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Cultura de Borla

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Um dia com três filmes de Leonor Teles

Um dia com três filmes
de Leonor Teles

 

Sábado, 30 de Novembro são exibidos três filmes de Leonor Teles: Cães que Ladram aos PássarosTerra Franca e Balada de Um Batráquio. O primeiro em sala, no Porto/Post/Doc, e os outros dois na RTP2.

A estreia nacional de Cães que Ladram aos Pássaros, o mais recente filme da realizadora, acontece às 21:30 de dia 30 de Novembro, no Porto/Post/Doc, durante a cerimónia de entrega de prémios do festival, no Teatro Municipal Rivoli, no Porto.

Com estreia mundial no festival de Veneza, esta curta-metragem acompanha os dias de Verão de Vicente e da sua família, obrigados a sair da sua casa no centro do Porto, por força da especulação imobiliária.

As aulas terminaram e sente-se uma azáfama no ar. Os turistas enchem as ruas e os cafés do Porto. O velho e decadente é agora vendido como ponto alto da gentrificação. Vicente pedala pela cidade montado na sua Órbita azul e observa a transformação urbana a cada dia que passa. O Porto já não é o mesmo e ele também não. Entre família e amigos, Vicente vive com expectativa os primeiros dias de férias, que trazem a promessa de mudança e a incerteza de uma vida nova.

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Terra Franca e Balada de um Batráquio na RTP2
Na mesma noite, um pouco mais tarde, Balada de um Batráquio Terra Franca são exibidos na RTP2, às 23:15 e 23:30, respectivamente.

Terra Franca (2018) - primeira longa-metragem da realizadora - acompanha durante um ano a vida de Albertino Lobo, um pescador de Vila Franca de Xira.

À beira do Tejo, numa antiga comunidade piscatória, um homem vive entre a tranquilidade solitária do rio e as relações que o ligam à terra. Terra Franca retrata a vida deste pescador, atravessando as quatro estações que renovam os ciclos da natureza e acompanham as contingências da vida de Albertino Lobo.

Sobre o filme, Leonor Teles refere “nasci e cresci em Vila Franca. Aqui conheci este homem; um pescador. Lobo nasceu num barco e talvez seja essa a razão da sua profunda relação com o rio. Importa revelar este homem, Albertino Lobo, na sua essência simultaneamente simples e enigmática; um homem com uma vida dura que se encontra em pleno ciclo de mudança. Mais que fazer um filme etnográfico sobre a tradição piscatória, queria mostrar estas pessoas – Lobo e a sua família. Interessou-me ainda explorar a relação que Lobo tem com os seus lugares íntimos, em particular com o rio. A água é claramente o seu elemento, existe um encontro consigo próprio e uma pertença quando se encontra nesse espaço. Fascina-me esse equilíbrio. De como a sua solidão se encaixa no mundo. Por contraponto, existe a dimensão familiar que se encontra em terra e está fortemente ligada à cidade”.

Com estreia mundial no Cinéma du Réel Festival Internacional de Cinema Documental, onde se sagrou vencedor do Prémio SCAM, Terra Franca recebeu outros prémios, nomeadamente Melhor Longa-metragem de Ficção no Festival Caminhos do Cinema Português (2018), Prémio para a Melhor Primeira Obra Internacional, no Festival Internacional de Cine de Mar del Plata, Prémio Escolas – Prémio ETIC para Melhor Filme da Competição Portuguesa, no Doclisboa 2018, e algumas menções especiais

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Em Balada de um Batráquio (2016) – curta-metragem vencedora do Urso de Ouro no Berlinale International Film Festival, entre outros prémios (Melhor Curta Metragem no festival de Hong Kong, no festival de Belo Horizonte, Prémio Revelação no Caminhos do Cinema Português, etc.) – a realizadora foca-se na tradição de colocar sapos de loiça em espaços comerciais como forma de afastar os ciganos.

Tal como os ciganos, os sapos de loiça não passam despercebidos a um olhar mais atento. Balada de um Batráquio surge assim num contexto ambíguo. Um filme que intervém no espaço real do quotidiano português como forma de fabular sobre um comportamento xenófobo.

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