Mestre António Ole volta ao Porto 30 anos depois para expor «Corpo&Alma» na Galeria SALA 117
«Corpo&Alma» é a exposição do mestre António Ole que a Galeria SALA 117, no Porto, inaugura já no próximo dia 26 de maio. Passadas cerca de três décadas da última mostra nesta cidade, o artista angolano regressa ao Porto com obras inéditas.
Após uma retrospetiva, em 2016, no Museu Calouste Gulbenkian, esta exposição, que estará patente até 15 de julho, surge no ano em que se assinalam os 50 anos de trabalho artístico de António Ole (1967-2017), com destaque especial para o caráter ecléctico da sua obra.
É no desenho, a sua disciplina precursora, que assenta o conceito principal da exposição de Ole. A série de dez desenhos, «Alma&Circunstância», resulta de um “resgate” ao acervo íntimo do artista, reunindo esquissos e textos poéticos. A estrutura do desenho propaga-se para as pinturas - conversa acabada, conversa interrompida e Rakung -, onde a linguagem do corpo exerce preponderância, com soluções recorrentes à cultura africana. Assim, ao falar-se de eclectismo na obra de António Ole, manifestado na escolha dos materiais, no ensaio das aderências e inclusão de outras disciplinas, como a fotografia e o vídeo, há todo um caudal híbrido na matriz poética do artista que distingue a sua prática.
Na instalação «Corpo Fechado», regista-se uma breve incursão no domínio do profano e do sagrado, como se um nkisi se tratasse, protetor de muitos males que afligem o mundo.
A consciência social que atravessa parte substancial da sua obra, reflecte-se nas temáticas que tem vindo a abordar, sem receio de tocar assuntos incómodos, como a escravatura ou o colonialismo, concedendo-lhes a necessária perenidade para não serem esquecidos.
António Ole, nos seus 50 anos de percurso no mundo das artes, presenteia Portugal com uma exposição a não perder.
Sobre António Ole
Nascido em Luanda em 1951, o mestre António Ole é um dos nomes maiores da Artes Angolana, sendo o único artista a representar Angola na 57ª edição da prestigiada Bienal de Veneza, que irá decorrer entre 13 de maio e 26 de novembro, e onde será apresentado o projeto “Magnetic Memory / Historical Resonance”.
António Ole desenvolveu uma obra que vai da escultura à instalação, da pintura e colagem ao desenho e da fotografia ao filme. Com formação em Cinema, pelo American Film Institute de Los Angeles e em Cultura Afro-Americana pela Universidade da Califórnia, realizou a sua primeira exposição em 1967 e desde a sua estreia internacional, no Museum of African American Art de Los Angeles, em 1984, apresentou os seus trabalhos em várias exposições, bienais e festivais um pouco por todo o mundo, designadamente em Havana, São Paulo, Sevilha, Berlim, Joanesburgo, Dakar ou Amesterdão. Em 1975 ingressou, como realizador de programas, na Televisão Popular De Angola, experiência que lhe permitiu aprofundar de forma significativa o conhecimento do seu país de origem
Ole afirma-se como artista plástico, com esculturas inspiradas nos murais dos Tchokwe, produzindo também pintura moderna, cuja originalidade advém dos elementos tradicionais que são utilizados, sem rejeitar a polémica. Aos 19 anos, atraiu a atenção da crítica e do público, expondo no IV Salão de Arte Moderna de Luanda um quadro onde se pode ver o Papa Paulo VI a tomar a pílula.
Apesar de viver e desenvolver o seu trabalho em Angola, António Ole é hostil ao rótulo de artista africano, afirmando-se antes como um artista em trânsito pelo mundo e que absorve sempre algo pelos sítios onde passa.
Sobre a Galeria SALA 117
Constituída inicialmente como uma galeria itinerante, a SALA 117 dá particular atenção a projectos de relevante qualidade artística no domínio da Arte Contemporânea, pelo que a abertura do espaço na Rua Damião de Góis, no Porto, veio possibilitar um novo e alternativo ambiente, ponto de encontro entre artistas, obras de arte e público.
Os seus promotores, Olinda Magalhães e João Lopes, asseguram aos clientes um serviço de aconselhamento, avaliação e certificação de obras de arte.