Lisboa recebe de 25 a 30 de junho a 2ª Mostra de Cinema do Brasil
O melhor do cinema contemporâneo brasileiro ganha uma nova e ainda mais completa edição no Cinema São Jorge; Mostra é organizada pela Embaixada do Brasil em parceria com a Linhas Produções Culturais
Depois do sucesso da primeira edição, em julho de 2018, quando levou um público de mais de 2 mil pessoas, a 2ª Mostra de Cinema do Brasil em Lisboa ganha este ano uma versão ainda mais completa. Serão ao todo 16 filmes, com a presença de artistas e diretores, e também uma sessão dedicada exclusivamente a alguns dos mais recentes e premiados curtas-metragens brasileiros. A Mostra é organizada pela Embaixada do Brasil em Lisboa, em parceria com o Cinema São Jorge e a Linhas Produções Culturais e acontece de 25 a 30 de junho, no Cinema São Jorge.
A sessão de abertura terá o filme O Beijo no Asfalto, estreia na direção do ator brasileiro Murilo Benício. No elenco estão nomes como Lázaro Ramos,Stenio Garcia, Débora Falabella e Augusto Madeira. O longa é baseado na peça homônima do maior dramaturgo brasileiro do século 20, Nelson Rodrigues, e foi escrita no começo dos anos 60. Ao presenciar um atropelamento, Arandir, um bancário recém-casado, tenta socorrer a vítima, mas o homem, quase morto, só tem tempo de realizar um último pedido: um beijo. Arandir beija o homem, mas seu ato é flagrado por seu sogro Aprígio e fotografado por Amado Ribeiro, um repórter policial sensacionalista.
Benicio traz uma proposta ousada no seu filme, filmado em preto e branco. No início, o ensaio do texto pelos artistas se intercala com as primeiras cenas, até que a história comece a ganhar um ritmo de perder o fôlego. A obra segue atual no dias de hoje, principalmente em um momento em que as questões sobre diversidade começam a ganhar cada vez mais espaço nas corporações, nas políticas públicas e também nos tribunais. A sessão será aberta em coquetel para convidados às 19h30, seguida da exibição do longa às 20h30.
A Mostra ainda traz como destaque o documentário Eu, meu pai e Os Cariocas, de Lúcia Veríssimo, que será exibido no dia 27, às 20h. Após a sessão haverá um debate sobre a obra com a diretora. O documentário mostra a história do Grupo Os Cariocas, formado em 1942 e que representa um marco da música popular brasileira, do samba-canção à bossa nova. O grupo começou a impressionar o mundo com seu estilo único de arranjos vocais. Filha do maestro Severino Filho, membro que mais tempo ficou no conjunto, Lúcia Veríssimo narra com a contribuição de inúmeros artistas e pesquisadores a história de Os Cariocas.
Quem é fã da música brasileira também não deve deixar de assistir ao documentário Damas do Samba (dia 28, às 17h), que traz uma retrospectiva da trajetória do samba ao longo da história, com destaque para a participação feminina, e também ao longa de ficção Todas as Canções de Amor, romance que traz no elenco Marina Ruy Barbosa, Bruno Gagliasso, Julio Andrade e Luiza Mariani. No filme, uma fita K7 gravada há décadas com um repertório de músicas românticas brasileiras das últimas décadas dá o tom para as histórias dos casais.
O bullyng cometido na adolescência com a divulgação de fotos nuas de parceiros e até mesmo a pedofilia são tratados em outros dois filmes: Ferrugem, de Aly Muritiba, e Aos Teus Olhos, de Carolina Jabor. Completam a Mostra os longas As Boas Maneiras, (fantasia | drama), de Juliana Rojas e Marcos Dutra, Divinas Divas (documentário), de Leandra Leal, Temporada (drama), de André Novais Oliveira, Talvez Uma História de Amor (comédia romântica), de Rodrigo Bernardo, O Animal Cordial (thriller | suspense), de Gabriela Amaral Almeida, Intimidade entre Estranhos (drama), de José Alvarenga Jr, Cinderela Pop (fantasia | comédia), de Bruno Garotti, Rasga Coração (drama), de Jorge Furtado, Irmão do Jorel (animação), de Juliano Enrico, e Mulheres Alteradas (comédia), de Luis Pinheiro.
Na visão de Luiz Alberto Figueiredo Machado, Embaixador do Brasil em Portugal, “o interesse dos portugueses pelo cinema brasileiro é grande e natural, dada nossa identidade linguística e nossa proximidade cultural.” Ainda segundo o Embaixador, “o número de produções brasileiras nos principais festivais de cinema de Lisboa evidencia que já era momento de uma Mostra somente de filmes nacionais”.
De acordo com Igor Trabuco, chefe da seção cultural da Embaixada do Brasil em Portugal, o evento se consolida no calendário cultural de Lisboa já neste segundo ano. “O sucesso da primeira edição deixou a percepção inequívoca de que há uma grande demanda do público português pelo cinema brasileiro. Ganham os portugueses, que têm a oportunidade de ver nossas mais recentes e premiadas produções, e ganham os brasileiros que aqui moram e que querem sempre estar atualizados com o melhor do nosso cinema”, afirma.
Para Fernanda Bulhões, diretora da Linhas Produções Culturais, o cinema brasileiro vive hoje um dos seus principais momentos de projeção internacional. Ela se refere às premiações recentes em Cannes dos filmes A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïonuz (vencedor da Mostra Um Certo Olhar), e Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, Prêmio do Júri da competição principal.
“Há sempre uma grande expectativa pelos filmes brasileiros nos festivais do exterior. Com as recentes premiações, mais que a expectativa também se espera muita qualidade. A Mostra deste ano, além de maior que a do ano passado, também se destaca pela diversidade, pela pluralidade de temas e gêneros, sempre com um olhar que procura guiar o público para além da tela do cinema”, afirma.
CURTAS
Alguns dos mais recentes e premiados curtas-metragens brasileiros também ganham uma sessão exclusiva no festival deste ano. No domingo, dia 30, às 17h, serão exibidos os curtas O Órfão, de Carolina Marcowicz (Queer Palm em Cannes/2018), Eu, Minha Mãe e Wallace, de Eduardo Carvalho e Marcos Carvalho (Melhor Curta pelo Público no Festival de Brasilia/2018), Guaxuma, de Nara Normande (Melhor Curta no Festival de Gramado/2018), Mesmo com Tanta Agonia, de Alice Andrade Drummond (Melhor Filme no Festival Lugar de Mulher é no Cinema/2019) e A Volta para Casa, de Diego Freitas, que acaba de ser lançado no Brasil e conta com Lima Duarte no papel principal.
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA
Durante todo o período da 2ª Mostra de Cinema do Brasil em Lisboa, o Cine São Jorge também vai abrigar uma exposição do fotógrafo brasileiro Daryan Dornelles, que também tem o apoio da Embaixada do Brasil em Lisboa. São mais de 100 imagens de alguns dos mais consagrados artistas brasileiros como Chico Buarque de Holanda, Fernanda Montenegro, Gilberto Gil, Wagner Moura e Maria Bethânia.
Formado em Cinema e Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF), sócio do estúdio Fotonauta, ele é um dos três profissionais brasileiros que mais publicaram retratos até hoje - cerca de 2.000. Suas fotografias já se transformaram em mais de 150 capas de discos e estampam diversas revistas nacionais e estrangeiras, entre elas Esquire, GQ, Rolling Stone e Vogue.