WOZEN INAUGURA ESTÚDIO-GALERIA COM COLETIVA “FLECHA”
Situado na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa, o espaço multidisciplinar reúne nomes de diferentes gerações, nacionalidades e estilos em sua mostra de abertura. Até o dia 12/07.
Em meio às atividades da chamada Noite dos Museus e à realização da ARCOLisboa, a Wozen Estúdio-Galeria abriu as portas para apresentar a sua proposta multidisciplinar e, é claro, sua primeira exposição -> a coletiva “Flecha”, aberta ao público até o próximo dia 12/07. Instrumento primitivo, sinal elementar e símbolo de força, a flecha mostra-se presente na maioria das culturas e aqui, neste caso, cruza o espaço como uma espécie de panorama artístico paralelo, no qual os trabalhos apresentados vão de encontro a uma rica diversidade de estilos e ao consequente diálogo. Trata-se de um traço contínuo entre distintas propostas, nacionalidades e gerações, um encontro de diferentes artistas que, de modo geral, trazem o elemento urbano como alvo em comum, tendo as ruas como suporte, plataforma ou fonte de inspiração - com Bettina Saboia (BRA), Claude Charlier (FRA), David Petroni (ARG), João “Samina”, “Murta”, Regg Salgado, Rique Inglez (BRA), Tomás Toste e “Violant”. * Abaixo, confira a descrição de cada artista.
Seguindo a filosofia “work in progress” defendida pelo estúdio-galeria, a exposição “Flecha” - mais do que quadros pendurados na parede - mostra-se em constante movimento, seja com a finalização de uma grande instalação aberta ao público, a pintura ao vivo de uma tela de grande escala ou com uma série de workshops ministrados pelos próprios artistas envolvidos. Neste caso, o objetivo é dar vida à mostra, aproximar os artistas presentes do público e desmitificar os trabalhos apresentados. Trata-se de uma mostra para ver, rever, acompanhar e, se possível, indicar aos amigos. Impossível passar batido.
WOZEN - A partir de um ideal coletivo e de uma libertária interpretação do “manifesto para cidadania mundial” (WOrldcitiZENship), no qual afirma-se que todo o individuo, em sua condição de ser humano livre, possui o direito de habitar qualquer lugar do planeta - uma real e harmoniosa aldeia global -, a Wozen assume-se como um território dedicado à pluralidade artística e ao seu essencial diálogo. Um espaço de fomento, de encontro e de disseminação da arte como um todo. Um estúdio-galeria vivo, multidisciplinar e, literalmente, sem fronteiras – residências, exposições, workshops e estúdio de tatuagem. Wozen!
SERVIÇO “FLECHA” Rua das Janelas Verdes, 128 B. Lisboa, Portugal. Até 12/07. Entrada livre (presença obrigatória) Ter. a Qui., 11h às 20h. Sex. e Sáb., 11h às 22h. Dom., 13h às 19h. Visitas agendadas: hello@wozenstudio.com
Bettina Saboia (BRA) - Tubos de PVC, conexões, canos, fios, conduítes e mangueiras. O conceito artístico apresentado por Bettina Saboia provém de um inexplicável fascínio e de uma literal apropriação destes simples materiais, que, desprovidos da premissa invariável de suas funções, assumem protagonismo na condição de esculturas. Com uma série intitulada “Portugal”, amadurecida a partir das experiências absorvidas em terras portuguesas, a artista carioca apresenta seus diferenciados circuitos, que, em vez de se limitar ao hidráulico ou ao elétrico, confrontam o espaço, despertam sentidos e acabam por tocar as pessoas – o que acaba justamente por diferenciar a arte de um mero objeto.
Charlier Claude (FRA) é um artista francês multifacetado, um renomado fotógrafo editorial e um dos principais remanescentes da pop art, reconhecido principalmente por sua inconfundível série hiper-realista de latas amassadas. Mas, antes de tudo, Claude é um Wozen, um cidadão do mundo. Radicado nos USA, onde se mantém ativo, o artista de origem francesa iniciou sua peculiar história com as latas na capital japonesa, onde chegou apenas com uma mala de mão a fim de desbravar a cultura oriental. Na ocasião, sem falar uma palavra em japonês, o então jovem explorador francês enfrentou tempos difíceis até encontrar inspiração nas latas que colhia nas ruas - as mesmas que, atualmente, rodam o mundo como telas e são expostas pela primeira vez em Lisboa.
David Petroni (ARG) - Em uma plausível "tour" pela Europa, iniciada com um imponente mural na GAP da Quinta do Mocho – a pintura de um prédio de cinco andares em dois dias -, o artista argentino exibe sua abstrata e singular mistura de cores, volumes e dimensões - uma linha que, sob a influência da cultura primitiva e da botânica em geral, passou a explorar ainda em 2008. Em paralelo a sua passagem pela França (LeMur), Itália (Publlica), Polonia e Espanha, além de outros países de passagem, Petroni "regressa" à capital portuguesa com um tela elaborada especialmente para ocasião e uma série de serigrafias desenvolvida por ele mesmo em Buenos Aires – obras que, no mínimo, valem ver de perto. Uma honra, hermano!
João SAMINA - Com uma inconfundível mistura entre stencil e geometria, conceito amadurecido entre as ações nas ruas e a formação em arquitetura, João Samina aparece com um dos principais destaques no atual panorama da arte urbana em Portugal – vide suas últimas obras em Cascais, Covilhã e Coimbra, a mais recente delas. Além das pinturas em terras portuguesas, o menino-prodígio da Quinta do Anjo também conta com passagens de destaque pela Índia, Itália e Rio de Janeiro, sua segunda casa. Nesta coletiva, junto a uma intervenção no próprio espaço, SAMINA apresenta parte dos trabalhos expostos em sua primeira individual – “Tessellate”, realizada recentemente em Amsterdam.
MURTA - O meu corpo é um jardim botânico. Com uma pintura situada entre o orgânico e o visceral, a artista Teresa Costa Gomes, mais conhecida como MURTA, apresenta aqui uma até então inédita linha de trabalho – um experimento mais ligado à sobreposição de camadas do que as “entranhas” que costumavam a caracterizar suas obras nas ruas e nas telas. Trata-se de uma jovem e talentosa artista portuguesa que, pelo visto, não se contenta com peluches da zona de conforto. Experimenta, esmiúça, desconstrói, vai às ruas e além… ninguém segura essa miúda!
Regg Salgado - Com um traço inconfundível e resistente a qualquer escala, de telas menores a imensos murais, o artista português Regg Salgado, além de reviver alguns clássicos trabalhos de 2014, ainda traz duas telas com sua mais recente “linha” de trabalho - uma proposta fascinante e extremamente intima. Neste caso, junto a uma grandiosa instalação – com a mesma pintura realizada no festival MURO -, a pintura até então precisa rompe dimensões e parte ao (meio) encontro do público, num jogo de teias capaz de envolver e ludibriar o olhar de acordo com sua posição.
Rique Inglez - Após especializar-se em ilustrações na pele, a tatuagem também acabou por marcar seu universo criativo e, a partir desta natural combinação, Rique Inglez traçou um conceito particular e ampliou sua esfera de “suportes”, atuando tanto nas paredes e telas como nas costas, braço ou qualquer outra parte do corpo. Apaixonado pelas linhas retas e atento até o último detalhe, o gémeo virou referência no Rio de Janeiro com uma simples receita (para ele): elementos figurativos e geometria. Em sua mais recente série, produzida em Lisboa, Rique esbanja em novas técnicas, formas e cores – uma viagem! Tomás Toste - Natural da ilha Terceira, nos Açores, Tomás Toste cursou Artes Plásticas na Escola Secundária e, atualmente, aos 20 anos, encontra-se no último ano da licenciatura em Artes Plásticas e Multimédia no Instituto Politécnico de Santarém. Trata-se de um jovem promissor, talentoso e dedicado que, quando não está na faculdade, sempre está a produzir novos trabalhos ou a pensar em murais de grande escala. Tendo a pintura como sua principal especialidade, Tomás destaca-se com desenhos hiper-realistas e uma clara afinidade pela anatomia humana – um olhar de fora para dentro.
Violant - Com cerca de 20 murais de grande escala realizados nos últimos dois anos, justamente quando deixou o mestrado nas Calda da Rainha, João Mauricio “Violant” botou a vila de Riacho no mapa da arte urbana em Portugal e, nas ruas, roda o país em busca da próxima batalha. Trata-se de um cada vez mais reconhecido muralista que, em sua primeira passagem por uma galeria, ligeiramente adaptada ao seu “estilo de vida”, assume o desafio de criar algo específico para o espaço. É aguardar e ver (de perto) a fera em ação. A ação está programada!