Tudo a postos para a última semana dos 25 anos de Guimarães Jazz (até 19 novembro)
O Guimarães Jazz encerra este sábado, em apoteose, com a atuação da Charlie Haden’s Liberation Music Orchestra, sob a direção de Carla Bley. Contudo, outros grandes concertos estão reservados para a última semana do festival. De quarta a sábado, a 25ª edição do Guimarães Jazz recebe The Jamie Baum American-Polish Septet, Ambrose Akinmusire Quartet, Donny McCaslin Quartet, Adam Bałdych & Helge Lien Trio e, para fechar com chave de ouro, a Charlie Haden’s Liberation Music Orchestra.
O Guimarães Jazz regressa esta quarta-feira para a sua última semana de concertos. Nesta data, o palco do Grande Auditório do CCVF está reservado ao The Jamie Baum American-Polish Septet criado em 1999 como resultado da vontade da flautista e compositora Jamie Baum em compor para uma formação mais alargada, tendo para esse efeito convidado alguns dos mais reputados instrumentistas do circuito de jazz de Nova Iorque. No Guimarães Jazz, Jamie Baum atuará acompanhada de músicos com origens e formações muito distintas, entre os quais se incluem os norte-americanos Zack Lober e Jeff Hirshfield, o venezuelano Luis Perdomo e três instrumentistas provenientes da dinâmica cena jazzística polaca – o saxofonista Maciej Obara, o saxofonista e clarinetista Irek Wojtczak e o trompetista Tomasz Dabrowski.
A noite de quinta-feira pertence ao trompetista Ambrose Akinmusire, um dos mais destacados e promissores nomes da nova geração do jazz norte-americano, responsável por uma injeção de vitalidade e energia no jazz contemporâneo, abrindo os horizontes desta música e aproximando-a de um público tradicionalmente mais próximo da pop, do rock e do hip-hop. No concerto do Guimarães Jazz, Ambrose Akinmusire atuará em quarteto, acompanhado por três jovens músicos e seus habituais parceiros criativos. As complexas composições de Akinmusire encontram neste ensemble o veículo ideal de expressão do seu singular universo musical, cuja dimensão intensamente performática só pode ser realizada em pleno nas atuações ao vivo.
Na sexta-feira, o Guimarães Jazz tem como protagonista o Donny McCaslin Quartet. McCaslin é, neste momento, um dos nomes mais mediáticos do jazz contemporâneo, em parte por consequência da sua contribuição para a composição e gravação de “Blackstar”, o último álbum editado em vida por David Bowie. O Donny McCaslin Quartet editou recentemente um álbum, “Beyond Now”, inspirado pela experiência de trabalho da banda com David Bowie, pelo que é legítimo esperar que seja esse o elemento central do concerto do quarteto no Guimarães Jazz, naquela que será uma oportunidade do festival para homenagear um dos grandes músicos do nosso tempo.
No sábado, o festival tem agendado dois concertos para uma despedida em grande. Às 17h00, o palco pertence a Adam Bałdych & Helge Lien Trio, projeto que reúne alguns dos mais dinâmicos e promissores jovens músicos de jazz europeus da atualidade. Esta formação é o resultado profícuo da colaboração entre músicos de nacionalidades diversas e estilos musicais distintos empenhados em gerar ligações entre múltiplas sensibilidades musicais – o seu álbum de estreia, editado em 2015, intitula-se, muito apropriadamente “Bridges”. A música deste trio, emocionalmente intensa e profundamente melódica, constitui um esforço de adaptação de sonoridades do passado para uma linguagem assumidamente moderna e aberta até aos sons da pop e da música urbana contemporânea.
Na última noite do Guimarães Jazz, todos os holofotes se viram para o regresso da Charlie Haden’s Liberation Music Orchestra, fundada pelo já falecido Charlie Haden, que esteve presente no festival em 2006, e agora é liderada pela pianista Carla Bley. Fundada em 1969, a Liberation Music Orchestra é uma das mais importantes formações orquestrais da história do jazz. Após a morte de Charlie Haden, em 2014, a direção artística da orquestra foi integralmente assumida pela compositora e pianista Carla Bley, ela própria uma das figuras fundamentais do movimento do free jazz dos anos sessenta. A Liberation Music Orchestra regressa este ano ao Guimarães Jazz, desta vez inevitavelmente sem a presença tutelar de Charlie Haden, o qual no entanto estará presente no espírito musicalmente eclético e politicamente comprometido da música deste ensemble, formado atualmente por alguns dos mais importantes músicos do jazz contemporâneo (Tony Malaby, Chris Cheek, Steve Cardenas, Matt Wilson, entre muitos outros). Este concerto celebrará não apenas a memória de Haden, mas também a própria história do jazz e as lutas populares pela emancipação do homem e contra todas as formas de exploração, lutas nas quais a música desempenha e sempre desempenhará um papel fundamental.
Nesta última semana prosseguem também as atividades paralelas que caraterizam o Guimarães Jazz. As famosas jam sessions têm lugar no Café Concerto do CCVF após os concertos. As oficinas de jazz também decorrem no Centro Cultural Vila Flor, ao longo de toda a semana, sob a orientação da flautista Jamie Baum, do contrabaixista Zack Lober, do baterista Jeff Hirshfield e do pianista Luis Perdomo. Destaque ainda para a apresentação, esta terça-feira, às 22h00, do 2º capítulo do documentário “Uma História de Jazz”, cujo 1º episódio foi apresentado no ano transato, e que poderá ser novamente revisto. “Uma História de Jazz” é um documentário que pretende contar a história do jazz em Guimarães. Realizado e produzido por Cristina Marvão e a empresa ‘os fredericos’, não pretende ser um registo histórico, mas antes uma visão pessoal de quem tem histórias para partilhar sobre o festival, preservando assim uma memória que se quer coletiva.
Os bilhetes para os concertos do Guimarães Jazz podem ser adquiridos nas bilheteiras do Centro Cultural Vila Flor e da Plataforma das Artes e da Criatividade, bem como nas lojas Fnac e El Corte Inglês, entre outros pontos de vendas, e na internet em www.ccvf.pt e oficina.bol.pt.