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Cultura de Borla

A Cultura que não tem preço.

Terminada intervenção de recuperação da cozinha do Palácio Nacional de Sintra

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Terminou a obra de recuperação dos revestimentos interiores  da cozinha medieval do Palácio Nacional de Sintra. Os trabalhos decorreram ao longo de três meses e representaram um investimento total de cerca de 35.000 euros. A intervenção teve como principal objetivo minimizar as anomalias específicas do revestimento de azulejo do século XIX que cobre paredes, vãos, fogões e fornos, rebocos e outros elementos.

A intervenção permitiu garantir a estabilidade do revestimento azulejar, assim como a sua integridade física e aspeto visual, assegurando a boa conservação do espaço. Os trabalhos abrangeram também o tratamento de outros materiais (cerâmicos não vidrados, pedra e elementos metálicos, e rebocos caiados) que se encontram em contacto direto com os azulejos e que podem ser causadores de degradação sobre os mesmos.

A necessidade de intervenção surgiu com a verificação de fortes instabilidades no estado de conservação geral dos painéis de azulejo, que apresentavam também uma débil aderência parcial ao suporte de alvenaria. As decisões de restauro foram tomadas tendo em conta a manutenção da essência histórica de todo o espaço, limitando-se a substituição de elementos a casos pontuais de degradação extrema, por forma a evitar a perda de outros elementos originais.

A configuração exígua do icónico espaço tornou-se um dos principais desafios que surgiram ao longo dos trabalhos, dificultando o acesso às zonas de intervenção. Para reduzir ao máximo o impacto no percurso dos visitantes, a obra realizou-se em duas fases, cada uma correspondendo a uma das metades da cozinha. Respeitou-se, assim, o conceito “Aberto para obras”, que permite aos visitantes presenciarem de perto os trabalhos de salvaguarda e valorização em curso nos diversos monumentos e parques.

 

Contextualização histórica

A cozinha, que se ergue do lado nascente do Palácio Nacional de Sintra, foi edificada no âmbito das grandes transformações e alargamentos do Palácio que datam do período de reinado de D. João I (1385-1433), realizadas no primeiro quartel do século XV, e atribuídas ao mestre de pedraria João Garcia de Toledo.

Célebre pelas suas duplas chaminés monumentais, de 33 metros de altura cada, a cozinha foi dimensionada para grandes banquetes de caça. No interior, destacam-se as diversas fornalhas e dois grandes fornos, para além de uma estufa e um trem de cozinha em cobre estanhado, constituído por marmitas, peixeiras, panelas, tachos, caçarolas e frigideiras.

O revestimento das paredes em azulejo branco (finais do século XIX), que cobre praticamente todas as superfícies das cozinhas até aproximadamente 4,30 metros de altura, será contemporâneo da composição com as armas reais de Portugal e de Saboia aqui colocada em 1889, pertencente à rainha D. Maria Pia, a última soberana a habitar o Palácio.