mais de um ano de trabalho com populações em situação de exclusão e reflecte sobre a forma como se pode bater no fundo, como se sobrevive à desumanização, à invisibilidade, aos enredos kafkianos da burocracia, de como pequenos gestos podem mudar uma história de vida ou de como se perde e, por vezes, se reacende a esperança.

Data única - Dia 8 de junho, às 21h30, no Teatro Campo Alegre. 
Entrada Livre
 
 
O projeto “SOmOS”, Existimos, Criamos, Somamos (P)ARTES desenvolveu entre 2021 e 2022 um intenso trabalho com diferentes grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Depois de “Quem És Porto?” - Bibliotecas Vivas (que reuniu em outubro de 2021 várias dezenas de participantes decididos a contar a sua história de vida) e da oficina de Teatro Fórum que
resultou no espetáculo “Por Que Não Posso?”, já em fevereiro deste ano, fecha-se agora o círculo com a soma das partes, ou seja, este
“É!”, um espetáculo final criado a partir das experiências partilhadas e dos contributos dos participantes das oficinas anteriores, ao qual se juntou uma estrutura artística profissional.

Se nas primeiras oficinas o foco era centrado em cada um dos participantes, individualmente, nesta última, o centro é algo exterior a todos – um espetáculo! – em que todos e cada um contam como uma parte fundamental de um puzzle que ficará incompleto se alguma peça faltar. Estas são as bases da igualdade, da interdependência ou da empatia, valores que estão na base de todo o processo, assume Rui Spranger, responsável da Apuro Cultural e encenador deste espetáculo:
“Este É! resume em certa medida o caminho: revisitámos o teatro fórum, abordámos as histórias de vida de alguns dos atores para em seguida ficcioná-las, acrescentando, omitindo e desviando-nos também completamente delas, provocando hipóteses de possíveis realidades. Abordámos também
outras histórias de vida alheias aos atores para estabelecer uma cartografia dramatúrgica própria, estabelecida na união da vontade de todos.
Socorremo-nos de poemas e de excertos da dramaturgia mundial, mas a maioria das palavras ditas neste espetáculo não estão escritas. Um pouco como na Commedia dell’arte, existe um cannovaccio, uma estrutura simples a ser improvisada pelos atores, pelo que os espectadores terão acesso a algo irrepetível. Daí também a escolha deste título que ao invés da interrogativa dos
anteriores, usa a exclamação como reforço do que por vezes pode ser uma afirmação, noutras uma perplexidade e noutras ainda o desabafo que sai da garganta perante o absurdo ou a impotência.

As portas desta última oficina estiveram abertas a todos os que nela quiseram participar, promovendo a troca de experiências, saberes e a não guetização. Pelo que participam no espetáculo pessoas com percursos muito diversificados.
Diversos foram os caminhos que levaram à exclusão de alguns dos participantes, mas também diversos foram os caminhos que levaram à superação. E é esta superação que une todos os protagonistas deste espetáculo que fez um caminho traçado em conjunto, com confiança,  dedicação, respeito e generosidade”.
A iniciativa SOmOS envolveu a Apuro, Associação Cultural e Filantrópica, a PELE, Associação Social e Cultural e a Saber Compreender, estruturas locais com vasta experiência no trabalho de inclusão pela arte, e resultou de uma candidatura da Câmara Municipal do Porto ao Programa Operacional Norte 2020 do AIIA - Abordagens Integradas para a Inclusão Ativa, que teve
como objetivo reforçar e qualificar o ecossistema de empreendedorismo social do Porto e capacitar, organizar, alinhar e mobilizar os agentes envolvidos na inovação social e, mais concretamente, na capacitação e integração social pela arte.

As (p)artes de um todo
Saber Compreender
A Saber Compreender existe formalmente desde novembro de 2017 sendo uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover uma sociedade mais inclusiva, na qual, através do ativismo, as pessoas social e economicamente vulneráveis, em situação de privação, exclusão e risco, tenham acesso a condições para uma vida digna. Neste sentido as nossas ações orientam-se para o acompanhamento personalizado e individualizado dos cidadãos, promovendo a sua participação e envolvimento nos seus processos de inclusão e na defesa dos direitos humanos e em causas sociais.
A este nível, importa referir que a Saber Compreender possui um Conselho Consultivo (que é constituído fundamentalmente por pessoas que vivenciam ou vivenciaram situações de sem-abrigo ou outro tipo de exclusão) onde impera o princípio da participação e onde a voz dos cidadãos na primeira pessoa é primordial. Para promover a voz dos cidadãos, a Associação tem apostado no
desenvolvimento de metodologias participativas como por exemplo o Photovoice e as Bibliotecas Vivas onde os cidadãos são os verdadeiros protagonistas da ação. No entanto, temos consciência que estes processos não são fáceis e que nem todos os cidadãos se encontram no mesmo nível de
participação. Por isso, temos de garantir as condições mínimas para que a participação se concretize: respeitar os interesses e as perceções das pessoas; tempo para participar e sobretudo informação. Muito dificilmente conseguiremos a participação das pessoas se estas não tiverem
informação suficiente sobre as questões em análise e/ou em discussão. Por isso, a Saber Compreender possui know-how no desenvolvimento de processos participativos e a identificação de pessoas com estas vivências é facilitado pelo trabalho de proximidade que a associação desenvolve
diariamente com estes públicos.

PELE, Associação Social e Cultural
A PELE é um coletivo que desenvolve projetos de criação artística enquanto espaços de reflexão, ação e participação cívica e política, potenciando processos de transformação individual e coletiva.
Desde 2007 procura que a sua atuação se mantenha alinhada com as urgências dos territórios e das comunidades, privilegiando a acessibilidade e a participação artística em múltiplas centralidades. Através do cruzamento de públicos, sectores, linguagens artísticas, territórios e parceiros, gera espaços de tomada de decisão horizontais e modelos alternativos de criação coletiva.

APURO, Associação Cultural e Filantrópica
A Apuro – Associação Cultural e Filantrópica foi fundada em 2012 e desde então produziu 76 produções culturais nas suas diversas áreas de atuação: Cinema, Teatro, Spoken Words, Novo-Circo, Música e Edição de Livros que correspondem a mais de 260 eventos.
Apoiou vários intermitentes do espetáculo e cidadãos em situação de carência e foi coordenadora do Eixo “Vozes do Silêncio” do NPISA – Porto entre 2016 e 2018. Com a nova estratégia nacional para os sem-abrigo, integra o “Eixo 4 – Participação e Cidadania” do NPISA. É membro da Rede Social do Porto. Colaborou também com a Associação do Porto de Paralisia Cerebral tendo editado dois livros associados à mesma. A Apuro conta com mais de 100 associados e estabeleceu-se como uma rede dinâmica de produção cultural e apoio social.

Ficha Artística
Interpretação: Artur Fontes, Carlos Rodrigues, Daniela Couceiro, Emílio Costa, Fernando André, José Miguel Oliveira, Vilma Ranito, Ana Black Rose, Isabel Cardoso, Cândida Conceição, Simão Luis, Natércia Franco, Rui Spranger, Ricardo Mestre, Inácio Carvalho, Rui David.
Encenação- Rui Spranger (Apuro)
Música original - Rui David (Apuro)
Mediação Socioeducativa - Mara Barros e Alexandra Fiães (EAPN)
Produção- Fernando André (Apuro)
Assistência de produção - Simão Luís (Apuro)
Apoio à mobilização e dinamização - Daniela Couceiro (ASAS de Ramalde)
Comunicação - Rui David (Apuro)
Vídeo - Rita Duque
Desenho de Luz - Rui Damas
Apoio - Junta de Freguesia do Bonfim
Agradecimentos - Asas de Ramalde, Pé de Vento, Mané Carvalho