O mês de março no Terras sem Sombra: Prémios, Serpa e Odemira
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Em março, o festival percorre mais dois concelhos do Baixo Alentejo: Serpa (2 e 3 de março) e Odemira (17 e 18 de março) onde os dois concertos programados estendem laços afectivos e musicais entre a Hungria e Portugal.
Em Serpa, o Festival apresenta, em estreia mundial, as Dez Canções Populares Húngaras, de Fernando Lopes-Graça. 64 anos depois de ter sido composto, este brilhante ciclo nunca foi escutado. O concerto, uma homenagem do Alentejo ao compositor português, revela as peças de Lopes-Graça e as canções da tradição popular húngara em o mestre que se inspirou. Para tal, coloca lado a lado, artistas lusos e húngaros, com a cantora lírica Cátia Moreso e os cantores magiares Hanga Kacksó e Áron Vára (também bailarino), acompanhados por Nuno Vieira de Almeida, ao piano – um grande conhecedor da obra de Lopes-Graça, de quem foi amigo – e por Béla Szerényi, na sanfona, na flauta e no “tárogató”. Um evento muito especial, em que dois músicos portugueses de referência são parceiros de jovens intérpretes húngaros, com a garantia interpretativa da Academia Liszt, e em que a música se conjuga com a dança.
No concerto de Odemira, por seu turno, o protagonismo cabe ao Vena Piano Trio. Este ensemble, que está a despertar grande interesse nos palcos europeus, reúne três artistas, oriundas de três países, todos eles formados, ao mais alto nível, na Academia Liszt: a pianista, Andrea Fernandes, é portuguesa e colabora com a Ópera de Budapeste, ao passo que a violinista e a violoncelista, Erzsebet Hutas e Kamila Słodkowska, são, respectivamente, húngara e polaca. Associa-se ao concerto o compositor português Eurico Carrapatoso, partilhando o programa com mestres dos séculos XIX e XX: Kodály, Hubay e Chopin.
As tardes de sábado são dedicadas, a partir das 15h00, a conhecer a monumentos extraordinários, geralmente inacessíveis ao público.
Em Serpa, no dia 2 de Março, o Terras sem Sombra abre as portas do Convento de Santo António, um dos mais notáveis exemplos da arquitectura tardo-gótica no Alentejo e um marco da história regional. A visita conta com a orientação de António Martins Quaresma (historiador) e José António Falcão (historiador da arte).
Quanto a Odemira, o alvo é um dos moinhos de vento do sítio dos “moinhos juntos”. Este equipamento recuperado pelo Município, encontra-se capaz de moer. Visitá-lo oferece uma ocasião para conhecer um património protoindustrial digno de atenção, mas também para se reflectir sobre o uso sustentável de energias renováveis, um dos grandes desafios que se colocam à sociedade actual. Com a orientação de Ana Tendeiro Gonçalves (antropóloga), António Martins Quaresma (historiador) e José Matias (técnico de museus), na tarde de sábado do dia 17 de Março.
Ambos os programas fecham no domingo com iniciativas de salvaguarda da biodiversidade que juntam a prática à teoria – todos os participantes são voluntários que dão uma mão à Mãe Natureza. Em Serpa, vamos conhecer e defender os olivais com 2000 anos que produzem um azeite muito apreciado pelas suas características singulares, com os engenheiros agrónomos José Pedro Fernandes de Oliveira e Francisco Garcia. E, em Odemira, partimos à descoberta da geo e da biodiversidade nas falésias, campos agrícolas e bosquetes do Cabo Sardão, que representa um habitat de grande interesse para a vida selvagem. Os orientadores são Rita Balbino (bióloga), Carlos Cupeto (geólogo) e António Martins Quaresma (historiador).
Todas as actividades são de acesso livre.