SOBRE O ESPECTÁCULO E A ADAPTAÇÃO Replay Otelo é um espectáculo em 4K. A cena vive fora do palco e o espectador ocupa o seu lugar fora da plateia comum. Ele entra, ela sai, ele levanta-se e senta-se, sobe e desce escadas, interage - que ele disso gosta muito -, bebe um copo de vinho, que fica sempre bem numa coisa moderna, ele dança com ele e com ela, pode não ser politicamente correcto ou incorrecto e pode reagir... sim, porque não queremos que fique de fora. Não! Queremos que ele esteja lá e faça parte da acção, assim como uma espécie de estágio não remunerado, para ganhar a experiência - até porque os cachês dos actores estão incomportáveis e com eles não sei se seria melhor. Fala-se de racismo e de xenofobia, do ser estrangeiro e do “ser de cá e daqui”, das fronteiras e dos armários, do ser mulher num mundo de homens, ou um homem no mundo de mulheres... enfim. Não negamos nada nem ninguém, queremos falar de tudo, do hoje, do ontem e do futuro, da tecnologia, da alta definição! Definimos tudo. O tempo, o espaço, conseguimos quase tocar no personagem no écran... no palco. Ficamos com aquela vontade de espremer a borbulha infectada que está em erupção na cara do jovem actor. MAS, se não gostar do que está a ver, pode mudar de canal. Faz zapping, escolhe o programa e se quiser ir até á cozinha para ir buscar uma cerveja para acompanhar as pipocas também pode. Carrega no stop que a acção pára para o menino ir fazer chichi. Chegou atrasado ao teatro? Não faz mal! Replay Otelo tem uma box que lhe permite voltar atrás e ver até sete dias antes. Ele é home-cinema, home-theatre e não tem fidelização! BREVE DESCRIÇÃO DA COMPANHIA A Companhia Casa Cheia nasceu no verão de 2015 em Odivelas. O seu local de nascimento surgiu de uma tentativa de descentralização artística para as periferias de Lisboa. Desde o seu inicio que a Casa Cheia tem trabalhado com a Câmara Munincipal de Odivelas e com a Junta da Pontinha e Famões, de modo a permitir uma culturalização da população do concelho. Em paralelo com este trabalho para a comunidade, a companhia tem criado os seus espectáculos para o público geral contando já com 5 espectáculos sob a direcção de Miguel Mateus, trabalhando autores como Sófocles, Heiner Muller, John Kolvenbach, J. W. Goethe entre outros, procurando o paralelismo contemporâneo com textos clássicos. |