OUT.FEST
2 a 5 de Outubro
Dias 1, 2 e 3, Teatro Municipal do Barreiro: Workshop Carla Bozulich; Em parceria com a Arteviva - Companhia de Teatro do Barreiro
Dia 2, Be Jazz Cafe, 21h30 (8€)
Peter Brötzmann & Steve Noble
Por vezes delicados e swinging, por vezes emissão frontal free jazz, como patente no disco do ano passado na Trost Records 'I Am Here Where Are You', este ex-tra-or-di-ná-ri-o duo de saxofone & bateria apresentar-se-á em estreia nacional, no OUT.FEST no Barreiro e no Amplifest no Porto.
Norberto Lobo
Aclamado músico e guitarrista, original e independente, a quem já começam a escassear os superlativos para atribuir à sua música e percurso, desde que se estreou em disco com o clássico Mudar de Bina, em 2007. Terá novo disco a sair por alturas da sua passagem no festival, na editora suíça three:four records.
Dia 3, Escola de Jazz do Barreiro, 15h30 (livre)
Masterclass Peter Evans - Em parceria com a Escola de Jazz do Barreiro
Dia 3, Casa da Cultura da Baía do Tejo, 21h30 (12€)
Dean Blunt
Estratega pop elusivo e dedicado a sucessivas metamorfoses na sua prática artística – da música nos Hype Williams, a exposições de trabalho visual em nome próprio – , Dean Blunt, que acaba de ser capa e artigo central na revista Wire corrente, prepara-se para lançar o novo album ‘Black Metal’ na Rough Trade por alturas da sua visita ao Barreiro, depois do último e muito aclamado 'The Redeemer' do ano passado.
Fennesz
Compositor e músico austríaco decisivo na história recente do cânone da electrónica, Fennesz tem usado a guitarra e o computador para produzir alguma da linguagem musical mais vibrante e intensa neste campo, fundamentalmente desde a edição do clássico da nossa era, 'Endless Summer' em 2001. Lançou este ano o muito bem recebido novo álbum 'Bécs', num feliz regresso à editora Mego.
Peter Evans Quintet
Trompetista radicado em Nova Iorque, Peter Evans tem-se distinguido como um dos produtos mais evoluídos e avançados do estudo, num campo que une as prácticas e as histórias do trompete, do jazz e da composição contemporânea, na direcção do avanço destas formas, instrumentação e escola. Apresentar-se-á com o seu fenomenal quinteto, formado com Jim Black, Sam Pluta, Tom Blancarte e Carlos Homs, que ignitou comoção e reverência justificada no mundo do jazz aquando da edição do seu álbum de estreia - e único até ao momento - 'Ghosts', em 2011, na sua editora More is More
Dia 4, Be Jazz Cafe, Teatro Municipal do Barreiro, Escola de Jazz do Barreiro, 16h (livre)
Rodrigo Amado Wire Quartet
Rodrigo Amado é, actualmente, um dos músicos de jazz nacionais com maior projecção a nível internacional e o seu Wire Quartet, que finalmente lançou o seu primeiro registo homónimo na Clean Feed este ano, tendo recebido da crítica especializada laudos louvores, reune três dos mais intensos e criativos improvisadores do nosso país – o guitarrista Manuel Mota, o contrabaixista Hernâni Faustino e o baterista Gabriel Ferrandini. Amado procura levar nesta sua 'working band' mais longe o seu próprio conceito de liberdade, uma mistura poderosa de elementos em que o espírito do bebop e o fogo do free-jazz se unem sob o signo da improvisação livre e da composição em tempo real.
Open Mind Ensemble
Grupo sediado na capital que combina a Improvisação Livre com uma Direcção Musical. A direcção intervêm na criação que os músicos estão a produzir, no sentido de a conduzir originando uma estrutura musical, que também ela está a ser criada em tempo real. Isto possibilita um grande ecletismo de linguagens, grandes contrastes estilísticos, potenciando paradoxalmente tanto a criação individual muito pessoal de cada músico, como uma grande coesão de conjunto.
Formação:
Bruno Parrinha - Clarinete e Saxofone Soprano
Luis Vicente - Trompete
Miguel Mira - Violoncelo
Paulo Pimentel - Piano
João Lencastre - Bateria
Luis Bragança Gil - Direcção Musical/ Conductor
Carla Bozulich (turma workshop)
Dia 4, G.D. Ferroviários, 21h30, (12€)
Faust
'There is no group more mythical than Faust' escreveu Julian Cope no seu livro Krautrocksampler, onde contribuiu de forma decisiva para ilustrar a influência indelével do grupo alemão no desenvolvimento das texturas musicais ambientais e industriais a partir do início da década de 70. Estiveram na Virgin, que lançou o icónico 'The Faust Tapes' em 1973 - compêndio de gravações artesanais compilado por um fã -, colaboraram com Tony Conrad no incontornável 'Outside the Dream Syndicate', afastaram-se e regressaram na década de 90, então já com novo afecto e entendimento do mundo em redor sobre a sua proposta radical de músique concrète, Stockhausen e Velvet Underground, amiúde temas de uma beatitude pastoral de rara beleza. Na formação que se apresentará no Barreiro contaremos com duo nuclear actual da banda e membros originais Jean-Herve Peron e Werner "Zappi" Diermaier.
The Ex
Com origem no final da década de 70, logo se tornou claro o abnegado intento dos The Ex em direccionar a energia da música popular ao serviço de uma militância política.
Ao longo dos anos travaram-se de amores reciprocados com os Sonic Youth e uma cumplicidade com Steve Albini também vem de longe, para além do disco 'In the Fishtank 9' de 2001 gravado com os Tortoise, mas os The Ex não se limitaram a quedar no campeonato repisado das guitarras-baixo-bateria do continuum punk. Esta estrutura-atitude base tem vindo a integrar outros instrumentos - sopros, electrónica, acórdeão, .. - e idiomas musicais experimentados e celebrados no território de origem, como a colaboração em 2006 com o saxofonista etíope Getatchew Mekuria, oferecendo-se como a sua banda em estúdio para o disco 'Moa Anbessa', e o interesse por canções folk de latitudes diversas.
Magik Markers
Os Magik Markers regressaram no ano passado aos discos com o fabuloso 'Surrender To The Fantasy' na Drag City, promovendo-o com bem sucedidas tournées norte-americana e europeia, com passagem pela fúnebre edição 'End of an Era pt. 1' do histórico festival All Tomorrow Parties. Depois da vertigem prolífica e leonina entre 2005 e 2009, editando pelo menos 12 álbuns, CD-Rs, singles e EPs, o período seguinte a 'Balf Quarry' de 2009 pareceu indiciar uma hibernação ambígua. Mas estes carismáticos vândalos sónicos literados, que tomaram o seu tempo até aprimorar a sua escrita de canções para um nível de equilíbrio entre o intelegível e o mistério só ao alcance dos abençoados pela Perspectiva, regressam ao nosso país em trio renovado; a Elisa Ambrogio, guitarra e voz, e Pete Nolan, bateria, junta-se agora o baixista John Shaw.
Putas Bêbadas
Surgidos na ‘matilha’ continuamente agitadora e vital que é a Cafetra (editora e colectivo lisboeta que reúne alguma da mais promissora música nacional dos últimos anos), os Putas Bêbadas representam aquilo que de mais estertor e vicioso poderá ainda sobreviver no rock. Contando com elementos de bandas como Passos em Volta, Kimo Ameba ou Iguanas, encarnam a Cafetra no seu limite mais ruidoso, atirando com o punk para um vortex de som de onde se soltam palavras inintelígiveis a discorrer sobre banalidades tão estúpidas quanto perigosamente reais, de ironia a traço grosso – como seria de esperar de uma banda com este nome. Rock no limite do noise, numa “tradição” bastarda que passa pelos Germs, Dead C ou Rallizes Dénudes, que levou até a rasgados elogios da parte de Julian Cope ao álbum de estreia ‘Jovem Excelso Happy’ e a uma actuação no reputado festival Kraak em Bruxelas.
Dia 5, Igreja da Nª Srª do Rosário, 17h (livre)
Charles Cohen
Poderá soar a hipérbole, mas é a verdade: alguma da mais vital música electrónica que ouvimos em tempos recentes foi gravada há cerca de 30 anos por um artista norte-americano relativamente desconhecido de seu nome Charles Cohen. Inspirado pelos tons que ouviu na música de Morton Subotnick, foi no entanto o seu encanto pela música de Sun Ra e Cecil Taylor que o ajudou a encontrar o seu caminho original no que poderia ser tocar música electrónica de uma forma livre e fluída, no seu inseparável Buchla Music Easel, uma raridade originada pelo criador pioneiro de sintetizadores Donald Buchla. Sediado em Filadélfia e membro da comunidade local de música avant-garde após se ter aborrecido com os tempos de ensaios das produções de dança e teatro para as quais fazia música no início da década de 70 na Temple University, o seu arquivo de gravações tem vindo a ser editado no selo Morphine de Rabih Beaini desde o ano passado para incredulidade alargada da comunidade melómana. Tal se precipitou porque um amigo de Cohen estava em Berlim numa rave e reconheceu um dos temas como algo que o artista teria produzido cerca de duas ou três décadas atrás. Ao falar com o DJ no final, percebeu que este não fazia ideia alguma sobre o criador daquele trecho audio. De alguma forma esta história chegou aos ouvidos de Rabih Beaini, libânes sediado em Veneza que tem o seu próprio percurso enquanto produtor de techno sob o nome Morphosis, e convenceu Cohen a trabalhar com ele para dar a conhecer ao mundo o que tinha permanecido em circuitos restritos. Desde então Charles Cohen tem vindo a tocar cada vez mais na Europa, em festivais como o CTM em Berlim, Unsound em Cracóvia, entre outros, para além do contributo generoso que tem encetado em palestras, debates e workshops sobre o seu curioso percurso e método de trabalho.
Rabih Beaini
Produtor e DJ nascido no Líbano, Rabih Beaini (também conhecido por Morphosis) é reconhecido pelo seu techno analógico imaginativo e texturalmente intricado, inspirado pela sua devoção ao canône jazz. Os seus mais recentes albuns 'Albidaya' (Annihaya Records) e 'Dismantle/Music For Vampyr' (Honest Jon’s), seguiram-se à sua estreia em 2011 'What Have We Learned' (Delsin). Na sua editora Morphine, para além do prestigiado serviço prestado com a publicação da música de Charles Cohen, lançou também registos de produtores como Madteo, Hieroglyphic Being e Anthony 'Shake' Shakir.
++
>> Os bilhetes para cada noite, bem como os passes gerais preçados a 25€, já se encontram à venda na Bilheteira Online em http://outfest.bilheteiraonline.pt bem como nos locais habituais.