5ª edição do Festival Internacional de Órgão: o elogio da história através da música
Na sua edição mais internacional, o FIO 2019 volta a percorrer mosteiros e igrejas de Famalicão e Santo Tirso, de 18 a 27 de outubro. Evento de entrada livre e gratuita, convida a uma viagem no tempo pelo som único do órgão.
A 5ª edição do FIO – Festival Internacional de Órgão regressa a Famalicão e Santo Tirso com uma agenda de concertos que tem como missão democratizar a música de órgão, reunindo alguns dos mestres europeus neste instrumento singular. De 18 a 27 de outubro, o festival itinerante percorre mosteiros e igrejas dos dois concelhos, reputados pela sua tradição em recuperação e produção de órgãos.
A particularidade deste festival, de entrada livre e gratuita, é homenagear a relação histórica entre órgãos e mosteiros ou igrejas, cuja acústica e cenário tornam cada concerto numa viagem multissensorial no tempo. Celebrando a 5ª edição, o FIO traz até ao norte do país reputados músicos de toda a Europa – Portugal, Espanha, Itália e Alemanha, para concertos de órgão ou outros instrumentos, como violino ou harpa, acompanhados por órgão.
Os concertos terão lugar em 6 mosteiros e igrejas, três em Famalicão e três em Santo Tirso, em órgãos autênticos – quer históricos, quer modernos – já existentes ou temporariamente colocados. A abertura acontece a 18 de outubro, na Igreja Matriz de Fontiscos, em Santo Tirso, com o trio Favola D’Argo, cujo organista, o italiano Marco Brescia, é diretor artístico e um dos mentores do festival, juntamente com Joaquim Manuel Silva, da JMS Organaria. A acompanhá-lo estará Rosana Orsini (soprano) e Luciano Botelho (tenor).
Marco Brescia destaca o carácter inclusivo e o impacto do FIO 2019 na cultura de órgão em Portugal, nomeadamente na região norte. “Ao longo destas 5 edições, reunimos mais de 5.700 pessoas para ouvir música de órgão, visitamos 20 mosteiros e igrejas e entusiasmamos a renovação de 8 órgãos existentes nestas paróquias. Este é um património único português – em Portugal há mais de 800 órgãos históricos, muitos a necessitar de intervenção, ficando só atrás de Espanha e Itália, no contexto europeu”.
“É por isso um orgulho trazer este elenco de músicos internacionais reputados para interpretarem repertórios históricos e tão especiais, nos nossos órgãos”, acrescenta Joaquim Manuel Silva, responsável pela JMS Organaria, empresa de Santo Tirso especializada em componentes e restauro de órgãos.
De salientar que Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso acolhem um cluster de oficinas e artesãos dedicados à produção e recuperação de órgãos, para todo o mundo.
PROGRAMA FIO 2019
Santo Tirso
18/10/19
21h00
Igreja Matriz de Fontiscos
Rossini / Bellini / Donizetti / Morandi: música para soprano, tenor e órgão
Ensemble Favola d'Argo (PRT/ITA/GBR), Rosana Orsini (soprano), Luciano Botelho (tenor) e Marco Brescia (órgão), órgão fixo Späth, 1976.
19/10/19
21h00
Igreja Matriz de Vilarinho
Recital de violino e órgão: obras de Bach e Telemann
Marcos Lázaro e Sérgio Silva (PRT), órgão positivo Späth, 1981, especialmente levado à igreja para a realização do concerto.
20/10/19
21h00
Mosteiro de Santo Tirso
Recital de órgão: obras de Cavazzoni, Gabrieli, Merulo, Frescobaldi, Scarlatti, Puccini, Madame Ravissa e Provesi
Letizia Romiti (ITA), realejo histórico atribuído a Manuel de Sá Couto, 1819-1822.
Vila Nova de Famalicão
25/10/19
21h00
Igreja Matriz de Telhado
Recital de órgão: obras de Frescobaldi, Scarlatti, Zipoli, Valerj, Bach e Telemann
Simona Fruscella (ITA), realejo histórico atribuído a Manuel de Sá Couto, 1836.
26/10/19
21h00
Igreja Matriz de Santa Maria de Oliveira
Harpa medieval e organetto
Manuel Vilas e Saskia Roures (ESP).
27/10/19
17h00
Igreja Matriz de Ribeirão
Recital de órgão: obras de Kaspar Kerll, Soler e Bach
Johannes Skudlik (DEU), órgão histórico António José dos Santos, 1874, e órgão Klais, 2018.
Sobre Marco Brescia, diretor artístico do festival
Marco Brescia, descendente de italianos, nasceu no Brasil e reside em Portugal desde 2007. O seu percurso divide-se pelo mundo, com passagens pelo Brasil e Espanha, onde aprofundou a sua paixão pelo órgão, no mestrado em Interpretação da Música Antiga/Órgão Histórico, pela Escola Superior de Música da Catalunya. Realizou depois um doutoramento em Ciências Musicais/Musicologia Histórica, pela Université Paris IV-Sorbonne/Universidade Nova de Lisboa.
Como intérprete, Marco Brescia é regularmente convidado pelos mais prestigiados festivais e ciclos internacionais de concertos da Europa e Américas, tendo colaborado com artistas e formações musicais de renome como Marco Beasley, José Luis González Uriol, Andrea Macinanti, Javier Artigas, Ministriles de Marsias, Real Filharmonía de Galicia, Favola d’Argo e Il Combattimento. Desde 2006, forma um aclamado duo com o soprano Rosana Orsini, com quem gravou o álbum “Angels and Mermaids: religious music in Oporto and Santiago de Compostela (18th / 19th century)” (Arkhé Music, 2016).
É diretor artístico do Festival Internacional de Órgão de Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso (PRT), para além de investigador da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Nova de Lisboa, integrado ao CESEM – Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical.