LISBOA MISTURA: SAXOFONISTA E MC SOWETO KINCH TRAZ A PORTUGAL O MELHOR DA CENA JAZZ E HIP HOP BRITÂNICO
- 9 e 10 de setembro, das 16 às 24 horas
- Jardins do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta (Campo Grande)
- Acesso gratuito: festa, debates, concertos
Outro dos nomes internacionais em destaque no cartaz da 18º edição do Lisboa Mistura, além da cantora e bailarina Dobet Gnahoré, da Costa do Marfim, é o inglês Soweto Kinch. As duas estrelas estão no alinhamento do dia 9. O programa completo pode ser consultado em Lisboa Mistura | Sons da Lusofonia
O premiado saxofonista e MC londrino, que propõe uma original fusão de jazz e hip-hop, tem duas décadas de carreira e vários discos lançados em nome próprio. Os álbuns mais recentes são The Black Peril (2019), e White Juju (2022), álbum em que foi acompanhado pela The London Symphony Orchestra e pelo maestro Lee Reynolds.
O talento deste grande artista autodidata é reconhecido pela imprensa de referência:
“É uma justaposição inteligente e divertida de idiomas que leva o Jazz puro e o rap autêntico para um admirável mundo novo.” (The Guardian)
“O Mr. Kinch demonstra o que a Inglaterra tem para ensinar (aos EUA) sobre a narrativa do Hip-Hop. Fiquem atentos ao Mr. Kinch.” (The New York Times)
Soweto Kinch acumulou uma lista impressionante de distinções e prémios em ambos os lados do Atlântico – incluindo dois MOBO Awards para a Melhor Atuação de Jazz (2003, 2007), e a nomeação para o Mercury Prize para Melhor Álbum do Ano (2003).
Soweto Kinch é um dos poucos artistas com um diploma em História Moderna na Universidade de Oxford e, recentemente, alargou o seu trabalho no meios de comunicação musical, tornando-se o principal apresentador do programa Jazz Now, da BBC Radio 3, protagonizando o documentário Jazzology da BBC Four (2018)… e recebendo o título de Honorary Associateship no Hertford College e na Royal Academy of Music (2020).
Com uma discografia impressionante que abrange uma vasta gama de temas – desde os Sete Pecados Mortais até à escravatura/emancipação – a música de Soweto levou-o a fazer extensas digressões com os seus próprios ensembles, bem como a estabelecer colaborações duradouras dos EUA, da Índia à Austrália e do Sudão ao Brasil. Em 2013, Kinch apresentou um espetáculo do seu álbum conceitual The Legend of the Mike Smith no Birmingham Repertory Theatre – que fez uma digressão no The Belgrade Theatre (Conventry), The Albany (Deptford), Banlieux Bleues (Paris), e no Chat’s Palace (Hackney). Nonagram, o seu lançamento de 2016, é uma exploração da geometria sagrada e das propriedades curativas do som numa era de divisão.
O último álbum de estúdio de Kinch, The Black Peril (2019), é um trabalho de envolvimento político e racial, inspirado na história dos motins raciais que eclodiram em todo o mundo ocidental entre 1919 e 1921. O álbum explora as sonoridades do ragtime, proto-jazz, da música folclórica das Índias Ocidentais e das obras clássicas de compositores negros da época, revisitando uma época de grandes mudanças sociais, enquanto explora as ligações às atuais vertentes da música de dança, incluído o hip-hop e o trap.
O último lançamento de Kinch, White Juju, com a Orquestra Sinfónica de Londres, estreou em 2021, com lotação esgotada no Barbican Centre, em Londres. White Juju, é uma obra sinfónica inovadora que reflete os últimos três anos de guerras culturais, confinamentos e convulsões sociais. A peça foi apresentada com lotação esgotada no Printworks em Surrey Quays na passada primavera. Agora em desenvolvimento para a sua segunda fase, White Juju, fará uma digressão em Birmingham e internacionalmente em 2024.
PROGRAMA - LISBOA MISTURA
Uma organização: Associação Sons da Lusofonia | EGEAC Cultura em Lisboa
Dia 9 de setembro, sábado
16h00 – Debate: Lisboetas e Visibilidade – Museu
Conversa sobre uma Lisboa inclusiva: quantos dos lisboetas ainda não têm a visibilidade desejada nesta cidade com tantas culturas?
17h00 – Festa Intercultural - Palco 2
Apresentação de grupos de diferentes geoculturalidades que muitas vezes não têm acesso aos palcos centrais: Nomadikanti (Itália), Coletivo Gira (Brasil), Beniko Tanaka - Lisbon Ondo (Japão), Litá Band (Ucrânia), Mbalango (Moçambique),Toy e Emanuel Matos (Portugal) e As Tinas (Guiné)
19h30 - Orquestra de Percussão e Sopros (Projecto D´Improviso) - Portugal - Pátio das Tílias
Como pode a improvisação contribuir para influenciar a criatividade social? Projecto desenvolvido em 5 bairros de Lisboa.
20h00 – DJ A Mãe Dela - Portugal - Palco 2
Como podem as paisagens sonoras criar atmosferas que nos inspirem a partilhar mais o espaço comum. A Mãe Dela tem muita música sobre o assunto.
21h00 - Soweto Kinch Power Trio - Inglaterra - Palco 1
A rara e excelente combinação entre Hip-Hop e Jazz numa das vozes mais interessantes do panorama mundial revela-se neste grande músico negro inglês.
22h30 - Dobet Gnahore - Costa do Marfim - Palco 1
Cantora, bailarina, compositora e artista africana Dobet, vencedora de um GRAMMY, vem a Lisboa mostrar a sua arte inspirada na cultura da Costa-do-Marfim.
Dia 10 de setembro, domingo
16h00 – Debate: Arte participativa – Museu
Como pode a cocriação e a arte participativa criar nos artistas a consciência da urgência em trazer para a Cultura as comunidades dela afastadas?
17h00 – OPA (Oficina Portátil de Artes) - Portugal - Palco 2
A OPA é um projecto com a idade do Mistura e continua a dar todos os anos pistas sobre como os jovens dos bairros de Lisboa encaram a sua arte e a intervenção artística.
MC: Snails, Ró Lk, Golden Nora, John Do$
Producer: EVAWAVE
18h45 - JAZZOPA - Portugal - Palco 2
Este novo projecto, que nasceu há 2 anos, junta Spoken word com Jazz e Hip-Hop através da mistura de estilos de jovens de diferentes proveniências culturais e artísticas da cidade e suas periferias.
Instrumentistas: Débora King, Samuel Dias, Kiko Sá, Francisco Nogueira, Jery Bidan, Ricardo Rosas.
MC: Vileiro, YA SIN
Spoken Word: Vanessa Parish Crooks, Luis Perdigão
20h00 – DJ Tiago Pereira - Palco 2
O principal protagonista de A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria vem propor-nos escutar vozes e instrumentos que trazem consigo a ancestralidade e a tradição de um Portugal invisibilizado pela velocidade do “progresso”.
21h00 – Criatura - Portugal - Palco 1
A Criatura é um eclético bando de músicos, artistas e gente que se dedica a ecoar a memória popular do território que habita e que daí revisita a tradição
22h30 - Fogo Fogo - Portugal - Palco 1
Apresentação do novo disco Fladu Fla, um disco de Funaná à moda lusófona. Um final de Mistura para dançar e sair pronto para novas misturas e novos encontros.
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SOBRE LISBOA MISTURA
O primeiro evento intercultural deste género em Lisboa, que traz grandes atrações, acontece nos dias 9 e 10 de setembro, nos jardins do Museu de Lisboa - Palácio Pimenta, no Campo Grande, em Lisboa. São dois dias intensos, de música, encontros, conversas, oficinas, festa, muita partilha e misturas sociais, culturais, artísticas…
Lisboa Mistura é um evento cultural que celebra a comunidade urbana e a diversidade que integra o ADN da cidade de Lisboa.
O evento promove o encontro de pessoas e de comunidades através de espetáculos e encontros artísticos com diversos ritmos e várias tendências culturais para sentir o pulsar da cidade.
O Festival tem-se afirmado, desde 2006, como um espaço intercultural destinado ao conhecimento e à inscrição de novas linguagens e tendências tendo-se tornado um reflexo do enriquecimento, partilha, celebração e saudável confronto que nasceram dos encontros urbanos que marcam a contemporaneidade criativa da cidade de Lisboa nos últimos anos.
Lisboa Mistura multidisciplinar apoiado pela EGEAC que integra projectos nas áreas cultural e social. Vive do cruzamento intercultural e funciona como um lugar de observação e acção na cidade para compreender melhor os possíveis caminhos que se vão criando através das misturas, simples e complexas, que a toda a hora se concretizam.
No seu carácter inovador o Lisboa Mistura tem trazido ao centro da cidade vários projetos distintos dos bairros de Lisboa tornando a cidade um lugar de inclusão através dos encontros de artes, pessoas culturais e de projectos em que a qualidade artística causa um grande impacto social.
A cultura musical urbana é, como não podia deixar de ser, uma ponte para as dimensões sociais e políticas que integram o cosmopolitismo de uma Lisboa em mudanças aceleradas e nem todas tão humanas quanto gostaríamos. Num momento de grande dinamismo, a cidade respira positivas contradições e desafios que, embora globais, são intensamente íntimos, particulares. É necessário dar visibilidade à beleza da diferença, à herança da curiosidade. Desde sempre que o Lisboa Mistura se questiona sobre o humanismo da construção metapolítica, sobre a actividade cultural que precede o pensamento organizacional.
Lisboa Mistura é também um momento de construção da alegria necessária para vivermos lado a lado, resistindo à aniquilação da diferença.
LISBOA MISTURA – POR CARLOS MARTINS - Fundador e programador
“Nesta 18ª edição, o Lisboa Mistura quer ESCUTAR a cidade e o mundo à volta e pensar no futuro da cidade usando a cultura como ativação da cidadania na construção urbana. Queremos continuar a trabalhar para democratizar a cultura e para desacelerar a vertigem do ruído visual através de processos de escuta. E queremos acima de tudo dar palco às tradições e à inovação, sonora e do pensamento. Pode parecer pouco, mas se conseguíssemos pensar nas sonosferas como novos modelos de governança e de celebração da vida estaríamos a contribuir para uma grande mudança na forma como nos relacionamos entre nós e com as paisagens à nossa volta, ainda mesmo antes de as criarmos.
Só se “mistura” quem quer, mas temos de criar condições, espaço e tempo para os que anseiam por mais conexões e melhores condições para se exprimirem criativamente nos planos pessoais, coletivos, artísticos e espirituais.
O Lisboa Mistura junta pessoas e comunidades; culturas populares e eruditas; pensadores e criadores, arte e cidadania, todos no mesmo espaço, num ambiente profissional, profissionalizante, fraterno e aberto à cidade.
O Mistura é ainda mais pertinente quando a cidade de Lisboa se festivaliza cada vez mais a cada ano que passa. Lisboa não encontrou ainda a melhor forma de harmonizar os projetos culturais com a necessidade de ter uma estratégia social sustentada.
A festivalização da cultura, por promover a efemeridade e substituir cultura por entretenimento, não constrói sustentabilidade nem ajuda as pessoas a encontrar plataformas que mediem os seus interesses e aspirações com interesses privados. Por isso o Lisboa Mistura está mais do que nunca enquadrado nos bairros de Lisboa onde inscreve práticas artísticas e comunitárias experimentais que a partir do trabalho coletivo nos façam descobrir os lisboetas e o mundo e que olhem de forma diferente para as questões urgentes que se põem às comunidades. Lisboa tem que ser no mesmo esgar tradição e risco, não só turismo e gentrificação.”
SOBRE A ASSOCIAÇÃO SONS DA LUSOFONIA – ASL
A Associação Sons da Lusofonia promove intervenções abrangentes que aliam a intervenção social e a educação global à música e à interação entre
comunidades, pessoas e artes.
A ASL é uma Associação cultural sem fins lucrativos criada em 1996. Desde a sua fundação que um dos grandes objetivos da ASL é o de contribuir para a cooperação entre países geo-culturalmente diversos, promovendo o desenvolvimento de uma identidade baseada nas tradições, comuns ou não, orientadas para o futuro – criando uma plataforma de comunicação entre gerações e grupos com hábitos e heranças culturais diferentes.
Contribui assim para uma intervenção social e artística atenta às mudanças e estruturada na criatividade social. A ASL tem feito um trabalho de importância incontornável em prol da cultura portuguesa e da diversidade cultural e humana, ao longo de quase 27 anos, e a importância deste trabalho é reconhecida pelos agentes culturais, os vários públicos e pelos agentes institucionais nacionais e internacionais.
A Sons da Lusofonia é uma estrutura apoiada pelo Governo de Portugal/Cultura- DGArtes. O projecto D´Improviso é co-financiado pelo Programa Operacional
https://sonsdalusofonia.com/lisboa-mistura/