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Cultura de Borla

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Zélia Mendonça em residência artística na zet gallery | artista brasileira lança livro retrospectivo

ARTISTA BRASILEIRA ZÉLIA MENDONÇA

EM RESIDÊNCIA ARTÍSTICA NA ZET GALLERY

 *Lançamento de livro retrospetivo agendado para dia 18

  *Livro foca na mudança como processo de arrumação de ideias e da vida

 

A artista brasileira Zélia Mendonça encontra-se em residência artística na zet gallery, em Braga, onde apresentará no próximo dia 18 de Setembro, às 18 horas, o livro retrospectivo “Zélia Mendonça_senhora das mudanças”, coordenado por Helena Mendes Pereira, directora e curadora da galeria. A par do lançamento da obra, a artista terá em exposição um conjunto de obras desenvolvidas no âmbito daquela residência artística e apresenta, no dia 25,  a exposição individual "IMPÁVIDA ESSÊNCIA", no Fórum Cultural de Cerveira. No mesmo dia,  às 21 horas, estará no Espaço Quadras Soltas, na Miguel Bombarda, no Porto, para dar a conhecer o novo livro que tem como mecenas a empresa brasileira MENFE.

Aos 58 anos de idade, em 2015, Zélia Mendonça decidiu mudar, largar a vida de empresária de sucesso e dedicar-se, em exclusivo, à  prática artística com que pautava  os seus intervalos desde sempre. A busca incessante da mudança é, de resto, uma característica basilar daquela mulher cuja história se faz na procura de novos espaços para morar, novas formas de se reinventar, tendo da mudança um processo de arrumação das ideias e da vida.” Quando a artista me propôs, como título deste livro, este “senhora das mudanças” identifiquei nela uma inquietude que se reflecte também, ao longo destes anos sempre marcada pela produção em séries que se distinguem, não apenas pelas temáticas, mas também pelas tecnologias e materiais de actividade artística”, sublinha Helena Mendes Pereira, curadora da zet gallery e responsável pela coordenação da obra, que reúne textos de curadores e críticos de arte e imagens representativas das obras que Zélia Mendonça criou ao longo da vida.

A obra reflecte um desejo de libertação dos estereótipos e, sobretudo, “das expectativas que se criam sobre a Mulher e sobre a sua condição de matriarca encerrada nas quatro paredes da responsabilidade da manutenção do lar, da harmonia da família, que se acumula com o trabalho, em muitos casos, que nutre o básico de todo o agregado”, assinala, adiantando ainda que  “a essa libertação, a artista brasileira associou outra pela escolha primeira dos materiais e tecnologias, tradicionalmente associados ao quotidiano feminino da casa e do lar e à prisão das mulheres que cuidam, sem serem cuidadas, como imposição social mais ou menos transversal ao mundo em que vivemos”.

Zélia Mendonça é o caso daquelas pessoas que esperam o tempo possível para viverem a vida na plenitude da concretização de todos os sonhos. Na expressão artística, recorre a tecnologias e materiais ancestralmente vinculados ao feminino e ao doméstico, como o têxtil ou a cerâmica, e constroem a base plástica e conceptual da sua produção. Na profusão da utilização massiva de rendas e bordados, botões, alfinetes, bijuterias, partes de manequins de vitrine, Zélia Mendonça desenvolveu uma linguagem plástica forte, de paleta rica e de uma complexidade semiótica em que se fundem memórias com um conjunto de preocupações que a artista manifesta, nomeadamente, com o seu país. Aborda temáticas como a da colonização e da exploração do Brasil por terceiros e pelos seus próprios gestores, num tempo conceptual que começa nos Descobrimentos, até à actual catástrofe na Amazónia. Nas indagações pela pintura, plasmou questões de identidade e território, de que se destaca a série recente dedicada à temática dos indígenas. A produção de Zélia Mendonça, diversificada nos suportes, privilegia uma dimensão eminentemente instalativa e participativa, convidando o público a experimentar a pele do outro.

A obra “Zélia Mendonça_senhora das mudanças” é assim “uma proposta de reflexão de uma artista que se atira ao mundo, é o grito de mais uma mulher mas não de uma mulher qualquer, mas de uma daquelas sem medo do fim do mundo, disponível para todas as mudanças e adaptações. É, simultaneamente, pela plasticidade e pelas mensagens que a obra de Zélia Mendonça tem já o seu lugar no nosso tempo, se reveste de actualidade, não negando herança mas perspectivando futuro”, conclui Helena Mendes Pereira.