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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

Exposição “Emulsões Sensíveis” de Josefa Searle até 30 de Setembro

 Exposição “Emulsões Sensíveis” de Josefa Searle até 30 de Setembro no Gourmet Experience e na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa

 

Inauguração Exposição Josefa Searle 9.jpg

 
 

 

 

O Âmbito Cultural no Piso 6 do El Corte Inglés de Lisboa e o Gourmet Experience, no Piso 7, inauguraram esta sexta-feira, dia 1 de Julho, uma exposição fotográfica da artista chilena Josefa Searle, intitulada “Emulsões Sensíveis”. A exposição conta com 20 obras da fotógrafa e arquitecta e decorre até dia 30 de Setembro.
 
Adaptação da apresentação da exposição por Samantha Reis:
No meio das nossas realidades rápidas e vertiginosamente ambiciosas, Emulsões Sensíveis oferece-nos uma alternativa serena com uma mensagem poderosa. Demonstra que a beleza e o maravilhamento são eternos. Apesar do ambiente parecer nocivo, as imagens encapsulam um sentido de cura, trazem contemplação e lembram-nos que se tivermos um pouco de perspectiva podemos dançar através de desafios impossíveis.
 
Andando na posse de uma câmera, Searle permite-nos aceder ao seu ponto de vista. Um que vê até as coisas mais mundanas pelo que realmente são: "a vida a dar um espectáculo privado, só para nós".
 
Reflectindo claramente a sua experiência intrínseca de equilibrar uma formação de arquitetura através da fotografia, Searle rompe com a busca exaustiva e obsessiva da perfeição. Opondo-se às normas convencionais rígidas, duras, patriarcais, poderosas e machistas, ela aprecia a luz, as sensações, o efémero, priorizando a observação discreta e silenciosa.
 
Neste projeto, Searle captura a beleza ao passar sobre um terreno árido, com terras envelhecidas manchadas de púrpura e amarelo. Restos químicos tóxicos, estruturas de poder demolidas, milhares de pegadas e a evidenciada passagem do tempo. As suas imagens guardam a doçura da melodia do piano, as emoções poderosas dos movimentos dos bailarinos e a história pesada daquele momento e lugar. Ela transforma momentos que são únicos num convite tangível para fazermos uma pausa, sentirmos e nos conectar.
 
Este trabalho é uma seleção de vários momentos do videoclipe oficial de uma das músicas do pianista Roman Wróblewski. "Big Hug", uma peça do seu álbum de debut, criada a partir de um estado de limbo induzido pela pandemia e filmada por Andre Abrantini. Para além da melodia hipnotizante, as melodias neo-clássicas são expressas também através da dança interpretativa de Lucília Raimundo e Carolina Carloto, num local industrial abandonado e misterioso no Barreiro, Portugal.
 
Quimigal foi uma zona industrial fundada no início do século XX que albergou a antiga CUF (Companhia União Fabril - um dos mais antigos e maiores conglomerados industriais portugueses). Onde durante décadas foi produzido ácido sulfúrico (H₂SO₄), tipicamente utilizado no fabrico de fertilizantes, pigmentos, corantes, drogas, explosivos, sabões e detergentes. Por conseguinte, o site também tratou cinzas piritas, um resíduo da produção de H₂SO₄ que é prejudicial para o meio ambiente e a saúde quando mal gerido.
 
Mais de 8000 empregados trabalhavam no local, mas é a solidão e o vazio que hoje em dia preenchem os seus enormes espaços. Durante a Segunda Guerra Mundial, o local fechou as suas portas e a G.N.R. ocupou o seu interior para montar uma base militar. Logo depois, após a queda de Salazar, acabou por colapsar. Apesar da sua actual obsolescência, Searle de alguma forma consegue mostrar os restos fantasmagóricos do seu passado. O desmantelamento de sistemas arcaicos e a queda de estruturas antigas e avariadas. Mas, ao mesmo tempo, a junção das coisas. A união de elementos contrastantes faz-nos lembrar que o todo é muito maior do que a soma das suas partes.