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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

Primeira sessão do Fórum de Debate Coletivo: Mitologias de Declínio e Renovação

 

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O Fórum de Debate Coletivo: Mitologias de Declínio e Renovação, uma iniciativa da Câmara Municipal de Torres Vedras, com curadoria de João Mateus, vai ter a sua primeira sessão no próximo dia 6 de março, pelas 18h00, na Paços - Galeria Municipal de Torres Vedras.

De referir que este fórum consistirá num conjunto de debates com o objetivo de discutir problemáticas do nosso tempo. O respeito pelo espaço que o humano ocupa, a utilização que faz dos recursos ou a forma como comunica entre si, são temas que atravessam a existência e que se pretende abordar na iniciativa, com o contributo de artistas e investigadores, convidando toda a comunidade para o diálogo. Colocar-se-ão à discussão questões como: Que impactos têm a forma como comunicamos e transmitimos conhecimento? Que mitologias dominam a nossa realidade? Que mitologias precisamos para sobreviver? Porque insistimos nas ideias de crescimento e expansão constantes?

“Produção Artística, Imagem e Representação” será o tema da primeira sessão do Fórum de Debate Coletivo: Mitologias de Declínio e Renovação, a qual terá como convidados Tânia Geiroto Marcelino, Rita Senra e Raquel Sousa. Relativamente a essa sessão, João Mateus refere o seguinte:

“Existe um certo alívio em reconhecer que estes são tempos de excesso e de deterioração. Tempos da mais prepotente arrogância, da quebra de laços sagrados, de contínua profanação e do mais obstinado desrespeito perante todos aqueles que apenas merecem descanso. Tempos de falsos testemunhos, de infindável sofrimento, da mais colossal devastação. Tempos de declínio. Mas declínio não se refere aqui à linguagem económica de uma «trajetória descendente» ou de «estagnação» – refere-se sim a uma alteração de direção. Declínio enquanto reconsideração de um modo de existência que se considerava perpétuo. Enquanto redução de uma voracidade.

Neste contexto, uma possível renovação surge apenas como consequência de uma diminuição de uma insaciabilidade inesgotável. E será um erro entender renovação como uma reinstituição de antigos valores. Fará mais sentido pensá-la como estimulação metabólica que implica aqui a perda de alguns elementos e a reativação de outros. Qualquer aquisição e libertação de energia só é possível através de vários movimentos cíclicos que evoluem e se renforçam mutuamente, a partir dos quais se estabelece um vínculo que desencadeia uma contínua evolução ou degeneração.

Torna-se necessário abdicar intencionalmente do que limita e corrói. E torna-se necessário refletir crítica e cuidadosamente sobre as imagens, histórias e mitologias que cada tempo conjura. Porque como outros pensadores já identificaram de forma astuta, importa considerar que histórias usamos para contar outras histórias, que descrições usamos para descrever, e que mitologias usamos para construir mundos. É sobre esta nova realidade que exige outras imagens, outras narrativas e outras práticas comunicativas que nos propomos debruçar”. 

A segunda sessão do Fórum de Debate Coletivo: Mitologias de Declínio e Renovação realizar-se-á no dia 8 de maio, subordinada ao tema “Falsidade da Imagem e o Futuro da Representação”.

 

João Mateus 
João Mateus (1995, Castelo Branco). Investigador independente. Licenciado em Desenho e Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas. Desenvolve trabalho no campo da imagem, teoria visual e epistemologia. Tem artigos publicados no CITAR Journal, CITCEM e Interact. Participou, enquanto orador convidado, no V Colóquio Narrativa, Média e Cognição (2018), IJUP (2019), Groove the City (2020), Workshop Archives in Lusophone Film (2020) e xCoAx 2022 (2022). Redigiu uma coluna mensal de análise e comentário político-cultural no jornal Badaladas de 2019 a 2021. Concebeu e coordenou o ciclo de conversas, debates e investigações “O Fim da Verdade Objetiva” no Atelier-Museu Júlio Pomar, em 2021. Coordenou a publicação homónima resultante desse projeto, editada pelo Atelier-Museu Júlio Pomar.

 

Raquel S. 
Raquel S. (1986, Monção). Estudou Filosofia e Estudos Literários, Culturais e Interartes. Trabalha a partir do Porto como dramaturga - escrevendo e dirigindo peças de sua autoria - e dramaturgista - acompanhando espetáculos de teatro e dança de várias companhias e adaptando textos de outros autores. Fundadora e diretora da estrutura Noitarder, que procura cruzar teatro, literatura e filosofia. A partir desta, estreou Longe (2018), amor.demónio (2021) e Ruído (2021). Foi uma das dramaturgas selecionadas na École des Maîtres 2020, no âmbito da qual escreveu o texto Carne (2021). Autora do livro-poema Fogo Lento e de diversos outros ensaios.

 

Rita Senra
Rita Senra (1993, Barcelos). Artista visual a viver e a trabalhar no Porto. Licenciada em Artes Visuais pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto. Desenvolve o seu trabalho artístico nas áreas do desenho e da instalação. É membro do Sismógrafo, espaço cultural no Porto, desde 2016. Apresenta trabalho desde 2013, do qual se destacam as exposições individuais: Corpo, imagem e sua perceção (2013), na Galeria Cozinha da Faculdade de Belas-Artes do Porto; Justamente Expostos (2014), no Projeto Expedição; e Legalenga (2019), no Sismógrafo. Conta com várias publicações e integrou, em 2016, a residência Papéis Cruzados, nas Oficinas do Convento, em Montemor-o-Novo, e, em 2019, a residência cruzada Porto/Clermont-Ferrand.

 

Tânia Geiroto Marcelino 
Tânia Geiroto Marcelino (1989, Lisboa). Artista visual independente, curadora e produtora cultural a viver e a trabalhar em Lisboa. Licenciada em Pintura (FBAUL) e Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas (FBAUP). Expõe o seu trabalho regularmente desde 2012, em exposições individuais e coletivas, residências artísticas e outros projetos. Expôs individualmente no Maus Hábitos/Saco Azul (Porto, 2017), na Rua das Gaivotas 6 (Lisboa, 2020) e no Duplex AIR (Lisboa, 2022). Colaborou também com projetos como Carpe Diem Arte e Pesquisa (Lisboa, 2013-14), Galeria Foco (Lisboa, 2019) e SLUICE (Londres-Barreiro, 2022). Atualmente encontra-se a produzir Hors Lits Lisboa – 3.ª ed. (Lisboa, 2023) e Cosmic Phase/Stage de Ana Libório, Bruno José Silva e João Estevens (2022-23). É Curadora em Residência nos Estúdios PADA (Barreiro, 2023).