O mandarim em cena no Teatro Municipal Joaquim Benite
O mandarim, de Eça de Queiroz, com encenação de Teresa Gafeira, estará em cena na sala experimental do Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, entre 11 e 22 de Novembro. O espectáculo é uma produção da Companhia de Teatro de Almada. No dia 14, às 18h00, haverá uma conversa com o público no foyer do TMJB.
O mandarim estreou em Novembro de 2014 e esgotou as 15 sessões que ao longo desse mês se realizaram. Ficámos a conhecer a história de Teodoro, o amanuense do Ministério do Reino que vê na morte de um mandarim decrépito a oportunidade de satisfazer as ambições burguesas que tanto alimentava. O Diabo tenta-o: para matar Ti Chin-Fu basta tocar a campainha, “como quem chama um criado” e sem que uma gota de sangue suje vergonhosamente os punhos da sua camisa. Teodoro cede. Mas o que se prepara para viver está longe da existência despreocupada e opulenta com que sonha.
Esta obra, que rompe com o naturalismo dominante da época, apela sem restrições à imaginação, mantendo ao mesmo tempo a veia realista, tipicamente queirosiana – por meio da crítica social que é inerente a este autor e ao seu legado. N’O mandarim mantém-se: a crítica incessante a um sistema político decadente, ao nepotismo, ao compadrio, aos preconceitos que guiam a sociedade, à burocracia; faz-se o retrato da burguesia frívola de Lisboa; e lança-se um olhar saudosista sobre a terra natal e os hábitos familiares. Nas palavras de Eça:“justamente porque esta obra pertence ao sonho e não à realidade, porque ela é inventada e não fruto da observação, ela caracteriza fielmente, ao que me parece, a tendência mais natural, mais espontânea do espírito português”.
Eça de Queiroz (1845-1900) é um dos maiores romancistas da nossa literatura. Para além de escritor, foi jornalista e diplomata, tendo sido cônsul em Havana, Newcastle, Bristol e Paris. Na sua obra distinguem-se três fases: a primeira, de influência romântica (até 1870, com O mistério da estrada de Sintra), a segunda, de afirmação do Realismo (1871-1880), e a terceira, aberta ao experimentalismo e à conciliação de influências diversas (nomeadamente com A cidade e as serras, publicada postumamente em 1901). O mandarim (1880) integra actualmente o Plano Nacional de Leitura como obra recomendada para o 9º ano de escolaridade.
FICHA ARTÍSTICA
Intérpretes: André Alves, Celestino Silva, Joana Franco Campos, João Farraia, Maria Frade e Pedro Walter
Dramaturgia Pedro Proença e Teresa Gafeira
Cenário e figurinos Ana Paula Rocha
Luz José Carlos Nascimento
Som Miguel Laureano
Voz e elocução Luís Madureira
Projecções Pedro Proença
TMJB | SALA EXPERIMENTAL | M/12 11 a 22 NOV | TER a QUI às 15h00 | SEX às 15h00 e às 21h30 | SÁB às 16h00 e às 21h30 | DOM às 16h00 PREÇO: 5€ a 10€ RESERVAS: +351 212 739 360 COMPRAR: http://cta.bilheteiraonline.pt/