O Blog Cultura de Borla em parceria com aCAMA a.c. tem bilhetes duplos para o espectáculo VARA no Teatro das Figuras em FARO no dia 12 de MaioCAMA a.c. | Facebook aos primeiros leitores que de 5 em 5 participações:
- enviem um mail para culturadeborla@sapo.pt com a frase "Eu quero ir ver VARA com o Cultura de Borla" com nome, BI e nº de telefone e sessão pretendida.
Só é aceite uma resposta válida por endereço de e-mail e por concorrente pelo que não adianta enviar mais do um e-mail.
Excepto em casos de força maior que deverão ser atempadamente comunicados através do email culturadeborla@sapo.pt, contamos que os participantes aproveitem os bilhetes que ganharam, portanto concorra apenas se tem a certeza que pode estar presente.
VÄRA é a quarta criação do coreógrafo Daniel Matos, produzida pela CAMA AC. O espetáculo surge da urgência de pensar o encontro criando um objeto coreográfico onde sete performers habitam um espaço rodeado por plásticos, como referência à exposição da carne num talho, enquanto procuram e potencializam a tentativa de um diálogo perdido num caminho efémero e comum.
Focada na envolvência cíclica que une espécies e conceitos como nascimento, perenidade, deterioração e transformação,Väraexplora através dos seus performers o encontro híbrido entre dois choros: o do nascimento de um bebé e aquele presente no leito da morte de um suíno, do qual não se sente piedade, cruzando-o com o estudo dos universos individuais de cada intérprete desenvolvendo um trabalho paralelo entre a sua biografia e a sua pegada no espectro emocional, físico e psicológico. Gera-se uma pesquisa híbrida, acompanhada pela música original de João Galante, que relaciona a procura do primitivo em cada um com a necessidade humana de pertencer a um coletivo.
A Sciaena - ONG portuguesa de conservação marinha - organiza, de 3 a 5 de março, a 5ª edição do Scianema, festival de cinema dedicado ao oceano, à sua preservação, e sensibilização e educação do público relativamente às principais ameaças que os mares enfrentam, e o que pode ser feito para recuperar e proteger os seres que neles habitam.
O Scianema decorre, como tem vindo a ser hábito, em Faro, sendo cada vez mais um marco na agenda cultural da cidade que tem acolhido este festival desde o início em 2016. Destaca-se, também, por ser o único festival de cinema ambiental exclusivamente dedicado ao oceano, em Portugal. Pela primeira vez, o festival decorre no Teatro Lethes, espaço icónico da capital algarvia, nas noites de 3, 4 e 5 de março, pelas 21h. Este evento tem entrada gratuita e no grande ecrã é apresentada uma diversidade de filmes e temas que surpreenderão, criarão debate e alterarão a nossa perceção do mundo marinho. Em cada noite, além dos filmes escolhidos, há também espaço para um breve debate com especialistas de cada tema e com os próprios realizadores dos filmes, onde o público poderá interagir, questionar e pensar o mar e o nosso lugar na sua proteção.
A primeira sessão do Scianema é às 21h de quinta-feira, dia 3, com a exibição do filme “Picture a Scientist”, de Sharon Shattuck e Ian Cheney. Este filme, que nos chega dos EUA, analisa o percurso da Mulher na ciência ao longo das últimas décadas, e as desigualdades, as pressões e abusos de que foi alvo. É um momento de confronto com uma realidade que permaneceu escondida durante largas décadas, que teremos a oportunidade de discutir após o filme com a investigadora Lisa Borges, especialista em ciência pesqueira há mais de 25 anos, que nos dará a sua perspetiva sobre esta realidade a nível nacional e global.
No segundo dia do festival, o Cineclube de Faro toma o leme da programação, tendo escolhido o filme “Se o Mar Deixar”, de Luís Alves de Matos - um cruzamento do olhar de um homem vindo da cidade sobre um homem do mar que habita uma aldeia piscatória, numa sessão que contará com a presença do realizador.
A 5ª edição do Scianema encerra no sábado, dia 5, numa noite dedicada à Ria Formosa, às suas gentes, biodiversidade e respetivas ameaças, com a exibição de dois documentários filmados nesta incrível zona costeira. Primeiro, mergulhamos para conhecer os cavalos-marinhos da Ria Formosa com o filme “Cavalos de Guerra” de João Rodrigues, e a luta para proteger aquela que já foi a maior população destes seres no mundo. Depois, teremos a estreia mundial do documentário “From Culatra”, da realizadora Ana Monteiro, que nos dará uma perspetiva única da Ilha da Culatra e do dia-a-dia da sua comunidade, a forma como evoluiu e como pretende evoluir. Para fechar, teremos uma conversa com ambos os realizadores para falar sobre as suas perceções e experiências na Ria Formosa.
“Foi um desafio dar continuidade aos nossos eventos virados para o público nos últimos dois anos, portanto dá-nos um enorme orgulho poder voltar ao mundo físico, e sobretudo realizarmos este evento pela primeira vez no incrível Teatro Lethes”, diz Nicolas Blanc, da Sciaena, sobre o evento. “É natural que tenha havido uma ligeira desconexão do público relativamente à natureza e ao oceano, tendo em conta as enormes adversidades que temos atravessado, mas é de uma importância enorme partilhar estes filmes, que nos mostram a beleza do oceano, mas também as ameaças que enfrenta, e o que podemos fazer enquanto indivíduos mas sobretudo enquanto sociedade para limitar os nossos impactos e recuperar a saúde dos nossos mares”, concluiu.
Para além do Teatro Lethes e do Cineclube de Faro, esta edição conta com a parceria da Associação Recreativa e Cultural de Músicos, o Centro de Ciências do Mar, o Centro de Investigação Marinha e Ambiental, o Erasmus Student Network Algarve, o Município de Faro, a Sociedade Recreativa Artística Farense e a RUA FM.
27 NOV/ AUDITÓRIO ARTE E CULTURA LUÍS TEIXEIRA, VALPAÇOS
4 DEZ/ PASSOS MANUEL, PORTO
5 DEZ/ SALÃO BRAZIL, COIMBRA
Dela Marmy, projecto de Joana Sequeira Duarte, estreia-se ao vivo com “Captured Fantasy”, tour de apresentação do álbum homónimo; um momento muito desejado e motivo de sorriso largo, por, finalmente, se completar o ciclo natural que vai desde a edição do disco até ao momento em que é tocado ao vivo.
Neste processo efémero e, por vezes, transcendente, em que público e artista estão envolvidos, as canções registadas em álbum ganham um novo corpo, nova textura, vulnerabilidade e densidade. Um lugar em permanente surpresa, mutação e desconforto que alimentam, saudavelmente, a pesquisa artística.
Captured Fantasy, o EP de 2020 produzido por Charlie Francis – e que conta com uma remistura de Sonic Boom para o tema “Old Human” – é uma pequena viagem que nos pede tempo. Atento aos detalhes, às pequenas coisas, às pequenas histórias e sensações. Atento às margens. Que apetece fazer mergulhar e fazer pensar. Intimista e universal.
Ao vivo, a Art Pop de Dela Marmy ocupa ambientes electrónicos flutuantes entre guitarras quentes e sintetizadores ondulantes.
O primeiro concerto acontece em Lisboa, no Musicbox (4 Novembro), seguindo-se Faro, no Festival *SIGA* (19 Novembro), Valpaços, no Auditório Arte e Cultura Luís Teixeira (27 Novembro), Porto, noPassos Manuel (4 Dezembro) e Coimbra, noSalão Brazil (5 Dezembro).
FICHA TÉCNICA
Voz, sintetizadores. Joana Sequeira Duarte
Guitarra. Ana Albino
Baixo. Vasco Abreu
Bateria. Lito Pedreira
Apoio. Fundação GDA
Info Concertos
4 Nov Musicbox, Lisboa – 22h30 – venda de bilhetes online e no dia à porta
Joana Sequeira Duarte tem desenvolvido o seu trabalho artístico no cruzamento interdisciplinar entre a Música e Performance.
Estreou o seu projecto Dela Marmy (Art Pop/ Rock Alternativo) em 2019, com o EP homónimo co-produzido por Nuno Roque e João Hasselberg. No ano seguinte, apresentou Captured Fantasy, com produção de Charlie Francis. Ambos os registos são edições de autor da KPRecords*KillPerfection. O mais recente lançamento, “Old Human”, é fruto de uma colaboração com Peter Kember (Sonic Boom, Spacemen 3).
Participou no Festival da Canção de 2017 com a autoria da letra “My Paradise” para a composição de Toli César Machado (GNR) e interpretação de David Gomes.
Durante vários anos integrou a banda The Happy Mess (synths e voz), tendo participado na criação de dois álbuns e ao vivo em inúmeros concertos, em auditórios e festivais, em Portugal e no estrangeiro.
Estudou piano na Escola de Música Osnabrück (Vilarandelo/ Valpaços) e concluiu o 5º Grau de Piano e Formação Musical (Conservatório de Música do Porto). Formada em Dança pela Escola Superior de Dança do IPL e em Arquitectura pela Universidade do Minho, especializou-se em Performance e Coreografia no Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança (Lisboa).
Como coreógrafa e música, o seu trabalho performativo tem-se debruçado, fundamentalmente, nestas duas áreas artísticas - nunca perdendo de vista as artes plásticas e visuais – como são exemplo: o dueto em co-criação com Lucia di Pietro, Fantastic Moments of Understanding; a peça de grupo The Dross; o solo That soundddddd buuuuufffffff; e os diferentes telediscos de Dela Marmy.
Como performer, foi intérprete de Madalena Brak-Lamy em Into the Tranquility e Passion Fruits e participou em Oil Aint’ All, JR do Teatro Praga, Sub-Reptício – Corpo Clandestino de Vera Mantero, Ana Borralho, João Galante e Manual de Instruções de Victor Hugo Pontes.
Festival Transdisciplinar de Artes Contemporâneas Lagos, Loulé e Faro 4 - 20 Novembro 2021
Uma bomba relógio prestes a explodir no Algarve com novos trabalhos de Pauliana Valente Pimentel, M̶i̶g̶u̶e̶l̶ Bonneville, ZA!, Sérgio Pelágio, entre muitos outros.
O Festival Verão Azul chega este ano à 10.ª edição e celebra uma década dedicada à descentralização e criação em arte contemporânea, e suas variantes e cruzamentos.
De 4 e 20 de Novembro, em Lagos, Loulé e Faro, o festival transdisciplinar de artes contemporâneas apresenta 29 surpreendentes propostas artísticas em áreas como fotografia, música, teatro, performance, cinema, entre outras, continuando a promover a forte criação e difusão de expressões artísticas e singularidades estéticas na região do Algarve.
Com direcção artística da dupla de artistas Ana Borralho e João Galante e curadoria de Catarina Saraiva, em 2021, a programação do Verão Azul centra-se em temas da contemporaneidade como o ambiente, os direitos humanos, a igualdade e a precariedade, através do que de mais experimental se faz na produção artística nacional, internacional e local.
Seguindo a lógica de interligação entre municípios do eixo Barlavento-Sotavento algarvio, em cada semana do evento, uma cidade será o centro do festival, com a missão de sensibilizar e de aproximar a comunidade às novas formas de arte. Com esse intuito, o programa aposta forte numa componente educativa, apresentando uma lista extensa de propostas para escolas e famílias.
No arranque do festival, a dia 4 de novembro, "Faro Oeste", a nova exposição da fotógrafa Pauliana Valente Pimentel, lança um olhar empático e intimista das comunidades ciganas locais, nomeadamente as das zonas de Faro, Loulé e Boliqueime. Esta nova colecção de fotografias vê o quotidiano destas famílias, realçando as suas tradições, com o intuito de combater preconceitos e estereótipos racistas e xenófobos de que são constantemente alvo. A mostra permanece em exibição até 19 de Dezembro, no Museu Municipal de Faro.
No Teatro das Figuras, o artista multidisciplinar M̶i̶g̶u̶e̶l̶ Bonneville, na performance “A Importância de Ser Alan Turing”, prossegue o projecto de uma série de espectáculos sobre as vidas e obras de artistas e pensadores cuja importância tem sido vital no seu percurso artístico. Neste trabalho, Bonneville toma como ponto de partida Alan Turing (1912-1954), o matemático, criptoanalista e cientista da computação de primeira geração.
Fruto do desafio feito pelo Verão Azul para três residências de criação, o colectivo de música catalão ZA! estreia “Cantos de Trabalho Impossíveis” - um concerto-fanfarra ou um espectáculo-percurso. Eduard Pou e Pau Rodríguez, actualizam o repertório tradicional das canções de trabalho algarvias centradas na agricultura e na pesca, que serão apresentadas numa caminhada, do hotel ao centro comercial, terminando no Teatro das Figuras, em Faro. O resultado é uma obra etno-musicológica feita através da experimentação e do humor, com a participação de cantores e improvisadores locais. Também em Faro.
Em Loulé, Tiago Gandra e de Daniel V. Melim, responsáveis pelo projecto Galeria de Arte Ambulante, estão ao volante do “Centro Cultural do Carro”, que é, simultaneamente, uma performance e uma exposição de artes plásticas. A partir de um velho Mercedes Benz, objecto automobilístico considerado em desuso, descobrem-se obras de arte nos seus mais ínfimos espaços interiores e exteriores. Uma galeria ambulante que junta peças pouco conhecidas de artistas consagrados às de artistas algarvios, para uma reflexão poética sobre o contexto de criação e a difícil relação da arte com o mercado. Os artistas promovem ainda duas actividades dedicadas ao público mais novo, em que este é convidado a transformar um carro num objecto de exposição.
No Centro Cultural de Lagos, em “Válvula”, o ilustrador António Jorge Gonçalves e o MC e activista Flávio Almada aka LBC Soldjah dirigem-se aos adolescentes, jovens e adultos com uma conferência-performance a partir da história do graffiti e do rap para nos transportar numa viagem com diversas perguntas que se cruzam com os direitos sociais e humanos. Ambos são ainda os condutores de masterclasses para jovens: António Jorge Gonçalves vai explicar o método e a dinâmica performativa do desenho digital em tempo real e Flávio Almada partilhar uma experiência exploratória e participativa no universo do hip-hop, por via do ritmo, de técnicas de escrita e da improvisação.
Com uma grande componente infanto-juvenil, o festival revela as “Histórias Magnéticas”, o projecto do guitarrista e compositor Sérgio Pelágio dedicado à composição de bandas sonoras para histórias infantis. Ao longo do Verão Azul o músico faz-se acompanhar da narração de Isabel Gaivão para, juntos, apresentarem um conjunto de histórias para guitarra eléctrica e voz, onde sobressaem temas como o ambiente, a democracia e os sonhos, seguido de uma oficina criativa para crianças.
A comunidade artística local também é chamada a intervir no Verão Azul. Através de uma convocatória a criadores que participaram no Programa de Formação Artística desenvolvido pelo festival em 2020, este ano a programação conta com Flávio Martins e José Jesus, com a performance sonora “Orelhas de Burro”, António Guerreiro e Carolina Cantinho, com o espectáculo de teatro e dança “Chama-se Amor, Amor”, e João Caiano e Martim Santos, com a peça de teatro “Ele Escreveu por 25 Tostões”.
Quem também mergulha no Verão Azul, de volta a Loulé, é o encenador brasileiro Alex Cassal, que traz “A Biblioteca do Fim do Mundo” - um espectáculo que recria a última noite antes do apocalipse, concebido para ser apresentado em bibliotecas, também com a participação da população local (uma ligação estabelecida durante a fase de criação no âmbito da residência artística Verão Azul). Neste mar cristalino, somos ainda confrontados com o alerta à devastação e à alteração da paisagem portuguesa, no poema visual da realizadora italiana Luciana Fina. “Questo è il piano” é um filme que pretende provocar um debate urgente sobre o ambiente.
Segundo a curadora Catarina Saraiva, “este ano focamos a atenção no encontro, na possibilidade de que cada peça permita criar um espaço para que cada espectador possa encontrar o seu íntimo e a sua alegria. Nesta edição trabalhámos para conseguir chegar a alguma felicidade, àquela que nos permita ter consciência da importância de viver. E de percebermos como por vezes, explodir não é negativo”.
Produzido pela associação cultural casaBranca, o Verão Azul tem financiamento da DG Artes e Câmara Municipal de Lagos, contando com co-produção com o Teatro das Figuras de Faro e a Câmara Municipal de Loulé.
Num mundo em constante mudança e sufoco, prestes a implodir, a transdisciplinaridade das artes contemporâneas apela ao despertar para uma inadiável e necessária transformação.
Tick Tack Tick Tack! Contagem decrescente para a 10.ª edição do Verão Azul, de 4 a 20 de Novembro.
SOBRE O FESTIVAL VERÃO AZUL
A 1.ª edição realizou-se em 2011 durante 4 dias, em Lagos, com uma programação essencialmente nacional. Sempre com direcção artística de Ana Boralho e João Galante, desde então, o festival estendeu-se também ao sotavento algarvio. Afirmando-se como um evento de características únicas na região, tem apresentado de forma continuada projectos de teatro, dança, performance, música, cinema e artes visuais, conciliando obras de artistas nacionais e estrangeiros, com um percurso já firmado e reconhecido, com projectos de jovens criadores de carácter mais experimental. Em 2018, abriu um novo ciclo e passou a festival bienal. Nos seus anos intercalares, dedica-se a trabalhar, juntamente com artistas convidados, a sua intenção artística de descentralização e aprofundamento de relações com os contextos, as comunidades e o tecido artístico locais, promovendo residências de criação, laboratórios de pesquisa e co-produções, cujos resultados serão apresentados em cada edição do festival.
Criticar e questionar a história para projectar um futuro bem mais justo é o mote para as arrebatadoras criações da coreógrafa brasileira Alice Ripoll e do artista visual e performer português Carlos Azeredo Mesquita, os grandes destaques na penúltima semana da programação artística da BoCA.
Estreia em Portugal da artista sonora Pan Daijing com performance imperdível no Panteão.
A BoCA Bienal continua a apresentar o seu extenso e desafiante corpo de programação desta 3.ª edição.
Em Almada, nos próximos sábado e domingo (9 e 10 de outubro), nos imponentes antigos estaleiros da Lisnave, a aclamada coreógrafa brasileira Alice Ripoll, juntamente com a Cia. REC, revela em Portugal a sua mais recente obra, "Lavagem". Neste espectáculo, pela primeira vez em Portugal, a realidade e a fantasia misturam-se em delírio, como num sonho apocalíptico. Com a ajuda de baldes, água e sabão, a performance investiga imagens ambivalentes a partir do acto de lavar, com desdobramentos cénicos e históricos observados criticamente. Os objectos utilizados desenvolvem-se em múltiplas imagens poéticas de êxodos, travessias, rituais, renascimento e resistência. Através dos vários significados que a palavra “lavagem” sugere no português do Brasil, como a “sujidade” nas expressões “lavagem de dinheiro” e “lavagem cerebral”, o espectáculo é um banho de espuma que nos abre o olhos para a dureza do mundo real.
Nos mesmos dias, também em Almada, mas na Casa da Dança/Ponto de Encontro, Alice Ripoll e os bailarinos, intérpretes e criadores da Cia. REC conduzem o workshop teórico-prático de dança “Experiências de Criação”, destinado a estudantes e profissionais de dança, teatro, performance, e curiosos em práticas do movimento. A coreógrafa propõe uma parte teórica onde revela o seu modo de dirigir e coreografar, com a partilha de experiências e de metodologias. Já os intérpretes da companhia de dança, apresentam exercícios práticos de criação e improvisação utilizadas pelo grupo, e falam sobre as suas experiências enquanto bailarinos e criadores. Os interessados podem fazer a sua inscrição através do preenchimento deste formulário.
Na outra margem do Tejo, em Lisboa, esta sexta e sábado (8 e 9 de outubro), Carlos Azeredo Mesquita apresenta no maat - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia a sua nova criação - a performance duracional “Über Alles”. O artista visual e performer português questiona a identidade nacional a partir dos símbolos, palavras e mitologias que participam na sua construção. Quais desses atributos e discursos devem continuar a dar significado à nossa nacionalidade? Durante três horas, os performers exploram um conjunto de pequenos hábitos e gestos infiltrados no quotidiano que desvendam a natureza banal e universal do nacionalismo moderno. Azeredo Mesquita coloca assim em causa os elementos associados ao hino nacional, na busca por uma reavaliação das dinâmicas de submissão, inclusão e exclusão que trazem consigo.
Sábado, dia 9 de outubro, em estreia absoluta em Portugal, a artista chinesa Pan Daijing toma de assalto o Panteão Nacional com a performance musical site-specific "Half a Name". As suas performances de grande escala desenvolvidas nos últimos anos, e que já tiveram honras nos mais consagrados museus da Europa, são envolventes experiências sensoriais que redefinem a noção de som, levando-o para lá de uma categoria puramente sonora.
Na capital continuam a performance duracional “Water in a Heatwave”, do artista canadiano Miles Greenberg, nas Carpintarias de São Lázaro, e a instalação de som e luz “Atavic Machine/Máquina Atávica”, do músico e artista visual, construtor sonoro e cénico Jonathan Uliel Saldanha, na Estufa Fria. Ambas mantêm-se até 10 de outubro.
Já em Faro, a programação artística da BoCA em Faro revela, esta semana, propostas exclusivas no feminino, entre a música, a performance e o teatro:
Os luso-franceses Papillons d’Éternité, que juntam a artista multidisciplinar Tânia Carvalho ao performer e músico Matthieu Ehrlacher, transportam os espectadores numa viagem sonora, com a colaboração do Grupo Folclórico de Faro (Teatro Lethes, dia 7). As coreógrafas e intérpretes Joana Castro e Maurícia | Neves apresentam “and STILL we MOVE”, uma peça autobiográfica e política que dialoga entre o concerto, a dança e a performance, e cujo ponto de partida é a fragilidade, enquanto potência e lugar poético (Teatro das Figuras, dia 8). “A Tralha” é o primeiro texto para teatro da rapper e escritora Capicua, na companhia de Tiago Barbosa, que dá voz e corpo a este monólogo sobre acumulação (anfiteatro do Parque Ribeirinho, dia 9). Dayana Lucas mostra a penúltima criação do projecto “Quero ver as minhas montanhas”: a performance “Cair Para o Alto”, onde desenvolve uma pesquisa prática na área do desenho, como algo vivido com o corpo (Fábrica da Cerveja, dia 10).
A BoCA chama à atenção para o workshop com o colectivo activista e feminista chileno LASTESIS, para mulheres e dissidentes de género, de 10 a 13 de outubro, no Museu da Cidade e na Praça da Liberdade, em Almada. Na convergência entre performance, design, moda, história, música e, claro, activismo político e social, as LASTESIS, pela primeira vez em solo nacional, vão coordenar um laboratório criativo gratuito, com a participação de cerca de 80 mulheres e dissidências, de idades e formações diversas. A ocasião culminará na estreia em Portugal da performance “Resistencia o la Reivindicación de un Derecho Colectivo”, no dia 13, na Praça da Liberdade. As inscrições estão abertas aqui.
PROGRAMAÇÃO BoCA BIENAL - 04.10 a 10.10
04 a 10.10 - Jonathan Uliel Saldanha "Atavic Machine/Máquina Atávica" - Estufa Fria (Lisboa) - 20h - 22h 07 a 10.10 - Miles Greenberg "Water in a Heatwave" - Carpintarias de São Lázaro (Lisboa) - 19h - 23h 07.10 - Papillons d’Éternité (Matthieu Ehrlacher e Tânia Carvalho) “ANAIVODOLETSAC” - Teatro Lethes (Faro) - 21h 08.10 - Joana Castro e Maurícia | Neves “and STILL we MOVE” - Teatro das Figuras (Faro) - 21h30 08 e 09.10 - Carlos Azeredo Mesquita “Über Alles” - maat - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Lisboa) - 18h - 21h 09.10 - Capicua “A Tralha” - Anfiteatro do Parque Ribeirinho (Faro) - 17h 09.10 - Terceira sessão Plantação de 7.000 Árvores - Alto de Monsanto (Lisboa) - 10h - 12h 09.10 - Pan Daijing “Half a Name” - Panteão Nacional (Lisboa) - 22h 09 e 10.10 - Workshop de dança Alice Ripoll e Cia. REC - Casa da Dança/Ponto de Encontro (Almada) - 10h - 13h 09 e 10.10 - Alice Ripoll “Lavagem” - Lisnave (Almada) - 20h 10.10 - Dayana Lucas “Cair para o Alto” - Fábrica da Cerveja (Faro) - 17h 10 a 13.10 - Workshop LASTESIS - Museu da Cidade e Praça da Liberdade (Almada)
De 3 de setembro a 17 de outubro, Prove You Are Human é o desafio da 3ª BoCA - Bienal de Artes Contemporâneas.
Começou no passado dia 3 de setembro, e prolonga-se até 17 de outubro, a 3.ª edição da BoCA Bienal de Artes Contemporâneas, em Lisboa, Almada e Faro. Sob o desafio Prove You Are Human, o arranque deu-se com a performance que integra a primeira instalação de grande escola de Grada Kilomba, “O Barco/The Boat”, no maat - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Praça do Carvão). Até agora, já houve oportunidade de se assistir à estreia da rapper Capicua na escrita para teatro, às vídeo instalações das artistas visuais Anne Imhof, Agnieszka Polska e Anastasia Sosunova e à instalação de Luís Lázaro Matos, “Une vague joyeuse/Uma onda feliz”. A actriz e encenadora Mónica Calle conduziu os espectadores por percursos intimistas, no espaço natural, entre a praia e as dunas da Costa da Caparica, Andreia Santana revelou um conjunto vivo de esculturas, vozes, corpos e músicas, no CCB, e Odete apresentou a performance “On Revelations and Muddy Becomings”, em Almada. Romeo Castellucci, um dos maiores nomes do teatro europeu, não deixou ninguém indiferente com a sua vídeo-instalação performativa “O Terceiro Reich”. Seguiram-se os concertos de António Poppe e La Família Gitana, entre a poesia e a música cigana, o orgão do Santuário do Cristo Rei tocado por Sarah Davachi, os espectáculos do coreógrafo, bailarino e filósofo Noé Soulier, a partilha do palco entre os Papillons d’Éternité (Matthieu Ehrlacher e Tânia Carvalho) e o Rancho Folclórico da Casa do Minho em Lisboa, e a primeira experiência de Gabriel Ferrandini com o Coro Gulbenkian. Os espectadores renderam-se ainda a “Trouble”, o musical que é também a estreia do realizador norte-americano Gus Van Sant no teatro. Também nas artes de palco, assistiram-se às peças do criador Tiago Cadete e do realizador Felipe Bragança em colaboração com a companhia Teatro GRIOT e a actriz Catarina Wallenstein. Na performance, a nova criação de André Uerba. E, nas telas do Cinema São Jorge, o encenador Rodrigo García e o realizador e fotógrafo Khalik Allah exibiram as suas últimas criações audiovisuais. “Denominação de Origem Controlada”, de Gustavo Sumpta, “Carrossel”, de Gustavo Ciríaco, “Monumento para Amadores - Solar Boat”, dos Musa paradisiaca, “Passeios Verdes”, de Diana Policarpo, e “Sobre um futuro de coexistência”, do colectivo Berru, são os trabalhos do projecto “Quero ver as minhas montanhas”, com a curadoria de Delfim Sardo e Sílvia Gomes, já conhecidos pelo público.
Festival Verão Azul abre no dia 17 de Outubro, com programação em Faro e Loulé.
Peça de teatro sobre um dos maiores desastres ambientais do Brasil e exposição de fotografia abrem Verão Azul
OVerão Azul — Festival Internacional de Artesarranca já no próximo dia 17 de Outubro e até 2 de Novembro vai estar entre Loulé, Faro e Lagos, com uma extensa programação de teatro, dança, música, performance, artes visuais e cinema. O festival — com direcção artística da dupla Ana Borralho e João Galante e curadoria de Catarina Saraiva — celebra o início da9ª ediçãocom a abertura da exposição “Expats”, de André Príncipe, na Associação 289, em Faro, e com a estreia nacional do espectáculo “Mining Stories”, dos belgas Silke Huysmans e Hannes Dereere, em Loulé, no Cine-Teatro Louletano.
A 9ª edição do Verão Azul - Festival Internacional de Artes realiza-se entre 17 de Outubro e 2 de Novembro, nas cidades de Loulé, Faro e Lagos. A Associação 289, em Faro, recebe na quinta-feira, 17, às 18h30, a inauguração de “Expats”, de André Príncipe, que regressa ao Verão Azul, desta vez num formato de exposição individual. O artista nasceu no Porto em 1976 e expõe regularmente o seu trabalho em Portugal e no estrangeiro. Em 2018, contou com duas exposições individuais — “Elefante”, no MAAT, em Lisboa, e “Non-fiction”, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. Trabalha como fotógrafo e cineasta; é fundador e co-editor da editora de livros Pierre von Kleist. A exposição fica patente até 22 de Dezembro e será de entrada gratuita.
Também na quinta-feira, em Loulé, o Verão Azul apresenta pela primeira vez em Portugal “Mining Stories”, da dupla belga Silke Huysmans e Hannes Dereere, às 21h30, no Cine-Teatro Louletano. Esta peça de teatro documental fala sobre aquele que chegou a ser considerado o maior desastre socioambiental do Brasil. No dia 5 de Novembro de 2015, uma barragem no município brasileiro de Mariana rebentou, provocando uma inundação de lama que devastou várias aldeias. Silke Huysmans cresceu em Minas Gerais e vinte anos depois regressou ao Brasil com Hannes Dereere para a construção desta viagem intrigante, que visita memória, política, religião e a forma de contar estórias. O bilhete para o espectáculo custa 5 euros e pode ser adquirido online ou nas bilheteiras do Cine-Teatro Louletano.
Nos camarins do Cine-Teatro Louletano, entre as 18h00 e às 20h30, será possível assistir à estreia absoluta de “In Between”, da artista polaca Paulina Szcesna. Trata-se de uma performance de 20 minutos entre a artista e um espectador, um encontro de costas com costas e onde não vale olhar para trás. “In Between” é apresentada nos dias 17, 19 e 25 de Outubro, no Cine-Teatro Louletano e em Faro, no Teatro das Figuras, dias 18, 24 e 26, entre as 18h00 e às 20h30. Com entrada gratuita, os interessados em participar devem inscrever-se previamente, enviando um email para info@festivalveraoazul.com .
O primeiro dia do festival encerra com a inauguração do ponto de encontro do Verão Azulem Loulé, onde será apresentado “Uma Viagem à Construção de Universos”, de 2Mikkers - Imaginário e Lágrima, projecto de spoken word de João Caiano e Martim Santos. O concerto realiza-se às 23h30, com entrada gratuita, no Auditório do Solar da Música Nova, situado no Conservatório de Música de Loulé - Francisco Rosado.
Verão Azul e Loulé Design Lab numa parceria pela reutilização
O Verão Azul tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas que promovem e intensificam a relação com a comunidade e tecido artístico locais. Como exemplo, a preparação do ponto de encontro do festival em Loulé, no Auditório do Solar da Música Nova, contará com a intervenção da designer Verónica Guerreiro e do artista Paulo Tomé, que vão disponibilizar e criar alguns objectos feitos a partir de materiais recicláveis. Em 2012, criaram o projecto Pidutournée Design e são actualmente residentes no Loulé Design Lab, parceiro desta iniciativa.
Primeiro fim-de-semana divide-se entre Faro e Loulé
Na sexta-feira, 18 de Outubro, o Teatro das Figuras, em Faro, recebe o controverso músico espanhol Niño de Elche, também conhecido como “o homem que bombardeou o flamenco”, segundo o jornal El Mundo. Às 21h30, será apresentado o seu mais recente projecto “Colombiana”, um disco que está a mudar a forma de ver a música em Espanha e em particular o flamenco. Os bilhetes custam entre 5 a 10 euros e encontram-se à venda online ou na bilheteira do Teatro das Figuras.
Durante o fim-de-semana, outros nomes vão passar pelo Verão Azul, como Ricardo J. Martins com “Variações à Guitarra Portuguesa” (Gimnásio Clube de Faro - Ponto de Encontro Verão Azul, 18 de Outubro, às 23h30); Cátia Pinheiro com “The Walk#2”, que convida o público a um percurso sonoro individual pelas ruas de Loulé (Ponto de partida: Convento do Espírito Santo, 18 e 19 de Outubro, a partir das 15h); Raquel André com “Colecção de Artistas”, terceiro volume da tetralogia “Colecção de Pessoas” (Cine-Teatro Louletano, 19 de Outubro, às 21h30); o concerto da rapper portuguesa Russa (Auditório do Solar da Música Nova, Loulé, 19 de Outubro, às 23h30); e Mil M2 (Mil Metros Quadrados), colectivo artístico chileno que vai percorrer as ruas de Faro com o “Proyecto Pregunta” (19 e 20 de Outubro, durante todo o dia).
Destaque ainda para o “Grupo de Crítica”, uma iniciativa gratuita destinada a artistas, jornalistas, críticos ou pessoas interessadas em escrita crítica. Esta actividade será constituída por um grupo limitado a dez participantes, mediante inscrição prévia, que irá acompanhar o festival e desenvolver textos sobre os espectáculos e artistas convidados para esta edição. Os primeiros dois momentos realizam-se já no próximo dia 18 de Outubro, com os belga Silke Huysmans e Hannes Dereere e com João Caiano. Os interessados deverão enviar email para info@festivalveraoazul.com
O Verão Azul apresenta-se pela primeira vez em formato bienal. Artistas nacionais e internacionais vão desafiar o público a pensar o conceito do Antropoceno - época que se caracteriza pelo impacto das acções do Homem no seu habitat. Até 2 de Novembro o programa contará com nomes, como Alessandro Sciarroni, André Uerba, Dewey Dell, Gabriel Ferrandini, Maria Reis (Pega Monstro), André Cepeda, Gustavo Ciríaco, Cláudia Gaiolas, Tiago Saga, Sílvia Real, Grupo 23: Silêncio!, Francisco Camacho, Márcia Lança e Nuno Lucas, João Salaviza e Renée Nader Messora, entre outros.
Produzido pela associação cultural casaBranca, o Verão Azul afirma-se, mais uma vez, como um evento de características únicas na região dedicado à promoção e difusão da criação contemporânea. Desde a sua primeira edição em 2011 em Lagos, o festival estendeu-se também ao sotavento algarvio, fidelizando públicos e construindo parcerias com um número cada vez maior de agentes e instituições - destacando-se as parcerias de co-produção com o Cine-Teatro Louletano e Teatro das Figuras e a integração no programa 365 Algarve, uma iniciativa das Secretarias de Estado da Cultura e do Turismo, com financiamento do Turismo de Portugal.
Festival decorre entre 17 de Outubro e 2 de Novembro, em Loulé, Faro e Lagos
Sob o mote “Pela Estrada Fora”, de Jack Kerouac, a 9ª edição do Verão Azul — festival internacional de artes volta a Loulé, Faro e Lagos, com propostas de teatro, dança, música, performance, artes visuais e cinema. Este ano em formato bienal, artistas nacionais e internacionais convidam o público a pensar o conceito do Antropoceno - época que se caracteriza pelo impacto das acções do Homem no seu habitat.
Verão Azul — festival internacional de artes regressa ao Algarve, entre 17 de Outubro e 2 de Novembro, com um total de 21 espectáculos, dos quais se podem contabilizar quatro estreias — duas nacionais e duas absolutas — e duas co-produções. Com Direcção artística da dupla Ana Borralho e João Galante e curadoria de Catarina Saraiva, o programa da 9ª edição contempla criadores consagrados do panorama artístico internacional, como o coreógrafo italiano Alessandro Sciarroni, recentemente distinguido com o Leão de Ouro da Bienal de Dança de Veneza 2019; ou Niño de Elche, o enfant-terrible do Flamenco; e nomes nacionais, como Tó Trips, Raquel André ou a rapper algarvia, Russa.
Este ano Loulé acolhe o espectáculo de abertura do Verão Azul. “Mining Stories”, dos belgas Silke Huysman e Hannes Derreere, é uma das duas estreias nacionais do festival e será apresentado em sessão única no dia 17 de Outubro, às 21h30, no Cine-Teatro Louletano. Trata-se de uma peça de teatro documental sobre o desastre ambiental Mariana, no Brasil. Uma viagem intrigante que visita memória, política, religião e a forma de contar estórias.
A outra estreia nacional é “Storm Atlas”, da companhia de dança italiana Dewey Dell, formada por Teodora, Demetrio, Agata Castellucci e Eugenio Resta. Um concerto-performance que procura encontrar a ligação entre som e movimento, onde músicos tocam ao vivo através de uma coreografia. “Storm Atlas” é apresentado no dia 24 de Outubro, às 23h00, no Teatro das Figuras, em Faro.
O encerramento do festival fica a cargo de Tó Trips e Tiago Gomes, no dia 2 de Novembro, às 21h30, no Centro Cultural de Lagos. “On the Road” (Pela Estrada Fora), é um espectáculo-viagem baseado no livro homónimo de Jack Kerouac, considerado a bíblia da beat generation. Os dois performers e o vídeo (realizado por Raquel Castro) remetem o espectador para a route 66, na busca do sonho americano.
Dançar as migrações com o Leão de Ouro da Bienal de Dança de Veneza 2019
“CHROMA_don’t be frightened of turning the page:”, de Alessandro Sciarroni, é um solo de dança hipnótico protagonizado pelo próprio e inspirado nos fluxos migratórios dos animais, mas também uma exploração dos aspectos físicos e psicológicos da intoxicação através do movimento. O espectáculo é apresentado no dia 26 de Outubro, às 21h30, no Teatro das Figuras, em Faro. Em 2019, o coreógrafo e bailarino italiano recebeu o Leão de Ouro da Bienal de Dança de Veneza, que já distinguiu os maiores nomes da dança contemporânea, como Pina Bausch, Anne Teresa De Keersmaeker ou Lucinda Childs.
O flamenco do futuro de Niño de Elche
Niño de Elche (nome artístico de Francisco Molina) apresenta no dia 18 de Outubro, às 21h30, no Teatro das Figuras, em Faro, o seu mais recente projecto “Colombiana”. Considerado pelo jornal espanhol El Mundo, como o “homem que bombardeou o flamenco”, neste novo projecto inspira-se nas canções de ida e volta. Não apenas guajiras ou milongas, mas também a soleá e a seguiriya, romances, cabales, peteneras e pregones no vasto Caribe Afro-Andaluz. E o fandango, claro.
Duas estreias mundiais
Um dos destaques é a estreia mundial do projecto “In Between” de Paulina Sz, uma performance de 20 minutos entre a artista polaca e um espectador. O projecto coloca duas pessoas de costas com costas sem olhar para trás e aborda questões como honestidade, presença, encontro e a relação com o outro. Recorde-se que a artista desenvolveu esta performance no âmbito do laboratório Shock Lab - Práticas Criativas em Contextos Periféricos, realizado em Faro e Loulé, em 2018. Estreia a 17 de Outubro no Cine-Teatro Louletano.
A outra estreia mundial decorre no dia 27 de Outubro, no Cine-Teatro Louletano. “A Laura Quer!” é um projecto de Sílvia Real em co-criação com o Grupo 23: Silêncio! e Francisco Camacho. Uma peça de dança e teatro, com adolescentes e crianças, voltado para o futuro e dirigido a todos os públicos a partir da pergunta: “Mas que futuro será este, ancorado nas incertezas deste intenso agora?”.
Formato bienal com duas co-produções
Em 2018, o Verão Azul abriu um novo ciclo e adoptou o formato bienal. Nos anos intercalares, dedica-se a trabalhar a sua intenção artística de descentralização com artistas convidados, promovendo residências de criação, laboratórios de pesquisa e co-produções, cujos resultados serão apresentados em cada edição do festival.
É o caso de Raquel André que, para “Colecção de Artistas”, uma das duas co-produções da edição de 2019 do festival, realizou duas residências artísticas no Algarve, em Faro e em Loulé. O espectáculo, que se estreia no dia 14 de setembro, no Teatro Nacional D. Maria II, é apresentado no dia 19 de outubro, às 21h30, no Cine-Teatro Louletano. Trata-se de uma colecção que se ocupa de cada artista, das suas práticas e ferramentas de trabalho, bem como dos seus pensamentos e biografias. O Verão Azul apresenta ainda “Colecção de Amantes” a 1 de Novembro, às 21h30, no Centro Cultural de Lagos. Estes dois trabalhos integram a tetralogia intitulada “Colecção de Pessoas”.
Outra co-produção desta edição do Verão Azul é “Entre Cães e Lobos”, do artista brasileiro Gustavo Ciríaco, que desenvolveu uma performance inspirada numa colecção de relatos e descrições de paisagens que apenas ficaram guardadas nas memórias de anciãos e de outras imaginadas e desenhadas por crianças. Para a criação de “Entre Cães e Lobos”, o artista realizou duas residências, uma em Lagos onde colaborou com um grupo de crianças e outra em Loulé com um grupo de séniores. O espectáculo pode ser visto, no dia 25 de Outubro, às 21h30, no Cine-Teatro Louletano.
Projectos no espaço público para envolver a comunidade
Cátia Pinheiro leva às ruas de Loulé (19 e 20 de Outubro) e de Lagos (1 e 2 de Novembro) “The Walk#2”, um percurso-áudio site-especific que se serve da cidade e das pequenas ficções dela extraídas para conduzir os espectadores numa viagem única e pessoal. Em Loulé, o início do percurso faz-se a partir do Convento do Espírito Santo e em Lagos, da Messe Militar de Lagos. As saídas serão individuais, com intervalo de quatro minutos entre cada espectador e os bilhetes podem ser adquiridos no Cine-Teatro Louletano e no Centro Cultural de Lagos. “The Wlak #2” foi desenvolvido no âmbito de uma residência realizada pela artista no Algarve.
O colectivo chileno MilM2 (mil metros quadrados) vai percorrer as ruas de Faro (19 e 20 de Outubro) e Quarteira (26 e 27 de Outubro) com o “Proyecto Pregunta”, um dispositivo que pretende incentivar a participação cívica, promover o debate no espaço público sobre questões sociais e que contará com a colaboração de um grupo de voluntários da comunidade local.
“Burn Time”, do coreógrafo e performer André Uerba, é uma performance que vai contar com a participação de 10 pessoas da comunidade local que serão selecionadas numa audição limitada a 25 participantes, no dia 17 de Outubro. O espectáculo será apresentado no dia 24 de Outubro, às 21h30, no Teatro das Figuras, em Faro. O bilhete (5 euros) para este espectáculo também dá acesso ao concerto-performance “Storm Atlas”, de Dewey Dell.
Exposição de André Príncipe e várias sessões de cinema
No dia 17 de Outubro, às 18h30, o festival inaugura “Expats - Viver num País Estrangeiro”, exposição individual do cineasta, fotógrafo e editor André Príncipe, na Associação 289, em Faro.
O Verão Azul vai exibir três filmes: “Braguino”, de Clément Cogitore (22 de Outubro, 21h30, CineClube de Faro), um documentário sobre duas famílias que vivem na floresta siberiana, isoladas, de forma auto suficiente e sem falarem entre si; “Raving Iran”, de Susanne Regina Meures (23 de Outubro, 21h00, Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé; 30 de Outubro, 21h30, no Galeria LAR, em Lagos), um filme sobre dois amigos DJs que vivem diariamente sob a ameaça da censura no Irão, num mundo secreto e underground, mas com uma vontade imensa para viver e realizar os seus sonhos; e “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, de João Salaviza e Renée Nader Messora (31 de Outubro, 21h30, Galeria LAR, em Lagos), que resulta do convívio de anos que os realizadores tiveram com o povo krahô no Norte do Brasil. Em 2018, o filme recebeu o prémio especial do júri da secção Un Certain Regard do Festival de Cannes.
Artistas algarvios actuam nos pontos de encontro do festival
Uma das novidades desta edição do Verão Azul passa pela criação de dois pontos de encontro, no Gimnásio Clube de Faro e Auditório do Solar da Música Nova (Loulé), que vão contar com actividade programática de entrada gratuita, como concertos, conversas e encontros informais entre público e criadores. Em Loulé, vão decorrer os concertos dos artistas algarvios 2Mikkers - Imaginário e Lágrima, de João Caiano e Martim Santos (17 de Outubro, 23h30) e Russa (19 de Outubro, 23h30). Aqui será, também, apresentado o concerto de Gabriel Ferrandini, Maria Reis (Pega Monstro) e André Cepeda (25 de Outubro, 23h30). Em Faro, realiza-se o concerto de mais um algarvio, Tiago Saga (24 de Outubro, 00h00) e do guitarrista e compositor Sérgio Pelágio (26 de Outubro, 23h00).
Actividades paralelas
O Verão Azul propõe um conjunto de actividades paralelas, como workshops de dança, com Gustavo Ciríaco (26 e 27 de Outubro, na Academia Iluminarte, em Loulé), e de Improvisação Musical, com Gabriel Ferrandini (26 de Outubro, na Mákina de Cena - Associação Cultural, em Loulé). Os valores dos workshops variam entre os 20 e os 10 euros, respectivamente.
Estão ainda previstas duas masterclasses gratuitas. No dia 26 de Outubro, na Casa da Cultura de Loulé decorre uma masterclass de fotografia com André Cepeda. No dia 2 de Novembro, na Galeria LAR em Lagos, realiza-se a masterclass de teatro, orientada por Raquel André.
Para incentivar a crítica nas artes performativas, será criado um grupo de crítica, constituído por espectadores que vão analisar os espectáculos, entrevistar artistas e produzir material que poderá ser publicado no site do Verão Azul. Esta actividade é aberta ao público em geral e será orientada pela curadoria do festival.
As inscrições para as actividades paralelas podem ser efectuadas através do endereço de e-mail info@festivalveraoazul.com .
Sessões para escolas
A programação do festival contempla dois espectáculos dedicados exclusivamente à comunidade escolar. “Antiprincesas - Clarice Lispector”, de Cláudia Gaiolas é um espectáculo inspirado na vida da escritora brasileira, que será apresentado no dia 25 de Outubro, às 10h30, no Parque Municipal de Loulé, e a 30 de Outubro, à mesma hora, no Parque da Cidade, em Lagos.
No dia 31 de Outubro, às 10h30, no Centro Cultural de Lagos, vai decorrer “Por esse Mundo Fora”, de Márcia Lança e Nuno Lucas, um espectáculo sobre como a curiosidade nos pode levar a superar os nossos limites.
Produzido pela associação cultural casaBranca, o Verão Azul afirma-se, mais uma vez, como um evento de características únicas na região dedicado à promoção e difusão da criação contemporânea. Desde a sua primeira edição em 2011 em Lagos, o festival estendeu-se também ao sotavento algarvio, fidelizando públicos e construindo parcerias com um número cada vez maior de agentes e instituições - destacando-se as parcerias de co-produção com o Cine-Teatro Louletano e Teatro das Figuras e a integração no programa 365 Algarve.
Ciclo de Concertos, de 28 de junho a 26 de julho, às 21:30
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e o Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja promovem entre os dias 28 de junho e 26 de julho de 2019 o ciclo “Música nas Catedrais”, na sua primeira edição.
Esta iniciativa, que se enquadra no projeto nacional Rota das Catedrais, é coordenada pelo Teatro Nacional de São Carlos, que assegura diretamente alguns concertos através do Coro do Teatro Nacional de São Carlos, em colaboração com a Orquestra Clássica do Sul, a Orquestra Filarmonia das Beiras e a Orquestra do Norte. O Ciclo tem o apoio mecenático da Fundação Millennium bcp.
Os concertos, com início às 21:30, têm entrada livre, sujeita à capacidade do espaço.
O Programa detalhado segue em anexo.
Santarém 28 de junho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Beja 11 de julho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Elvas 12 de julho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Faro 12 de julho Orquestra Clássica do Sul
Viseu 19 de julho Orquestra Filarmonia das Beiras
Braga 25 de julho Orquestra do Norte
Miranda do Douro 26 de julho Orquestra do Norte
Leiria 26 de julho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Orquestra Clássica do Sul
Orquestra Filarmonia das Beiras
Orquestra do Norte
Santarém 28 de junho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Beja 11 de julho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Elvas 12 de julho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Faro 12 de julho Orquestra Clássica do Sul
Viseu 19 de julho Orquestra Filarmonia das Beiras
Braga 25 de julho Orquestra do Norte
Miranda do Douro 26 de julho Orquestra do Norte
Leiria 26 de julho Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Concerto na Catedral de Santarém, Beja, Elvas e Leiria
Solistas do Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Soprano: Raquel Alão
Meio-Soprano: Ana Ferro
Tenor: João Queiroz
Barítono: Carlos Pedro Santos
Baixo: Nuno Dias
Piano: Kodo Yamagishi
Direção musical: Giovanni Andreoli
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Giuseppe Verdi (1813-1901), Nabucco
Giuseppe Verdi (1813-1901), I Lombardi alla prima crociata
Giuseppe Verdi (1813-1901), Forza del Destino
Pietro Mascagni (1863-1945), Cavalleria Rusticana
Pietro Mascagni (1863-1945), Iris
Alfredo Keil (1850-1907), Dona Branca
Gioachino Rossini (1792-1868), Mosè in Egitto
Giacomo Puccini (1858-1924), Tosca
O Coro do Teatro Nacional de São Carlos, um dos pilares artísticos da única instituição que no nosso país se dedica há mais de dois séculos ao género lírico, propõe-nos uma deambulação pela ópera romântica italiana, sublinhando o facto de a religiosidade ter assumido na mesma uma particular importância.
A viagem vai iniciar-se com o compositor que deixou na força expressiva dos coros algumas das páginas mais veementes da sua obra - Giuseppe Verdi, de quem começaremos por ouvir o universalmente amado e sempre atual Va pensiero, canto de dor de gentes oprimidas e afastadas à força da terra natal. Depois de outros coros verdianos, segue-se música de alguns outros compositores maiores italianos de ópera do século XIX: Pietro Mascagni (com dois hinos ao divino - o Innegiamo, de Cavalleria Rusticana e o Hino Ao Sol, da menos conhecida ópera Iris); Gioachino Rossini (génio risonho que foi dos mais cantados em São Carlos, mas que ouviremos na sua vertente trágica); Giacomo Puccini (com o Te deum que encerra o I ato da sua ópera Tosca, que decorre em Sant’Andrea della Valle). Terminaremos, assim, numa das mais belas igrejas de Roma.
A ópera portuguesa está representada por aquele que será o mais popular título da sua história: A Serrana de Alfredo Keil, um singular tributo à ruralidade portuguesa.
Concerto na Catedral de Faro
Soprano: Bárbara Barradas
Direção musical: Rui Pinheiro
Orquestra Clássica do Sul
Franz Joseph Haydn (1732-1809), Die Schöpfung, Hob.XXI:2 (Prelúdio e Ária n.º 4)
Frederick Delius (1862-1934), On Hearing the First Cuckoo in Spring (Ária n.º 8)
Frederick Delius (1862-1934), Summer night on the river (Recitativo e Ária (n.º 14 e 15)
Franz Joseph Haydn (1732-1809), Sinfonia n.º 95 em Dó menor, Hob I:95
A Orquestra Clássica do Sul propõe um programa em que energicamente se saúda e louva a Natureza. Inicia-se o concerto com dois trechos da monumental oratória A Criação de Joseph Haydn, que em 1797 tentou descrever musicalmente o mito judaico-cristão da Criação do Mundo baseando-se em alguns Livros d’ABíblia e no poema O Paraíso Perdido de John Milton. Embalados pelo grande poeta do tempo de Cromwell partiremos para Inglaterra, de onde prosseguiremos com Two Pieces for Small Orchestra de Frederik Delius, obras que também cantam assumidamente a Natureza.
A primeira – On Hearing the First Cuckoo in Spring– foicomposta em 1912 e estreada em Leipzig no ano seguinte. É uma evocação do campo e dos sons que aí se pode ouvir. A segunda peça intitula-se, não menos significativamente, Summer Night on the River.
A terminar, de novo a música de Joseph Haydn, compositor que na década de 1790 efetuou duas viagens a Londres que resultaram em duas séries de seis sinfonias. Estas doze obras ficaram conhecidas como as «Sinfonias Londrinas». São peças essenciais do repertório orquestral de Haydn. Muitas delas têm sugestivos títulos («Surpresa»; «Milagre»; «Militar», «Relógio»; «Toque de Tambor»; «Londres»), mas a Sinfonia n.º 95 não apresenta título algum - é, aliás, a única das doze sinfonias em questão escrita numa tonalidade menor (Dó menor) e a única que não tem uma introdução lenta no primeiro andamento.
Joseph Haydn teve uma longa vida que se estendeu dos finais do Barroco aos inícios do Romantismo e foi um dos mais importantes compositores do período clássico. Talvez a sua mais importante conquista tenha sido a cristalização da «Forma-Sonata» - esta, na sua ânsia de perfeição formal, faz-nos sonhar numa Humanidade em harmonia com o Cosmos.
Concerto na Catedral de Viseu
Soprano: Isabel Alcobia
Contratenor: João Paulo Azevedo
Órgão: João Santos
Direção musical: António Vassalo Lourenço
Orquestra Filarmonia das Beiras
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Georg Friedrich Händel (1685-1759)
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)
A Catedral ou Sé de Viseu, que começou a ganhar significado maior com a implantação da nacionalidade, sempre acolheu fraternalmente as diferentes correntes estéticas surgidas no decorrer da sua já tão longa viagem pelo tempo. O Barroco que foi, não esqueçamos, uma sensibilidade verdadeiramente europeia que transcendeu as mais vincadas divisões religiosas
que se opunham no continente, trouxe ao edifício importantes obras de talha, azulejaria e pintura, mantendo-o a par das correntes plásticas dominantes no século XVIII.
Assim, surge com naturalidade a música solene de dois dos maiores compositores barrocos alemães, homens que marcaram indelevelmente a linguagem e o sentir musical de parte da
Europa na primeira metade do século XVIII. Não será também estranho ouvir nesta Catedral, onde desde sempre se rezou a fé Apostólica Romana, estruturada pelo Concílio de Trento, obras musicais fundadas nas fés luterana ou anglicana. As monumentais Paixões e outras obras sacras de Bach (Magnificat, Oratória de Natal, Missa em Si menor, entre outras) ou as grandes oratórias bíblicas de Händel, com as suas estruturadas e grandiosas polifonias, o brilho dos seus metais e a sua intrínseca teatralidade sonora casam-se bem com esta arquitetura erguida ao Divino e que o mantém no centro de todas as convergências.
Com a música de Mozart saltaremos, a finalizar, para o estertor desse século XVIII. Apesar de obras como a Missa da Coroação, toda cheia de fulgor e majestade, há no compositor de Salzburgo um sentido humaníssimo do transcendente (não há retrato da morte como o do Requiem) e um sentimento tranquilo, quase infantil, do divino (ouça-se o Ave verum corpus).
Concerto na Catedral de Braga e de Miranda do Douro
Direção musical: José Ferreira Lobo
Orquestra do Norte
Richard Wagner (1813-1883), Siegfried-Idyll, WWV103
Ludwig van Beethoven (1770-1827), Sinfonia n.º 4 em Si Bemol Maior, op. 60
Idílio de Siegfried; ou a mais bela prenda de aniversário do mundo!
«Quando acordei ouvi um som que crescia continuamente; apercebi-me então que já não estava a sonhar, mas que estava a ouvir música, e que música! Quando esta terminou, Richard veio ter comigo com as cinco crianças e ofereceu-me a partitura da sua prenda sinfónica.» - palavras no Diário de Cosima Wagner, que recordam a prenda de aniversário que acabara de receber.
A composição tem um título bem mais arrevesado: «Idílio de Triebschen com canto de pássaros Fidi e nascer do sol alaranjado, prenda de aniversário sinfónica de Richard Wagner à sua Cosima». A obra foi composta em 1870 após o nascimento do último filho do casal, Siegfried Wagner (Fidi). A peça foi estreada nas escadas interiores da grande Villa de
Triebschen na manhã do dia 25 de dezembro de 1870, dia em que Cosima completava trinta e três anos. O poema sinfónicoteve, pois, uma génese extremamente íntima e familiar.
A Sinfonia n.° 4, em Si Bemol Maior, op. 60 de Beethoven foi escrita no verão de 1806 e está dedicada ao Conde Fransz von Oppersdorff, que a tinha encomendado ao compositor depois
de ter adorado ouvir a sua Sinfonia n.º 2. A obra foi estreada em março de 1807 dirigida pelo próprio Beethoven. Robert Schumann referir-se-ia à sinfonia como «uma esbelta donzela grega entre gigantes nórdicos». Foi escrita num tempo conturbado, ao contrário de Idílio de Siegfried.
Em Portugal, por exemplo, no final desse mesmo ano de 1807 a nossa corte iniciava a sua dramática partida para o Brasil. A Viena de Beethoven seria também em breve tomada por Napoleão e o Imperador pouco tempo depois casaria com uma Arquiduquesa austríaca.
De 11 de Maio a 7 de Julho, o trabalho do artista Nuno Moreira pode ser visto no primeiro piso do Museu Municipal de Faro.
Um ano após a sua participação nos Encontros de Fotografia de Lagoa (ENFOLA) o artista regressa ao Algarve, desta vez para apresentar a sua última série fotográfica, She Looks into Me, trabalho conceptual que deu origem a um livro de artista, e que se faz acompanhar por uma vídeo-instalação inédita.
She Looks into Me é uma série fotográfica concebida à semelhança do teatro. O título do projecto deriva de um poema do surrealista Paul Éulard, poema esse que tem também honras de abertura do livro para a qual a série foi concebida, sugerindo à partida o carácter imersivo das fotografias.
Esta série, que se encontra dividida em três capítulos (Being, Becoming, Unbecoming), parte de um estudo visual sobre o conceito de tragédia e relações humanas explorando através de uma coreografia de sombras e corpos os ciclos da vida e da morte.
Trata-se do terceiro foto-livro de Nuno Moreira, que precede ZONA (2015), no qual o fotógrafo contou com a colaboração do escritor José Luís Peixoto. Neste novo livro, as palavras ficam a cargo do letrista/poeta Adolfo Luxúria Canibal, que através de palavras-chave alude ao universo íntimo das fotos contidas no livro.
Partindo de uma abordagem figurativa o autor cria uma sequência de imagens com enfoque na simplificação da forma e nas nuances contidos em gestos e sombras: aspectos simbólicos representativos da maneira como nos relacionamos.
O livro de artista trata-se de uma edição limitada a 200 exemplares, podendo ser adquirido na entrada do Museu Municipal de Faro.
Nuno Moreira (Lisboa, 1982), expõe a sua obra regularmente desde 2006, em mostras individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro. Estudou cinema, especializando-se nas áreas de design editorial, com foco no design e concepção de livros. Paralelamente ao trabalho artístico, desenvolve actividade como director de arte estando ligado ao ensino durante vários anos.
Em 2013 ruma ao Japão onde residiu durante cerca de 4 anos. Os últimos trabalhos assumiram a forma de livros de artista, estando presentes em colecções públicas e privadas um pouco por todo o mundo, dos quais se destacam, State of Mind (2013), ZONA (2015) e She Looks into Me (2018).