Exposição de Pintura "memória da PEDRA" | Museu Interactivo do Megalitismo | Mora.
Exposição de Pintura "memória da PEDRA" de Maria Cecília Louraço.
Patente de 1 de Junho a 31 de Agosto na Sala de Actividades do Museu Interactivo do Megalitismo, em Mora.
Inauguração: 1 de Junho às 18h00
Patente de 1 de Junho a 31 de Agosto na Sala de Actividades do Museu Interactivo do Megalitismo, em Mora.
Inauguração: 1 de Junho às 18h00
Os caminhos voltaram a ser percorridos.
Foram terras visitadas e vividas, enquanto se mantiveram vivas as pessoas que a ela nos ligavam. Dessas, já só lá estão os filhos e os netos que nelas viveram enquanto cresciam, durante as férias.
Eram já somente lugares de avós. As notícias da geração anterior foram-lhes passadas pelos primos, numa corrente contínua de nomes, lugares, histórias, objectos que permaneciam, dando à casa a sua identidade. Objectos que serviram e foram tocados por outras mãos, num outro tempo. Os caminhos, as casas, os quintais e jardins voltaram a ser lugares de viver; terminava um ciclo e começava outro e depois outro...
O espírito do lugar dos avós tocou os netos, agora adultos, prontos para novo ciclo com novas histórias, novos objectos...
Esta é a história de uma família actual mas, bem podia ser a História da Humanidade, desde os tempos primordiais quando vivia nas entranhas da Terra, em total sintonia com a Natureza, agreste e violenta mas, simultaneamente, pródiga de matérias primas ao seu dispor.
Delas o Homem se foi apropriando, desenvolvendo modos de pensar e de fazer, cada vez mais aperfeiçoados e eficazes, essenciais à sua sobrevivência, num continuum de gerações.
A sua História está gravada no corpo da Terra – nas suas entranhas, nas paredes das grutas onde se recolhia, ou à superfície, nas pedras dos caminhos que percorreu e nos utensílios que com elas fabricou ou nos túmulos e lugares de culto que construiu.
Desde o infinitamente pequeno ao infinitamente grande, os ciclos de vida sucedem-se, uns curtos e simples, outros mais complexos e de maior duração, desde o momento mágico do encontro inicial até à morte física, acumulando sinais da passagem do tempo ao longo do processo.
É na paisagem que podemos ler os sinais dessa evolução da vida na Terra, em paralelo com o nosso ciclo de vida, não só a partir da sua evolução geológica natural, mas também da acção do homem, ao longo de sucessivas gerações.A paisagem contém, pois, uma carga simbólica muita expressiva do nosso próprio corpo e da sua evolução, enquanto seres vivos inteligentes que agem e constroem a sua história.
Tal como as civilizações se sucedem, deixando marcas da sua passagem nos lugares onde floresceram, ao longo dos tempos. Camada a camada sobrepõem-se os anos, os séculos, os milénios...
Maria Cecília Louraço