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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

Experimenta Extremadura reuniu escritores extremenhos e portugueses para abordar relações atuais e históricas

 

 

Presidente do Governo Regional da Extremadura marcou presença e valorizou a importância das relações entre a Extremadura e Portugal 

 

 

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Foi no final de tarde da passada quarta-feira que se realizou o Encontro de Escritores Extremadura – Portugal e a Apresentação do n.º 6 da Revista Suroeste, uma iniciativa inserida na Experimenta Extremadura. Este encontro juntou na Fundação José Saramago escritores portugueses e extremenhos, e contou com a presença e intervenção de Guillhermo Fernández Vara, Presidente do Governo Regional da Extremadura. 

 

Nas palavras de Guillermo Fernández Vara, as relações entre Portugal e Espanha já marcam a sua posição há muito tempo, referindo até que "quando as (nossas) histórias se encontram desde sempre unidas, nós também temos de estar unidos". Em iniciativas como a Experimenta Extremadura "temos a oportunidade de trabalhar e saborear muitíssimas coisas através do significado do conceito de fronteira, transfronteiriço e internacional", acrescentou o Presidente do Governo Regional da Extremadura valorizando o trabalho desenvolvido para aproximar as duas culturas, "nós temos um vínculo muito próximo com Portugal". 

 

Já durante a mesa redonda de escritores, moderada por Eduardo Moga, diretor da Editora da Extremadura e coordenador do Plano de Fomento de Leitura Regional, as relações literárias luso-extremenhas foram discutidas através da perspetiva e experiência de cada um dos escritores convidados.

 

O português Fernando Pinto do Amaral, poeta e crítico literário, recordou momentos da sua adolescência e o seu contato com Espanha e frisou que é bom contar com este tipo de relações. A  mesma ideia foi também reforçada por João de Melo, escritor e professor, ao falar do ensino da Língua Portuguesa nas escolas extremenhas, no MEIAC, Museu de Badajoz, que tem uma das melhores coleções de arte contemporânea portuguesa, e destacou ainda o trabalho das diferentes entidades extremenhas em manter viva esta relação em ambos os lados da fronteira.

 

María Jesús Fernández, professora na Universidade da Extremadura, também abordou a forma como jovens extremenhos se sentem interessados pela língua e cultura portuguesa e partilhou que existem (na Extremadura) clubes de leitura que se reúnem quinzenalmente onde os participantes partilham o prazer de ler, conhecer e ouvir autores de língua portuguesa.

 

Para Inês Pedrosa, escritora portuguesa, "cada autor é uma voz", por isso "é importante respeitar a singularidade de cada uma das línguas". Contudo, a escritora portuguesa identifica algumas lacunas nas publicações do ponto de vista do leitor, onde "um dos grandes problemas é que lemos traduções sem qualidade". A escritora referiu ainda que "a ibéria dá muita e boa leitura, mas publicam-se mais espanhóis em Portugal do que o contrário".    

 

Juan Ramón Santos, escritor e Presidente da Associação de Escritores Extremenhos, falou do surpreendente interesse dos estudantes extremenhos pela aprendizagem e ensino da Língua Portuguesa na região e do êxito das muitas iniciativas que se realizam com escritores portugueses na Extremadura.

 

Já para Antonio Sáez Delgado, escritor e professor na Universidade de Évora, "a Extremadura representa um ponto de encontro fundamental na Península Ibérica, com as suas características e localizada estrategicamente no centro, conseguindo assim favorecer o diálogo entre Espanha e Portugal". Partilhou ainda, em jeito de desafio às entidades presentes, o sonho de criar um centro de estudos ibéricos ou luso-espanhóis na “raia”, a sul do rio Tejo.

 

Após o encontro de escritores, teve lugar a apresentação do n.º 6 da revista literária Suroeste. Esta publicação tem vindo a consolidar o seu lugar, sendo o ponto de encontro entre as diferentes expressões literárias ibéricas. Antonio Saéz, que é também o diretor desta publicação,  afirmou que "a cooperação verdadeira não se faz desde cima, faz-se desde baixo", numa ideia de respeito pelos leitores e consumidores de literatura. 

 

Ao início da noite, o músico José Manuel Díez, mais conhecido por Duende Josele, brindou os presentes com uma pequena atuação musical com alguns apontamentos de leitura interpretada. Seguido ao concerto foi servido aos convidados vinho, presunto e queijo, oferecidos por "Produtos Alimentos de Extremadura".