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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

SERRALVES // 04 DEZ 2020 A 20 JUN 2021 // LOUISE BOURGEOIS: DESLAÇAR UM TORMENTO

SERRALVES APRESENTA GRANDE EXPOSIÇÃO DE

LOUISE BOURGEOIS

UMA DAS MAIORES ARTISTAS DO SÉC XX

 

 

Louise Bourgeois: Deslaçar um tormento

 

Esta  grande exposição dedicada ao trabalho de Louise Bourgeois (Paris, 1911- Nova Iorque, 2010) cobre um arco temporal de sete décadas, revelando obras realizadas pela artista - considerada uma das mais relevantes artistas do séc. XX  - realizadas entre o final dos anos 1940 e 2010, o ano da sua morte, aos 98 anos.

 

Visitada e revisitada em inúmeras exposições realizadas durantes as últimas décadas, em diversos espaços museológicos do mundo inteiro, a vasta e singular obra de Louise Bourgeois lida com temas indelevelmente associados a vivências e acontecimentos traumáticos da sua infância – a família, a sexualidade, o corpo, a morte e o inconsciente  –  que a artista tratou e exorcizou através da sua prática artística.

 

Em esculturas, têxteis, livros, desenhos e instalações arquitetónicas, Louise Bourgeois deu expressão à tensão entre forças opostas — masculino/feminino, passivo/ativo, arquitetura/corpo, amor/ódio — através de equivalentes formais e simbólicos. Embora as raízes do seu trabalho possam ser encontradas num universo profundamente pessoal e introspetivo, foi capaz de exprimir emoções universais e a vulnerabilidade das nossas vidas quotidianas. A artista fez psicanálise durante vários anos e o conhecimento de si mesma e o discernimento que isso lhe trouxe refletem-se na sua arte. Expôs conscientemente os seus próprios traumas e emoções na sua obra, agregando narrativa pessoal e lucidez psicológica a uma extraordinária inovação artística.

Sentimentos de insucesso, receios, inveja, opressão ou rejeição e o impacto das nossas relações e interações com outros encontram nas suas obras uma forma física. Através delas, a artista convida o observador a confrontar-se com as suas emoções.

 

Esta visita ao universo de Louise Bourgeois reúne em Serralves 32 obras, que se estendem pelo Museu e pelo Parque de Serralves. No exterior, encimando o Parterre Central do Parque de Serralves, impõe-se talvez a mais emblemática das suas famosas Aranhas - Maman [Mamã],1999, uma das mais representativas da sua obra. Com oito esguias e gigantescas patas, Maman marca o seu território. No abdómen, esta aranha de aço e bronze carrega uma bolsa de ovos de mármore. Louise criou Maman como uma ode à sua mãe, tecelã de tapeçarias, sendo uma metáfora de reparação: tece a sua teia e repara-a quando danificada. Tal como a aranha protege os seus ovos, uma mãe tem de proteger os seus filhos. Ao mesmo tempo, também via a aranha como um autorretrato: constrói a sua própria arquitetura a partir do seu corpo, tal como ela criava esculturas a partir do seu interior psicológico.

 

Nas salas do museu, várias são as obras que levam o visitante a emergir no universo de Louise Bourgeois. Uma obra que abordou vários temas de diferentes perspetivas, ao longo do tempo, em diferentes materiais. E não se furtou a fazer confluir contradições. Por outras palavras, Bourgeois cultivava um jogo dinâmico entre facto e ficção — não é uma coincidência que a escrita tenha um lugar relevante no seu trabalho.

 

“O aspeto das minhas figuras é abstrato e poderão não parecer de todo figuras ao espectador. Elas são a expressão, em termos abstratos, de emoções e de estados de consciência. Os pintores do século XVII faziam “quadros de conversação”; as minhas esculturas poderiam ser chamadas “quadros de confrontação”.[1] Louise Bourgeois

 

A exposição LOUISE BOURGEOIS: DESLAÇAR UM TORMENTO é organizada pela Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea e o Glenstone Museum, Potomac, Maryland, EUA, em colaboração com a The Easton Foundation, Nova Iorque, e coproduzida com o Voorlinden Museum & Gardens, Wassenaar, Países Baixos.

 

A exposição  tem curadoria de Emily Wei Rales, Diretora e cofundadora do Glenstone Museum. Em Serralves, a exposição foi organizada por Philippe Vergne, Diretor do Museu, com Paula Fernandes, Curadora.

 

Esta exposição contou com o generoso apoio da Hauser & Wirth Gallery.

 

Fotos, legendas e créditos: https://we.tl/t-TYEI3rqACL

 

 

 

 

Sobre Louise Bourgeois(1911–2010)

Nasceu em Paris; os seus pais tinham uma galeria de tapeçarias e uma oficina de restauro. Antes de se dedicar completamente à arte, estudou matemática por um breve período de tempo na Sorbonne. Em 1938 conheceu o historiador de arte americano Robert Goldwater e casaram três meses após o seu primeiro encontro. Menos de um mês depois, emigrou para Nova Iorque. Depois de duas exposições a solo de pintura, Louise Bourgeois expôs em 1949 as suas primeiras esculturas, feitas de madeira. Embora obras suas tenham sido cedo adquiridas pelo Museum of Modern Art (MoMA), de um modo geral a artista permaneceu à margem do cânone da história da arte. Apenas nos anos 1980 o seu trabalho foi mais amplamente reconhecido. Em 1982 torna-se a primeira artista do sexo feminino a ter uma retrospetiva no MoMA. Pela mesma altura, publica uma narrativa autobiográfica descrevendo as experiências e os traumas da infância, que deixariam uma marca indelével na sua obra — uma obra que continuou a desenvolver até à sua morte, aos 98 anos.

A relação com os pais teria nela um impacto significativo. A mãe morreu de sequelas da gripe espanhola quando Louise tinha vinte anos. Durante a sua doença, foi Louise quem frequentemente tratou dela. O pai era um homem encantador, dominador e infiel. A sua morte em 1951 marcou profundamente a artista, agravando os seus sentimentos de abandono, depressão, culpa e traição. Louise Bourgeois fez psicanálise de forma intensiva de 1952 até meados dos anos 1960 e ao longo da vida continuou a envolver-se com as teorias da disciplina.

 

Sobre o Mecenas:

BPI e Fundação ”la Caixa”

A Fundação de Serralves, o BPI e a Fundação “la Caixa” estabeleceram um acordo de colaboração para o desenvolvimento de projetos de caráter social e cultural em Portugal, na sequência da entrada do BPI para o Grupo CaixaBank, que marcou o inicio da implementação dos programas e iniciativas de ação social da Fundação “la Caixa” no país, com o compromisso de alcançar um investimento de até 50 milhões de euros anuais nos próximos anos.

Um dos princípios de atuação da Fundação “la Caixa” é promover uma sociedade melhor, com enfoque especial nos grupos mais vulneráveis. A Fundação dá especial atenção aos seus programas estratégicos na área da integração laboral de pessoas em risco de exclusão social, da atenção aos idosos, do apoio às crianças e jovens em risco e da assistência às pessoas com doenças em estado avançado, promovendo ainda os Prémios de Solidariedade BPI “la Caixa”, em conjunto com o BPI. A Fundação “la Caixa” também atua na área da investigação na saúde e nas ciências sociais, e possui um prestigiado programa de bolsas de estudo. Em Portugal, incentiva ainda o desenvolvimento do interior do país através do programa Promove, nos eixos de gestão de recursos naturais, criação de polos de desenvolvimento e fixação de residentes. As atividades de divulgação cultural são também uma das grandes prioridades da Fundação “la Caixa” através da colaboração com uma vasta rede de museus e entidades culturais de referência, nacionais e internacionais.

Mais de 110 anos após a sua criação, a Fundação “la Caixa” representa hoje um modelo único de compromisso social e é primeira fundação de Espanha e uma das mais importantes do mundo.

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