TeCA: Teatro da Palmilha Dentada apresenta O Burguês Fidalgo
A partir da obra de Molière escrita em 1670
TeCA: Teatro da Palmilha Dentada
apresenta O Burguês Fidalgo
Assinalando o arranque da temporada 2020/2021 dos espaços do Teatro Nacional São João, o espetáculo estreia-se na quinta-feira
“Passados 350 anos sobre a estreia da peça, faz sentido revisitar esta obra de Molière?”. Para o Teatro da Palmilha Dentada faz todo o sentido e é por isso que a companhia portuense abre a temporada 2020/2021 dos espaços geridos pelo Teatro Nacional São João (TNSJ) com a estreia de O Burguês Fidalgo. Escrito em 1670 em colaboração com Jean-Baptiste Lully, misturando danças e canções, o espetáculo vai estrear-se no Teatro Carlos Alberto (TeCA), na quinta-feira, dia 6 de agosto. Com dramaturgia e encenação de Ricardo Alves, a peça fica em palco até ao dia 23 deste mês.
“O meu sonho sempre foi fazer Molière. Até porque gosto de acreditar que ele seria dos poucos autores clássicos que não ficariam muito zangados por eu lhes assassinar o texto”, diz Ricardo Alves, antevendo que o público vai assistir a uma adaptação que parte da obra original do autor. Tendo como base a tradução feita em 1769 pelo Capitão Manoel de Sousa – escrita em português antigo e que obrigou o encenador a realizar uma “tradução” –, Ricardo Alves procurou transformar este clássico em algo que ele não é: atual.
“Nenhum clássico foi escrito para ser um clássico. Foram escritos para serem vistos no seu tempo. Embebidos da realidade da época”. É desta forma que o encenador expõe a sua vontade de adequar o espetáculo à realidade dos dias de hoje. Fazendo menção às questões estruturantes da comédia-balé de Molière, que se prendem com a crítica à sociedade e aos seus costumes e que por isso não se esgotam no tempo, a peça explora, através do humor que caracteriza os textos da companhia, a “nova realidade” de que tanto se fala na sequência da pandemia da Covid-19.
É desta forma que o Teatro da Palmilha Dentada abre um novo capítulo na sua longa história, apresentado pela primeira vez desde a sua fundação, em 2001, um texto de um autor dos cânones do teatro ocidental. Na sua revisitação, Ricardo Alves leva a palco 14 personagens – das 17 da obra original –, tendo ainda a audácia de apresentar cinco atos, dos quais um “não acontece” por não se encontrar relevância no mesmo, e um outro que é multiplicado em três versões distintas, vislumbrando assim uma crítica ao final escrito por Molière.
Resultando de uma coprodução Teatro Nacional São João e Teatro da Palmilha Dentada, O Burguês Fidalgo pode ser visto à quarta-feira e ao sábado, às 19h00; à quinta e à sexta-feira, às 21h00; e ao domingo às 16h00. Mantendo a sua estratégia de democratizar o acesso à fruição teatral aos públicos com necessidades especiais, a récita do dia 16 de agosto vai contar com tradução simultânea em Língua Gestual Portuguesa. Para esse dia está ainda programada uma conversa no final do espetáculo, promovendo um momento de interação entre aqueles que estão em palco e o público. O preço dos bilhetes para o espetáculo é de 10 euros.