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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

Espectáculo "Por Que Não Posso?" Divulgação de Oficina de Teatro/Arte Inclusiva

POR QUE NÃO POSSO?”, o Teatro Fórum 

como forma de autodeterminação

Estreia na próxima quinta-feira, dia 10 de fevereiro, às 18h30, no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, a criação colectiva “Por Que Não Posso?”

É o culminar de 4 meses de trabalho, de criação de um espaço seguro e de liberdade onde se abordaram várias facetas da exclusão e da opressão. Histórias pessoais, sim, mas cruzadas com reflexões acerca de problemáticas e discriminações quotidianas das nossas sociedades, numa história que é de cada um e de todos.

“Por que não posso?” parte de um texto inédito de um dos participantes, o Ricardo Mestre, para questionar o condicionamento e recriminação social e familiar quando estão em causa escolhas de vida de cada um, - por exemplo, em ser artista - e é, ao mesmo tempo um diálogo crítico contra os julgamentos e preconceitos de que são vítimas todos aqueles que têm um aspecto diferente ou estereotipado.

 

Com a facilitação de Janne Schröder e Maria João Mota, artistas e formadoras da associação PELE.

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Por que não posso?”Interrogações permanentes de vidas suspensas. Olhares que julgam, corpos que desistem e sonhos aprisionados. Estes são os dias de muitos com quem nos cruzamos nas ruas, nas estações de metro … e de quem às vezes desviamos o olhar.“Por que não posso?” Esta história que contamos é feita de muitas histórias que se cruzam num lugar: o lugar da vontade, de um e de todos. Vontade de mudar! Vontade de bater o pé! Vontade de olhar de frente. Olhos nos olhos. 
 

Enquadramento

 

Esta oficina de Teatro Fórum, dinamizada pela PELE, integra o projecto SomoS - Existimos, Criamos, Somamos(P)Artes coordenado pela Apuro, integrado no Programa AIIA da Câmara Municipal do Porto.

Ao longo de 4 meses realizaram-se sessões regulares de reflexão, discussão e criação colectiva a partir de histórias do quotidiano, partilhadas pelo grupo.

O formato do Teatro Fórum propõe uma teatralização da realidade e, a partir dela, o ensaio de alternativas para a mudança. Não se pretende poetizar ou simplificar o processo complexo de transformação da realidade, mas que o Teatro permita, pelo menos, sentir a liberdade criativa, a troca de papéis, a reescrita de narrativas e que todo este processo contagie as nossas vidas e os nossos corpos, para a potência da acção colectiva.

Esta oficina teve como objetivo

- Estimular a reflexão, discussão e acção colectiva sobre temas que se revelem como urgentes para o grupo;

- Promover o contacto e experimentação com as linguagens artísticas - nomeadamente do Teatro Fórum;

- Exploração de diferentes técnicas do Teatro do Oprimido e interiorização de alguns dos seus princípios

- Criação coletiva de uma apresentação de Teatro Fórum.

 

O que é o Teatro Fórum?

Teatro Fórum é uma das ferramentas do Teatro do Oprimido, um movimento artístico/político criado por Augusto Boal na década de 60 do século passado no Brasil, inspirado pela corrente Freiriana da pedagogia do oprimido. Este método sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais com o objectivo da desmecanização física e intelectual dos/as participantes permitindo o “ensaio” de alternativas para situações da vida quotidiana. Desta forma, o TO procura criar condições práticas para que o indivíduo se aproprie dos meios de produzir teatro ampliando as suas possibilidades de expressão. Uma característica fundamental do TO é estabelecer uma comunicação directa, activa e participada entre espectadores e actores. Boal fala mesmo do “espect-actor”, remetendo para a ideia de o individuo poder alternar entre fases de espectador da acção e de actor dessa mesma acção “exercitando-se para a acção na vida real e tomando conhecimento das possíveis consequências das suas acções”

 

Ficha Artística

 

Criação Colectiva e Interpretação

Artur Pereira, Augusto José Luís, Carlos Medina, Cynthia Sousa,Daniela Couceiro, Emílio Costa,Fernando André, Fernando Sá Pinto, Francisca Carvalho, José Miguel Oliveira, Manuel Teixeira, Mara Barros, Miguel Monteiro, Vilma Ranito

 

Texto original- Ricardo Mestre

Facilitadoras de Teatro Fórum - Janne Schröder e Maria João Mota (PELE)

Músico- Pedro Santos

Mediação Socioeducativa - Mara Barros (EAPN)

Produção Apuro - Fernando André

Produção PELE - Beatriz Brás

Comunicação- Rui David (Apuro)

Apoio - ASAS de Ramalde, Junta de Freguesia do Bonfim



Informações

Data: 10 de fevereiro, das 18h30 às 21h00

Local: Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim

Público alvo: Geral

Entrada livre, mediante reserva obrigatória

Marcação de reservas: reservas.apuro@gmail.com

Contacto de Imprensa: Rui David - 919114740

 



Os antecedentes

A iniciativa está enquadrada no projeto “SOMOS”, Existimos, Criamos, Somamos (P)ARTES – no âmbito de uma candidatura da Câmara Municipal do Porto ao Programa Operacional Norte 2020 do AIIA - Abordagens Integradas para a Inclusão Ativa, com o qual se pretende reforçar e qualificar o ecossistema de empreendedorismo social do Porto e capacitar, organizar, alinhar e mobilizar os agentes envolvidos na inovação social e, mais concretamente, na capacitação e integração social pela arte.

 



As (p)artes de um todo

Depois da iniciativa “Quem És Porto” - Bibliotecas Vivas, que reuniu em outubro várias dezenas de participantes decididos a contar a sua história de vida, esta oficina de Teatro Forúm é a segunda de três oficinas artísticas que compõem o projeto “SOMOS”, Existimos, Criamos, Somamos (P)ARTES e que entre 2021 e 2022 estão a trabalhar com diferentes grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social. E estas duas oficinas servirão de ponto de partida para um espetáculo final, a partir de um texto cénico que será construído a partir da experiência e dos contributos dos participantes das oficinas anteriores, ao qual se juntará uma estrutura artística profissional.

Se nas primeiras oficinas o centro é cada um dos participantes, nesta última, o centro será algo exterior a todos – um espetáculo! – em que todos e cada um contam como uma parte fundamental de um puzzle que ficará incompleto se alguma peça faltar. Da parte dos criadores há esta noção clara: “Nós precisamos de vocês, nós precisamos da vossa ajuda”. Estas são as bases da igualdade, da inter-dependência, da empatia que queremos que sejam a base de todo o processo, um processo em que pessoas em situação de vulnerabilidade se irão confrontar com a sua afirmação, proferindo frases empoderadoras como “Eu sou ator”, “Eu tenho a missão de interpretar esta personagem”, “Eu tenho a missão de fazer este espetáculo”, “Todos dependem de mim e eu dependo de todos”.

Este “Espetáculo P'ra Cidade” será dirigido pela Apuro Associação Cultural e Filantrópica e tem data prevista de estreia no segundo trimestre de 2022.



As (p)artes envolvidas

Saber Compreender

A Saber Compreender existe formalmente desde novembro de 2017 sendo uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover uma sociedade mais inclusiva, na qual, através do ativismo, as pessoas social e economicamente vulneráveis, em situação de privação, exclusão e risco, tenham acesso a condições para uma vida digna. Neste sentido as nossas ações orientam-se para o acompanhamento personalizado e individualizado dos cidadãos, promovendo a sua participação e envolvimento nos seus processos de inclusão e na defesa dos direitos humanos e em causas sociais. A este nível, importa referir que a Saber Compreender possui um Conselho Consultivo (que é constituído fundamentalmente por pessoas que vivenciam ou vivenciaram situações de sem-abrigo ou outro tipo de exclusão) onde impera o princípio da participação e onde a voz dos cidadãos na primeira pessoa é primordial. Para promover a voz dos cidadãos, a Associação tem apostado no desenvolvimento de metodologias participativas como por exemplo o Photovoice e as Bibliotecas Vivas onde os cidadãos são os verdadeiros protagonistas da ação. No entanto, temos consciência que estes processos não são fáceis e que nem todos os cidadãos se encontram no mesmo nível de participação. Por isso, temos de garantir as condições mínimas para que a participação se concretize: respeitar os interesses e as perceções das pessoas; tempo para participar e sobretudo informação. Muito dificilmente conseguiremos a participação das pessoas se estas não tiverem informação suficiente sobre as questões em análise e/ou em discussão. Por isso, a Saber Compreender possui know-how no desenvolvimento de processos participativos e a identificação de pessoas com estas vivências é facilitado pelo trabalho de proximidade que a associação desenvolve diariamente com estes públicos.

 

PELE, Associação Social e Cultural

 

A PELE é um coletivo que desenvolve projetos de criação artística enquanto espaços de reflexão, ação e participação cívica e política, potenciando processos de transformação individual e coletiva. Desde 2007 procura que a sua atuação se mantenha alinhada com as urgências dos territórios e das comunidades, privilegiando a acessibilidade e a participação artística em múltiplas centralidades. Através do cruzamento de públicos, sectores, linguagens artísticas, territórios e parceiros, gera espaços de tomada de decisão horizontais e modelos alternativos de criação coletiva.  

APURO, Associação Cultural e Filantrópica

A Apuro – Associação Cultural e Filantrópica foi fundada em 2012 e desde então produziu 76 produções culturais nas suas diversas áreas de atuação: Cinema, Teatro, Spoken Words, Novo-Circo, Música e Edição de Livros que correspondem a mais de 260 eventos.

Apoiou vários intermitentes do espetáculo e cidadãos em situação de carência e foi coordenadora do Eixo “Vozes do Silêncio” do NPISA – Porto entre 2016 e 2018. Com a nova estratégia nacional para os sem-abrigo, integra o “Eixo 4 – Participação e Cidadania” do NPISA. É membro da Rede Social do Porto.

Colaborou também com a Associação do Porto de Paralisia Cerebral tendo editado dois livros associados à mesma.

A Apuro conta com mais de 100 associados e estabeleceu-se como uma rede dinâmica de produção cultural e apoio social.