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Cultura de Borla

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TeCA: Festa de 15 Anos questiona as heranças da colonização

Espetáculo estreia-se no Porto, esta quinta-feira

TeCA: Festa de 15 Anos questiona

as heranças da colonização

 

Festa de 15 Anos 2 © João Tuna.jpg

 

Criação de Mickaël de Oliveira e Diego Bagagal leva a palco um “baile de debutantes” tingido pela tragédia e pelo horror

 

O espetáculo Festa de 15 Anos, mais recente criação do encenador e dramaturgo Mickaël de Oliveira, estreia-se amanhã no Teatro Carlos Alberto (TeCA), no Porto. A peça, desenvolvida em parceria com Diego Bagagal, nasceu em meados de 2015, em Belo Horizonte, no Brasil, como resultado de uma conversa entre os dois dramaturgos. Daí até à versão final do texto foi um verdadeiro salto temporal que culmina agora, após um primeiro adiamento motivado pela pandemia, na derradeira estreia na cidade Invicta. O espetáculo fica em cena até domingo.

 

Imaginando o “sofrimento de uma família rica e filantropa”, Mickaël de Oliveira e Diego Bagagal apresentam em Festa de 15 anos a história de uma família portuguesa endinheirada que adota um jovem brasileiro de ascendência indígena, com o intuito de nele encontrar um dador compatível para a filha mais nova, herdeira do vasto património familiar, que se encontra em risco de vida. Para receber o jovem, com aspetos identitários desconhecidos, a família decide organizar uma festa para celebrar os seus supostos 15 anos.

 

Para esta alegoria, Mickaël de Oliveira inspirou-se no cinema de terror. A sombra da sétima arte em palco foi de resto materializada com um convite ao realizador Simão Cayatte para colaborar na criação de um teatro cinematográfico. Questionando as heranças da colonização, num encontro entre o privado e o político, o espetáculo procura, de acordo com o encenador, “não pensar as questões de género e pós-coloniais em si, mas sim a forma como pensamos e vivemos essas questões em comunidade”.

 

Festa de 15 anos está longe de ser um pedido de desculpas aos povos ancestrais do Brasil, como tinha sido inicialmente a ideia de Diego Bagagal. Assume-se como um gesto de diálogo, através de um processo de cocriação entre duas consciências distintas – a da América Latina e a da Europa –, o espetáculo representa ainda uma homenagem aos Maxakali, um grupo indígena que habita no nordeste do estado de Minas Gerais, no Brasil.

 

No elenco que dá vida a esta festa que acabará tingida pela tragédia e pelo horror, somam-se talentos da representação nacional, como Albano Jerónimo, Jani Zhao, Diana Sá, ou Mafalda Lencastre. Festa de 15 Anos sobe ao palco do TeCA amanhã e sexta-feira, às 19h00; e no sábado e no domingo, as récitas têm início às 10h30. O espetáculo é para maiores de 14 anos. O preço dos bilhetes é de 10 euros.

O Teatro Nacional São João (TNSJ) é, desde 2007, uma Entidade Pública Empresarial, assumindo ainda a responsabilidade da gestão de mais dois espaços culturais da cidade do Porto: Teatro Carlos Alberto e Mosteiro São Bento da Vitória. O TNSJ é o único membro português na União dos Teatros da Europa (UTE), organização que congrega alguns dos mais importantes teatros públicos do espaço europeu, integrando o Conselho de Administração da entidade.