Rock in Rio vai plantar um milhão de árvores na Amazónia e promove concerto único em palco flutuante no Rio Negro
Ontem, dia 4 de Abril no Rio de Janeiro, o Rock in Rio realizou o lançamento do Amazonia Live – Projeto Social do Rock in Rio para todas as edições do festival até 2019. Foi apresentada uma grande campanha de mobilização que incentiva a população a abraçar a causa, sob o mote “Mais do que Árvores, Vamos Plantar Esperança”. O encontro contou com artistas, formadores de opinião e parceiros. Em Portugal, e dado o impacto mundial do projeto, o Amazonia Live conta com o apoio técnico e mobilizador da Quercus.
Segundo a Rede Amazónica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), de 1500 a 1977, cerca de 4,7% da Amazónia foi desflorestada. Só nos últimos 36 anos esse número subiu para 18%. Até 2013, o Brasil perdeu, segundo a Raisg, 632 mil km2 de florestas. A desflorestação afeta o clima e o equilíbrio das chuvas, afeta diretamente quem está perto, mas também quem vive longe da floresta. E o que é que o Rock in Rio tem a ver com isso? Tudo.
Para o Rock in Rio, a música é uma linguagem universal que une pessoas em todo o mundo através da emoção e é uma importante plataforma para as causas socioambientais. O pilar de sustentabilidade do festival — Por Um Mundo Melhor — foi criado em 2001 e já beneficiou milhares de pessoas no Brasil, em Portugal, Espanha, nos Estados Unidos e em diversos outros países. Os investimentos resultam da venda de bilhetes e de ações promovidas juntamente com os parceiros. Agora, a organização do festival inicia um movimento global que ajudará a restauração florestal da Amazónia e que tem como principal objetivo chamar a atenção das pessoas para a importância do consumo consciente dos recursos naturais do planeta, convidando-as a serem agentes ativos no combate às alterações climáticas através da sua própria mudança de comportamento.
A região da Amazónia é estratégica, já que abriga a mais importante reserva de biodiversidade do mundo, tendo um papel fundamental na redução do impacto do aquecimento global. A ação vai restaurar as áreas desflorestadas nas cabeceiras e nas nascentes do Rio Xingu.
“Pela primeira vez, estamos a adoptar globalmente uma causa comum que será promovida em todos os países onde o Rock in Rio está, e não só, estendendo-se pelas várias edições do evento. Estamos a garantir a plantação de um milhão de árvores e, com a ajuda dos parceiros e fãs do festival, queremos chegar a cerca de 3 milhões de novas árvores na região. Com esta ação, vamos chamar a atenção do mundo inteiro para um problema urgente e mostrar que é possível plantar, sobretudo, esperança. Para se ter uma ideia da importância desta iniciativa, segundo dados do ISA, uma floresta com 3 milhões de árvores transpira a cada dia cerca de 48 milhões de litros de água. Outro dado importante e que merece a nossa atenção é o fato da Amazónia ter 20% de toda a água doce do planeta e isso não se pode perder”, explica Roberto Medina, Presidente do Rock in Rio.
Pela influência que a região da Amazónia tem no equilíbrio climático do planeta, e sendo uma campanha que visa mobilizar a população para um problema global, a organização ambiental Quercus abraçou este projeto e será, em Portugal, um dos elementos mobilizadores e tem a responsabilidade da validação técnica do processo.
“Cerca de 90% de todas as catástrofes naturais registadas na Europa desde 1980 foram causadas direta ou indiretamente pelas alterações climáticas. Temos consciência que esta ação, ainda que aconteça na Amazónia, terá impacto e efeitos em todo o mundo, e é por isso que achamos que faz todo o sentido envolver Portugal neste projeto, contribuindo assim para um mundo melhor. Ter o apoio técnico e mobilizador da Quercus é, para nós, fundamental”, afirma Roberta Medina, vice-presidente executiva do Rock in Rio.
Para João Branco, Presidente da Quercus “o Amazonia Live é um projeto de uma dimensão e importância socioambiental inquestionável. Como tal, a Quercus não poderia ficar de fora. É com enorme dedicação que abraçamos esta causa, associando-nos a esta iniciativa e querendo ter um papel determinante, nomeadamente em Portugal. Queremos ser agentes ativos na sensibilização da população mundial e, mais especificamente, nacional, reforçando o apelo para que as pessoas mudem pequenas acções do seu dia-a-dia que poderão fazer toda a diferença no impacto ambiental em todo o mundo.”
O ponto alto do projeto será a 27 de agosto, o dia em que o Rock in Rio vai apresentar um espetáculo inovador que tem como foco principal a causa que defende. A organização vai montar um palco flutuante no Rio Negro, em Manaus (AM), e o espetáculo poderá ser visto em todo o mundo, através da transmissão de live streaming na internet, e também no Brasil, com a transmissão do canal de televisão Multishow. Apenas 200 pessoas, entre formadores de opinião e jornalistas, vão ter a oportunidade de assistir ao espetáculo no local, numa plataforma flutuante montada para o efeito. A apresentação contará com o tenor lírico Plácido Domingo, que vai atuar com a Orquestra Sinfónica, e ainda com o tenor Saulo Lucas*, que vai interpretar a canção “Canto Della Terra”. Para abrir o espectáculo, sobe ao palco flutuante Ivete Sangalo acompanhada também pela orquestra. Ainda em Manaus e na mesma data, Ivete Sangalo apresenta um espetáculo aberto ao público, com o objetivo de chamar a atenção da população para as questões socioambientais. Este espectáculo será também o momento que vai dar início à contagem decrescente para a próxima edição do Rock in Rio no Brasil, em 2017.
Paralelamente, o maior evento de música e entretenimento do mundo vai lançar, em Portugal e no Brasil, uma campanha publicitária com o ator Marcos Palmeira. A mensagem transmitida será um alerta para a importância do consumo consciente dos recursos naturais do planeta e uma sensibilização para que cada pessoa seja agente ativo no combate às alterações climáticas através da sua própria mudança de comportamento. Esta será uma campanha multimeios que vai também criar uma gigantesca mobilização nas redes sociais, convidando cada pessoa a plantar uma árvore na Amazónia. Em Portugal, o arranque da campanha de doações é já no dia 6 de abril, que estará disponível na plataforma em www.esolidar.com/rockinrioamazonialive. Na plataforma, estará disponível a opção de doação de árvores, permitindo assim que a população se envolva nesta causa, ajudando a aumentar a área reflorestada.
O investimento total nesta iniciativa será de quase 7 milhões de euros, incluindo custos de plantação, assistência técnica, monotorização e gestão, campanhas de media, produção do espetáculos e custos logísticos.
“Este é o grande investimento de uma empresa privada que pensa num retorno direto para o planeta e não para uma causa própria. E o investimento não será apenas financeiro, mas também uma união de esforços, com o envolvimento de figuras públicas e anónimos em prol de uma causa social e ambiental”, afirma Roberto Medina, Presidente do Rock in Rio.
A iniciativa do Rock in Rio para a plantação de árvores conta já com parceiros como Itaú, Manaus Luz, Manaus Ambiental (responsável pela captação e tratamento de águas na região) Banco Mundial, Universidade Estácio de Sá e a companhia aérea Gol. Além do um milhão de árvores garantido pelo festival, os parceiros também se comprometeram com a causa, subindo este número para os 2,1 milhões. A Universidade Estácio vai doar 100 mil árvores e mobilizar 500 mil alunos e 15 mil colaboradores a fazer o mesmo.
Para este projeto, o Rock in Rio associou-se a uma equipa de peso, garantindo assim o melhor resultado. A parceria envolve o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e o Instituto Socioambiental (ISA) e visa contribuir para a restauração florestal, para a recuperação das nascentes e matas nas margens dos rios e ainda gerar rendimentos, de forma participativa e inclusiva, para as comunidades locais.
Para a plantação das árvores será utilizado um mix de sementes chamado de muvuca, uma técnica escolhida e aprimorada pelo ISA para reproduzir o processo natural da floresta. Esta técnica utiliza sementeiras diretas e a experiência dos plantadores de árvores do Xingu-Araguaia prova que semear diretamente no chão, no seu local definitivo, é o melhor método para a maioria dos diversos tipos de árvores. Durante os três primeiros anos após a plantação serão publicadas notícias e relatórios técnicos sobre a situação das árvores e da floresta recuperada, garantindo transparência e monotorização para quem acreditou nesta causa.
"As melhores soluções são criadas de maneira partilhada e em Rede. Este é o ensinamento do nosso grande parceiro, a Rede de Sementes do Xingu. Nós, do ISA, e os mais de 420 coletores de sementes estamos animados com o desafio de plantar um milhão de árvores no coração do Brasil. Mas também muito empenhados em espalhar a mensagem de alerta sobre os riscos que a Amazónia enfrenta neste momento e o papel de cada pessoa nas questões socioambientais", afirma Rodrigo Junqueira, do ISA. Segundo ele, a Amazónia é responsável pelo controlo climático global e é a renovadora atmosférica da poluição causada pelo homem. “Sem ela, a capacidade de retirar o dióxido de carbono atmosférico ia concentrar-se unicamente no oceano, aumentando a temperatura da Terra e pondo em risco a vida de diversas espécies animais”, explica.
Por um mundo melhor: desde 2001, o Rock in Rio já investiu cerca de 24 milhões de euros em projetos sociais e ambientais
- 304 mil árvores plantadas até 2016 em projetos de reflorestação
- 100% de compensação das emissões do evento de gases com efeito estufa
- Mais de 200 entidades apoiadas
- Mais de 56 mil beneficiários apoiados anualmente em todo o mundo
- 100 Salas de aula em comunidades carentes do Rio de Janeiro
- 28 Projetos da UNESCO financiados
- 1 Escola na Tanzânia
- 1 Centro de saúde no Brasil
- 14 Salas sensoriais para cegos e jovens com deficiências
- 760 Painéis solares instalados em 38 escolas portuguesas. Este projeto ganhou o prémio internacional “Energy Globe Awards”
- 10 Salas de música em escolas públicas brasileiras
- 200 Instrumentos doados a 150 ONGs brasileiras
- 40 Jovens formados em assistente de Luthier
- 80 bolsas de estudo de dois anos em educação musical
- 632 refeições e 37.000 sandes doadas a instituições que apoiam famílias carentes em Portugal e nos EUA
A cada edição, o Rock in Rio compromete-se a implementar:
- Certificação na norma ISO 20121 – eventos sustentáveis
- Plano de sustentabilidade para a organização, patrocinadores e fornecedores
- Compensação da pegada carbónica
- Abrangente campanha sobre mobilidade sustentável
- Plano de mobilidade do público, incluindo espaços e acessos diferenciados e preparados para pessoas com mobilidade reduzida
- Campanhas de sensibilização sobre as boas práticas de sustentabilidade desenvolvidas para artistas, patrocinadores, fornecedores, público e comunidade
- Entrega de certificados Carbono Zero aos artistas, garantindo que o Rock in Rio compensa a sua pegada carbónica
- Exigente plano de gestão de resíduos para reduzir, reutilizar e reciclar o máximo de resíduos possíveis – alcançando uma taxa média de reciclagem global de 70%
- Doação de materiais reciclados ao final da cada edição do evento
- Doação de sobras alimentares em boas condições em Portugal e nos EUA
- Prémio para patrocinadores e fornecedores com as melhores práticas de sustentabilidade na Cidade do Rock – Rock in Rio Atitude Sustentável
Outras informações:
(*) – O tenor Saulo Lucas é um artista com deficiência visual e autista, sendo um exemplo de como a música pode transformar a vida das pessoas.