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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

Espólio musical do Porto dá o mote para exposição documental

Exposição «O Porto - Fragmentos da Vida Musical»

 

Porto, Casa Allen, 1 de Junho a 15 de Julho

 

Partituras, programas de concertos, cartazes, cadernos de notas e documentos relativos à organização de concertos na cidade do Porto compõem um vasto e variado acervo documental musical, datado dos séculos XIX e XX, e que está, atualmente, a ser alvo de um processo de inventariação, catalogação e digitalização.

 

O processo de inventariação, iniciado em fevereiro de 2017, está praticamente concluído, tendo sido registados cerca de 800 documentos, seguindo-se agora o processo de catalogação e digitalização.

 

Este acervo documental encontra-se sob tutela da Direção Regional de Cultura do Norte, que estabeleceu uma parceria com o Pólo do Instituto Politécnico do Porto do Centro de Estudos em Sociologia e Estética da Música (CESEM-P.PORTO), visando precisamente o tratamento do referido arquivo musical.

 

Entre os 800 documentos, encontram-se algumas raridades de extrema importância para o registo histórico da dinâmica musical do Porto nos séculos XIX e XX. Por exemplo, o Concerto para violino e orquestra do violinista e compositor Augusto Marques Pinto, que é o único concerto para violino do período romântico português; toda a produção musical do pianista Hernâni Torres, constituída por manuscritos autógrafos todos inéditos e documentos inéditos relativos à fundação de uma orquestra de câmara no Porto, na década de 1930.

 

Com o objetivo de divulgar este valioso espólio, será inaugurada na Casa Allen, no Porto, no próximo dia 1 de junho, pelas 18h00, a Exposição «O Porto – Fragmentos da Vida Musical». A inauguração será precedida de um momento musical protagonizado por alunos da ESMAE – P.PORTO e do Conservatório de Música do Porto.

 

A exposição «O Porto - Fragmentos da Vida Musical» tem a sua génese nas décadas 40 e 50 do séc. XX, na iniciativa de Bertino Daciano. É suportada pelo já referido acervo documental tendo sido complementada com documentação pessoal do compositor Lucien Lambert, pertencente à Coleção Vitorino Ribeiro, gentilmente cedida pela Câmara Municipal do Porto e com iconografia que o Conservatório de Música do Porto se prestou simpaticamente a emprestar.

 

Percorrer esta exposição é reviver o Porto musical dos primeiros 50 anos do séc. XX e conhecer mais um pedaço da história da música do Porto.

 

Enquadramento

Entre 1946 e 1954, o professor, historiador e musicógrafo Bertino Daciano (1901-1965) levou a cabo um trabalho notável de recolha de um conjunto significativo de acervos documentais pertencentes a algumas das figuras mais relevantes da música do Porto dos sécs. XIX e XX. Como o próprio escreveu, em 1947, o seu propósito era levar a cabo “uma campanha de reabilitação artística (…) de interesse nacional”, que consistia em “reunir todas as obras, manuscritas ou suas cópias, de compositores nacionais ou que entre nós têm vivido” para evitar que “de futuro, sofram injusto desvio”.

 

Bertino Daciano reuniu, assim, os espólios dos pianistas e compositores Lucien Lambert, Hernâni Torres e José Cassagne, do violinista e compositor Augusto Marques Pinto, do cantor e compositor Gustavo Romanoff Salvini, da cantora e professora Alexandrina Castagnoli de Brito e do médico e musicógrafo Alberto Brochado.

 

Atualmente, este acervo encontra-se sob tutela da Direção Regional da Cultura do Norte.